sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Coluna Nutrição: As bananas na alimentação humana




As bananas na alimentação humana


Luiz Fernando Miranda e Karla Silva Ferreira


A banana (Musa spp) é a fruta de maior aceitação mundial e nacional. No mundo, a produção anual é de 70,6 milhões de toneladas, produzidas principalmente pela índia, Brasil, China, Equador, Filipinas, Indonésia e México.  No Brasil, segundo a Embrapa, produz-se 7,3 milhões de toneladas por ano, sendo as regiões sudeste e nordeste as maiores produtoras.  Os brasileiros são os maiores consumidores mundiais de banana, principalmente as variedade prata e nanica. As variedades nacionais de banana são: Prata, Pacovan, Prata Anã, Maçã, Mysore, Terra, D’Angola, Nanica, Nanicão, Grande Naine, Ouro, Figo e Caru.

Com o advento do melhoramento genético, tem sido produzido um número maior de variedades de banana mais fáceis de serem cultivadas. A partir desta fruta pode-se elaborar diferentes subprodutos, como purê, banana em calda, bananada, banana passa, farinha, geléia, licor, vinho, vinagre, fruta cristalizada, suco e até álcool etílico. A banana poderia ser mais barata aos brasileiros se não fosse o alto grau de perda desde a produção até o transporte. Segundo a Embrapa, cerca de 40% do que é produzido é perdido até a chegada da fruta ao consumidor. Grande parte dessa perda deve-se à forma inadequada de transporte da fruta.

A banana é uma pseudobaga de polpa macia e casca consistente. Os pontos pretos na fruta são resquícios dos óvulos não fecundados e as linhas brancas são resquícios dos vasos condutores de seiva. A fruta não apresenta semente porque a seleção genética feita pelo homem a eliminou, assim como também existe melancia sem semente. Quando cortada ou descascada, a banana inicia o processo de escurecimento, devido às enzimas polifenoloxidase e peroxidases que, em contato com o oxigênio do ar, formam compostos escuros que causam seu escurecimento. Entretanto, até o momento, nada foi associado ao consumo destes compostos e doenças.

A banana é um alimento nutritivo, rico em algumas vitaminas e minerais, conforme mostrado na tabela abaixo.  Em geral, as bananas são ricas em carboidrato, fibra, potássio (contém teor equivalente a 8% da recomendação diária de magnésio, 4700 mg), manganês (18-37% da recomendação), cobre (7-12%) e vitamina C (5,2-19%). Mesmo sendo muito nutritiva, o consumo excessivo de banana deve ser evitado para não causar ganho de peso corporal (alimento muito energético). Em função de esta fruta apresentar baixo a médio índice glicêmico (dependendo da banana), bem como os tipos de carboidrato e quantidade presentes, a ingestão da mesma antes e pós-exercício físico pode ser boa estratégia nutricional para fornecimento de energia e recuperação muscular. Para melhor adequação da dieta, procure auxílio de nutricionista.

Nas bananas há também a presença de compostos bioativos, como aminas biogênicas, polifenóis, fitoesteróis e carotenóides. No que tange aos polifenólicos, na polpa e na casca existem o ácido gálico, catequina, antocianinas, epigalocatequina, galocatequina, epicatequinas e taninos, na quantidade total de 7-45 mg/100 g da polpa. A ingestão destes compostos tem associação com prevenção de doenças, como as inflamatórias, cardiovasculares, câncer e diabetes.

Sobre os flavonóides, foram detectados na fruta 2,2 mg/100 g de polpa. No Brasil, estima-se que a ingestão destes compostos seja de 60-106 mg diárias. Ou seja, isto evidencia que a banana não deve ser a principal fornecedora destes antioxidantes, já que a quantidade não é tão expressiva, e para a melhor ingestão destes compostos, a alimentação deve ser variada e ser rica em outros vegetais.




