sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Coluna Infinitum - O modelo de Filolau




O Modelo de Filolau

Adriana Oliveira Bernardes
Mestre em Ensino de Ciências - UENF

Após a contribuição da Escola Jônica — na qual se destacaram filósofos como Tales, Anaximandro, Anaxímenes e Heráclito — surgiram também os filósofos pitagóricos. Nesta Escola, destacaram-se os filósofos Pitágoras, Filolau, Arquitas, entre outros.

A Escola Jônica surgiu em Mileto, cidade da Jônia, e a Escola Pitagórica, em Crotona, cidade da Magna Grécia — que mais tarde viria a se tornar a Itália.

No mapa abaixo, observamos o mapa da Grécia Antiga, formada por várias cidades-estados. A organização política dessas cidades e o comércio intenso na região — o que provocava também a troca de ideias — certamente contribuiu  para o surgimento da Filosofia.

Mapa da Grécia Antiga

É bom relembrarmos, que os jônicos acreditavam que os fenômenos terrestres surgiam a partir de elementos primordiais, tais como: o fogo, a água, o ar e a terra. Tales, que ficou conhecido como o primeiro filósofo, acreditava que a água era o elemento fundamental, dando origem a todos os outros. Já Anaximandro trouxe como contribuição o apéiron, discutindo a ideia do ilimitado, algo não definido, que seria a semente do quente e frio, ou seja, de opostos. E Anaxímenes adotava como princípio fundamental o ar, a partir do qual todas as coisas eram criadas.

Podemos observar que as ideias dos filósofos diferiam uma das outras  e eram diversificadas, sendo que as discussões destas ideias eram estimuladas. As diferenças entre as ideias de jônicos e pitagóricos eram significativas, pois enquanto os primeiros acreditavam que os elementos ar, fogo, terra e água eram responsáveis pelos fenômenos observados no universo, os pitagóricos acreditavam que havia algo que vinha antes destes elementos  e que agia sobre eles — “a alma”, aqui compreendida com um sentido diferente daquele hoje existente.

Na figura abaixo, o símbolo dos pitagóricos:

Símbolo dos pitagóricos

Os pitagóricos, além de introduzir a Matemática na ciência, influenciaram os modelos cosmológicos que surgiram depois. Um dos modelos elaborados pelos pitagóricos, o modelo de Filolau, chama atenção. Filolau, chamado Filolau de Crotona, cidade da antiga Grécia, especificamente da Magna Grécia, nasceu no século V a.C e se destacou entre os pitagóricos pelo modelo cosmológico que elaborou.

Filolau de Crotona, discípulo de Tales

Filolau elaborou um modelo no qual o centro do universo era o fogo central, chamado Héstia. Ao redor dele, giravam a Contra-Terra, a Terra e os planetas conhecidos na época, além do Sol e da Lua.
Existia, segundo ele, a Terra e a Contra-Terra, o que fazia com que o fogo central não pudesse ser visto pelos seres humanos.  A ordem dos planetas ao redor do fogo central era: Contra-Terra, Terra, Lua, Sol, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, havendo uma esfera na qual localizavam-se as estrelas fixas.

No modelo de Filolau, a Terra era esférica e não estava no centro do universo. Esta ideia foi retomada muito tempo depois por Copérnico, que também não tinha a Terra no ponto central do universo e sim o Sol.

Na figura abaixo, o modelo cosmológico de Filolau:



O modelo cosmológico de Filolau foi o mais importante da Escola Pitagórica, influenciando outros modelos que viriam depois, como o de Eudoxo de Cnido, que elaborou o modelo cosmológico das esferas homocíclicas.

Sugestão de leitura:
A Ciência Grega
www.disciplinas.stoa.usp.br/mod/resource/view.php?id=88260

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Prêmio em Fruticultura

Doutora formada pela UENF ganha prêmio por pesquisa que tem por objetivo controlar o avanço de virose que afeta a produção de maracujá

Um das maiores limitações para a produção de maracujá no país é a chamada “virose do endurecimento dos frutos”, causada pelo CABMV (Cowpea aphid-borne mosaic vírus). Com um trabalho de pesquisa voltado para a obtenção de genótipos resistentes à doença, a doutora em Genética e Melhoramento de Plantas pela UENF Eileen Azevedo Santos foi a vencedora do Prêmio Jovem Cientista em Fruticultura 2014, na categoria “Doutor”.

Intitulado “Resistência ao Cowpea aphid-borne mosaic virus em espécies e híbridos de Passiflora”, o trabalho é uma parte da tese de doutorado de Eileen, que teve a orientação do professor Alexandre Pio Viana, do Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal (LMGV) da UENF. A pesquisa de doutorado deu início ao programa de melhoramento do maracujazeiro-azedo, a partir do cruzamento das espécies P.edulis e P.setacea.

— A obtenção de variedades de maracujazeiro-azedo resistentes à virose do endurecimento dos frutos é um objetivo que pretendemos alcançar a médio prazo — afirma.

Relatada pela primeira vez no Brasil no final de década de 1970, a virose do CABMV tem acarretado graves prejuízos aos produtores de maracujá do país, como redução da produção, da área cultivada e da longevidade do pomar. As plantas acometidas pela virose apresentam mosaico foliar (manchas nas folhas), frutos com pericarpo (parte do fruto entre a casca e as sementes) endurecido e grande redução da polpa. 

Eileen ao lado do seu orientador, professor Alexandre Pio
— As medidas de controle até o momento não foram efetivas o suficiente para controlar ou erradicar a doença dos pomares comerciais. Como não há controle químico, a obtenção de fontes de resistência genética tem sido prioridade nos programas de melhoramento do maracujazeiro-azedo no Brasil — diz Eileen.

Em sua pesquisa, ela confirmou a existência do CABMV em Campos dos Goytacazes (RJ) e avaliou a resistência ao vírus em 178 genótipos de maracujá constituídos por híbridos interespecíficos e seus genitores (P.edulis e P.setacea). Ela também estimou parâmetros genéticos visando à obtenção futura de cultivares de maracujazeiro-azedo resistentes ao vírus. 

— A pesquisa nos permite concluir que as plantas híbridas consideradas resistentes poderão ser selecionadas e recombinadas com os genótipos de P. edulis e, novamente, avaliadas para a confirmação da resistência ao CABMV, dando continuidade ao programa de melhoramento visando à resistência a este vírus. Os resultados obtidos com esse trabalho avançam para um possível controle do CABMV (via resistência genética) na cultura do maracujazeiro no Brasil — conclui Eileen.

Fúlvia D'Alessandri