segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Plantas medicinais

Glória, no 'Café com Ciência': respeito ao conhecimento popular
Como parte do Laboratório de Fitotecnia (LFIT) do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), o setor de Plantas Daninhas e Medicinais desenvolve atividades de pesquisa, ensino e extensão com plantas classificadas nas categorias “daninhas” e “medicinais, condimentares e aromáticas”, visando desenvolvimento de subsídios científicos de interesse ao manejo agrícola.
A engenheira agrônoma Glória Cristina da S. Lemos é responsável pela supervisão da linha de pesquisa “Manejo de culturas, plantas daninhas e medicinais”, e explica que as plantas medicinais são uma das categorias das plantas bioativas, sendo aquelas que apresentam alguma ação terapêutica sobre humanos ou animais.

- Quando a atividade biológica de uma planta sobre outros organismos, inclusive sobre plantas, resulta da liberação direta dos princípios ativos no ambiente, então podem ser classificadas como alelopáticas, cujo interesse de uso geralmente é biocida – diz Glória, que participou, em 22/11/12, da segunda edição do “Café com Ciência”, que promove o encontro entre cientistas e jornalistas, na UENF.

A linha de pesquisa é coordenada pelo professor Silvério de Paiva Freitas, atual reitor da UENF, de cuja equipe também participam bolsistas de graduação, de pós-graduação e da Universidade Aberta.

Etapa no processamento do material em laboratório
Em cerca de dez anos de pesquisa foram desenvolvidos 14 projetos. Dentre eles destacam-se “Estudo de plantas bioativas para sustentabilidade agroambiental com Eupatorium maximilianii Schrad”, “Interações plantas bioativas e ambiente”, “Tecnologias de baixo impacto ambiental para produção vegetal de interesse para biocombustível” e “Manejo orgânico de capim-limão”. Todos reúnem subsídios que apoiam as produções científicas e o desenvolvimento de atividades sustentáveis que envolvem a produção vegetal.

Os grupos de plantas estudadas são divididos de acordo com os fatores mercadológicos e de manejo. Segundo Glória, muitas plantas medicinais também são utilizadas como matéria-prima para diversos produtos, de modo que uma mesma espécie vegetal pode ser classificada em diversos categorias conforme sua finalidade de estudo ou de exploração econômica.

- O eucalipto, por exemplo, é muito utilizado nas indústrias de madeira, papel e aromatizantes, além das indústrias farmacêuticas – diz Glória, afirmando que cerca de 25% dos medicamentos farmacêuticos convencionais apresentam princípios ativos de origem vegetal.

A pesquisa também abrange projetos de extensão desde 2005, quando foi inaugurado o “Herbário Vivo – Horto Medicinal Orgânico: Interando Comunidade e Universidade”, que implantou uma coleção de plantas medicinais e se desenvolveu junto às comunidades rurais das regiões norte/noroeste do Estado do Rio de Janeiro, apoiando a agricultura familiar visando melhorias na qualidade de vida do agricultor.

- A inclusão da agricultura familiar nos arranjos produtivos norteia as políticas públicas brasileiras relacionadas a plantas medicinais, principalmente nas comunidades de assentados da reforma agrária – afirma Glória, que reconhece a importância do conhecimento popular e critica a forma como o assunto é abordado na mídia. Em sua opinião, muitos veículos de comunicação mostram os benefícios das plantas, mas não trazem explicações mais elaboradas; ou às vezes tratam informações de origem tradicional de forma alarmante, o que pode desagregar o patrimônio cultural de grupos sociais com valores conservados, que também são alvo das políticas mundiais sobre plantas medicinais para a ciência e o bem-estar social.

Rebeca Picanço

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