A banana também é fonte de carotenóides. Os carotenos identificados foram: luteína, β-caroteno, α-caroteno, violaxantina, auroxantina, neoxantina, isoluteina, beta-criptoxantina e alfa-criptoxantina, totalizando 93 à 636 mcg de carotenóides em 100 g da polpa fresca. No Brasil, identificou-se nas cultivares teor 319,6 mcg de carotenóides, prevalecendo a luteína (150 mcg em média). O consumo de alimentos ricos em carotenóides melhora a imunidade e reduz o risco de doenças, como câncer, neurodegenerativas, diabetes e problemas cardíacos.

A casca de banana e a polpa contêm aminas biogênicas, como serotonina, dopamina e norepinefrina. O teor de serotonina encontado nesta fruta situou-se na  faixa de 8 a 50 mcg/g (média de 28 mcg/g). A serotonina contribui para melhora da sensação de de bem-estar e felicidade. Ainda não se sabe o quanto isto contribui de forma significativa para a melhora do bem-estar.

A banana também apresenta teores consideráveis de fitoesteróis. Foram encontrados em diferentes cultivares de banana os seguintes fitoesteróis: cicloeucalenone, cicloeucalenol, cicloartenol, stigmasterol, campesterol e β-Sitosterol. Os teores destes compostos variaram entre 0,07-0,33 g em 100 g de banana madura. O consumo de três bananas por dia equivale a 1/3 da recomendação diária de fitoesteróis (3 g). A ingestão de 3 g de fitosteróis é segura e tem ação hipocolesterolêmica em pacientes que necessitam de redução no LDL plasmático. No entanto, isto é questionável, pois a ingestão de colesterol não apresenta grande impacto sobre o LDL-plasmático para todos os humamos, salvo àqueles com problemas de captação de LDL-colesterol do sangue e metabolização.


Abaixo são mostradas algumas variedades de banana mais consumidas no Brasil.





Uma boa sugestão para desjejum é banana da terra cozida no micro-ondas. Faça assim: lave a banana, apare suas pontas e a corte no meio. Faça um corte ao longo da casca e profundo até o meio da banana.  Deixe no micro-ondas por, aproximadamente, dois minutos, dependendo do grau de maturação. Retire a casca, abra a banana, acrescente manteiga, mel e canela e manteiga.  Aí está uma maravilha de desjejum.








Referências: 

1. Arabbi PR, Genovese MI, Lajolo FM. Flavonoids in Vegetable Foods Commonly Consumed in Brazil and Estimated Ingestion by the Brazilian Population. J. Agric. Food Chem. 2004, 52, 1124−1131
2. Embrapa. A cultura da banana, 2006. Disponível em https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/11902/2/00079160.pdf. Data de acesso: 14 de outubro de 2017.
3. Embrapa. Coleção 500 perguntas 500 respostas, 2012. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/82218/1/500-Perguntas-Banana-ed02-2012.pdf. Data de acesso: 15 de outubro de 2017
4. Embrapa. Produção brasileira de banana. Disponível em: http://www.cnpmf.embrapa.br/Base_de_Dados/index_pdf/dados/brasil/banana/b1_banana.pdf. Data de acesso: 14 de outubro de 2017
5. Medeiros VP, et al.  Determinação da composição centesimal e do teor de minerais da casca e polpa da banana pavocã produzida no Estado do Rio Grande do norte. Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC, 2005.
6. MENEZES, E.W.; LAJOLO, F.M. (Coord.) Tabela brasileira de composição de alimentos. USP. FCF/USP (1998). Disponível em: <http://www.fcf.usp.br/tabela> Acesso em: 2, dez., 2002.
7. Pereira A; Maraschin, Marcelo. Banana (Musa spp) from peel to pulp: ethnopharmacology, source of bioactive compounds and its relevance for human health
8. Singh, B., Singh, J.P., Kaur, A., Singh, N., Bioactive compounds in banana and their associated health benefits – a review, Food Chemistry (2016)

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