sexta-feira, 17 de maio de 2013

Capim para energia: UENF apresenta resultados

Erik no campo experimental
O capim-elefante, mais conhecido pelo uso em pastagem, até pouco tempo atrás servia apenas para a alimentação do gado. Porém, estudos realizados com a planta mostram que seu potencial de produção de energia é três vezes maior frente às demais espécies de gramíneas, devido ao grande porte e a produzir muita massa. Além disso, é renovável com rápido crescimento, baixo custo e alta produtividade, portanto é uma grande fonte de rentabilidade. Esta foi a constatação de um estudo realizado por Erik da Silva Oliveira durante seu doutorado em Produção Vegetal pela UENF, sob orientação do professor Rogério Figueiredo Daher e coorientação do professor Niraldo José Ponciano, ambos do Laboratório de Engenharia Agrícola do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da UENF.

A pesquisa avaliou características de seis genótipos de capim-elefante (Cubano Pinda, Mercker Pinda, Mercker 86 México, Cameroon Piracicaba, Guaçu IZ-2 e Roxo Botucatu) em função de diferentes dosagens de adubação química, além de analisar a viabilidade econômica para fins energéticos em Campos (RJ). Dentre as espécies estudadas, o que obteve melhor desempenho foi o Cameroon Piracicaba, sem considerar o fator custo. Entretanto em termos de maior rentabilidade e menor custo (adubação nitrogenada), o genótipo que se destacou foi o Guaçu IZ-2. Segundo Erik, existe perspectiva de bons negócios no plantio do capim para pequenos proprietários de terras.

— A utilização do capim-elefante na forma de lenha é mais vantajosa, pois permite uma colheita anual e, por ser perene, não exige replantio e também não é preciso ter gastos com formação de nova área de produção. Além disso, sua produtividade é bem maior e ainda pode ser utilizado para os mesmos fins que o eucalipto. — explicou.

No estudo realizado, os pesquisadores tiveram resultados distintos de cada um dos genótipos para as diferentes doses de nitrogênio, assim como, dentro de cada uma das doses, obtiveram respostas de produtividades diferentes para cada genótipo. Os genótipos Cameroon Piracicaba e Guaçu IZ-2 se destacaram por produzirem respectivamente 58 e 40 toneladas de matéria seca no primeiro corte, com base em maiores doses de nitrogênio. Porém, o Guaçu IZ-2, em termos de adubação, obteve 44,10 toneladas de matéria seca por hectare, o que corresponde a 72,33% da produção do genótipo Cameroon Piracicaba. Dessa forma, a pesquisa constatou que seria melhor plantar mais hectares do tipo Guaçu IZ-2, pois em termos de produtividade seria mais viável.

Reciclagem de CO2

Para o orientador da pesquisa, professor Rogério Daher, tudo indica que em longo prazo o capim-elefante será uma das alternativas energéticas mais seguras devido à preocupação ambiental e também pela oportunidade de desenvolvimento regional.

— A queima desenfreada de petróleo contribui para o efeito estufa e ameaça o equilíbrio do clima da Terra. Como a queima de biomassa só recicla CO2 retirado da atmosfera através da fotossíntese, muitos países já vêm buscando essa fonte alternativa de energia — disse.

Erik relata que a cidade tem, aproximadamente, 120 cerâmicas que podem vir a usar este tipo de capim como combustível principal em suas olarias, reduzindo os custos de produção e aumentando a lucratividade deste setor industrial, além da geração de novos empregos que favorecem para o crescimento do município.

No processo de produção, primeiramente o capim plantado é cortado e secado naturalmente, em seguida é levado até a usina e através de esteiras, é conduzido às caldeiras, onde é queimado.

— Transformando o capim em lenha, é possível substituir a madeira extraída de forma predatória de florestas nativas, evitando assim, danos ambientais como devastação das florestas, erosão, assoreamento e morte de diversos rios. Pela alta produtividade de matéria seca, ele é utilizado na fabricação de tijolos e telhas em olarias no município através da queima direta na forma de lenha — afirmou Erik.

Empreendimentos do Norte Fluminense já aplicaram a técnica em busca de novas tecnologias de energia sustentável. A Cerâmica União, situada em Poço Gordo, foi a pioneira no investimento do capim-elefante como forma de energia alternativa em Campos dos Goytacazes.

Este capim pode ser utilizado na substituição da lenha de eucalipto não só em cerâmicas, mas também em outras atividades industriais, tais como siderúrgicas, metalúrgicas, laticínios, frigoríficos, usinas de açúcar e álcool, usinas de cimento, secadoras de grãos e indústria de base previstas para o complexo industrial Porto do Açu.

Termoelétrica já usa

A primeira usina termoelétrica do Brasil a produzir eletricidade a partir da queima do capim-elefante foi a Sykue Bioenergya Eletricidade, localizada na pequena cidade baiana de São Desidério, a cerca de mil quilômetros de Salvador. Em funcionamento desde 2010, a usina tem capacidade para gerar 30mw por hora, quantidade que consegue atender a uma cidade de 30 mil habitantes.

O capim-elefante é comprovadamente de origem tropical e se adapta bem às condições da maioria das regiões brasileiras. Atualmente é uma das forrageiras mais difundidas em todo o país. Foi introduzido no Brasil por volta de 1920, por meio de mudas provenientes de Cuba. Na região Sul, no período do inverno, o desenvolvimento é quase estático. Também na época da seca (junho a setembro), nos estados do Centro, a vegetação é paralisada, diminuindo o ritmo de crescimento e o respectivo rendimento. Nos estados do Norte e Nordeste, seu comportamento é ótimo nas zonas menos secas, ou seja, no litoral.

— O limite de produtividade do capim elefante encontrado na literatura está em torno de 50 a 70 toneladas de matéria seca por ano. Os resultados da minha pesquisa indicaram que os limites de produtividade mediante adubação nitrogenada de cobertura e sem irrigação variaram em função dos diferentes genótipos utilizados — concluiu Erik Oliveira.

Thaís Peixoto

Um comentário:

  1. Meu Deus honra e gloria só pertencem a ti. Muito obrigado por mais essa conquista.

    ResponderExcluir