segunda-feira, 30 de junho de 2014

Toxoplasmose e toxoplasma: livro atualiza informações

Obra será lançada em 10/07/14, às 17h, na Academia Nacional de Medicina

O livro compila conhecimentos sobre o tema
Infecção hoje muito disseminada ao redor do mundo, especialmente no Brasil: assim é a infecção por Toxoplasma gondii, protozoário descoberto em 1908 por cientistas no Brasil e na Tunísia, simultaneamente. Começando pela história da descoberta desse parasita e da doença por ele causada, a toxoplasmose, e visitando os diferentes aspectos relacionados ao tema – ciclo evolutivo, epidemiologia, diagnóstico, quadro clínico e tratamento –, os professores Wanderley de Souza (UFRJ e Inmetro, ex-reitor da Uenf) e Rubens Belfort Jr. (Unifesp) organizaram ampla revisão sobre o assunto. O resultado desse trabalho é a coletânea Toxoplasmose & Toxoplasma gondii, com 16 capítulos e 27 autores, lançamento da Editora Fiocruz.

Os mais importantes protozoários causadores de doenças no homem foram descritos no período entre 1875 e 1910. O T. gondii estava entre eles.

- Embora a identificação do Toxoplasma gondii tenha ocorrido em 1908, sua transmissão permaneceu um mistério durante trinta anos -, dizem os pesquisadores do  Helene Santos Barbosa, Renata Morley de Muno e Marcos de Assis Moura, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), autores de um dos capítulos do livro. Em 1937, foi demonstrada a evidência de que o T. gondii é um parasita intracelular obrigatório, isto é, ele só se multiplica no interior de células do animal infectado. E somente nos anos 1970 desvendou-se o ciclo de vida desse protozoário, do qual o gato é hospedeiro definitivo. Outros animais de sangue quente, entre eles o ser humano, são hospedeiros intermediários.

As fezes de gatos infectados contêm formas do parasita que podem contaminar água, ar, solo e alimentos, e, assim, ser transmitidas a outros animais, incluindo aves, bovinos e suínos. O homem contrai a infecção por duas rotas principais: oral (pela ingestão de água e alimentos contaminados, assim como da carne crua ou malpassada) e congênita (de mãe para filho, durante a gestação). A toxoplasmose congênita – a mais grave e notável das manifestações da doença – é abordada em outro capítulo do livro, que também dedica espaço à toxoplasmose na criança.

- Há pouco mais de cinquenta anos era patente o caráter de ser a toxoplasmose uma doença nova. Depois, graças ao labor de vários cientistas, ficou evidente que essa protozoose é muito comum e, felizmente, benigna, só eventualmente assumindo feição de enfermidade grave -, afirma o professor Vicente Amato Neto, da USP, que assina o prefácio da coletânea.

Muitos indivíduos infectados pelo T. gondii não apresentam sintomas, mas, quando a doença se manifesta, pode ter diferentes configurações, afetando gânglios, olhos, coração, pulmões, fígado, cérebro e meninges, ou articulações. Outro capítulo do livro é dedicado à toxoplasmose em pacientes com sistema imunológico debilitado, como na Aids, pois eles costumam apresentar um quadro clínico mais sério e generalizado, ao terem vários órgãos atingidos. Outros capítulos abordam aspectos importantes da toxoplasmose como a sua epidemiologia, os modernos métodos laboratoriais para o diagnóstico da doença, a toxoplasmose congênita, as manifestações da infecção na criança, a toxoplasmose ocular e considerações sobre o desenvolvimento de novas drogas com ação antiparasitária bem como as utilizadas atualmente para o tratamento da infecção pelo Toxoplasma gondii.

- A coletânea cobre praticamente todos os campos do conhecimento sobre o agente etiológico e a doença, apresentando novos aspectos, particularmente em relação à bioquímica, à interação entre o parasita e a célula hospedeira e à resposta imunológica à infecção -, avalia o pesquisador José Rodrigues Coura, do IOC/Fiocruz.

Lançamento: 

Simpósio Toxoplasmose e Toxoplasma, 10/07/14,  às 14h, na sede da Academia Nacional de Medicina (ANM), Av. General Justo, 365 / 7º andar -  Centro - Rio de Janeiro (RJ)

(Texto:  Paula Almeida, com informações da ANM/ Editora Fiocruz)

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