terça-feira, 12 de agosto de 2014

Tomate: produto rentável

Pesquisa da UENF avalia diferentes sistemas de cultivo e manejo de adubação para o tomateiro

Ele está na salada, no molho, no sanduíche, no tempero e até no suco. Alimento que não pode faltar na mesa de milhões de brasileiros, o tomate foi um dos vilões da inflação no ano passado, com elevação no preço acima dos 100%. Tornar o produto mais acessível economicamente à população e, ao mesmo tempo, mais rentável para o produtor, tem sido uma das preocupações dos pesquisadores da UENF. Tudo isso, é claro, dentro de uma perspectiva mais equilibrada de produção, buscando a preservação ambiental e a produção de alimentos isentos de resíduos nocivos à saúde.

Em sua pesquisa de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, a agrônoma Andrezza da Silva Machado Neto procurou avaliar o desempenho agroeconômico de duas cultivares de tomate de mesa: Siluet e Santa Clara, em diferentes condições de cultivo e manejo. Intitulada Viabilidade agroeconômica da produção de tomate de mesa sob diferentes sistemas de cultivo e manejo de adubação, a pesquisa foi orientada pelo professor Niraldo José Ponciano, do Laboratório de Engenharia Agrícola (LEAG) do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da UENF. Os experimentos foram realizados na Unidade de Apoio à Pesquisa da UENF (UAP).

Foram instaladas duas unidades experimentais na UAP. Na primeira, as plantas foram cultivadas em casas de vegetação sob manejo orgânico de adubação e controle fitossanitário (pragas e doenças). No segundo experimento, o cultivo foi realizado no campo, sob dois sistemas de produção: um sistema orgânico e outro livre de agrotóxicos (Sislagro) com o emprego de adubos minerais. Em todos os casos, Andrezza calculou os custos operacionais e totais da produção, os indicadores e riscos econômicos.

O sistema orgânico de produção em ambiente protegido mostrou-se eficiente do ponto de vista técnico e viável economicamente para as duas cultivares, sendo o melhor desempenho apresentado pela Siluet, com produtividade de 3,56 Kg/planta e lucro líquido de R$ 9,10 por planta.

- Além disso, as atividades se mostraram de baixo risco, com 30,31% e 4,48% de probabilidade de insucesso financeiro, para ‘Santa Clara’ e ‘Siluet’, respectivamente - explica Andrezza.

Já sob condições de campo, o sistema misto (Sislagro) apresentou inviabilidade agroeconômica tanto para o tomateiro Siluet quanto para o Santa Clara. A pesquisadora explica que a produtividade e o preço foram as variáveis (fatores) preponderantes para a inviabilidade agroeconômica, sobretudo o preço recebido. Isto porque, segundo a legislação brasileira para produtos orgânicos, sistemas mistos ou que tenham qualquer insumo ou técnica diferente do regulamentado não podem ser classificados como orgânicos, e, portanto, o preço de venda do produto acaba tendo que ser o mesmo de produtos convencionais (até 80% mais barato).

- A pesquisa nos permite concluir que a melhor proposta é o cultivo orgânico do tomateiro Siluet, com produtividade de 6,02Kg/planta. A atividade foi capaz de remunerar o custo total de R$ 23,70 por planta com a geração de um lucro líquido de R$ 6,34 por planta. Além disso, apresentou-se como uma proposta de baixo risco, com probabilidade de 14,81% para geração de prejuízo econômico, e uma taxa anual de retorno de 83,2%. - conclui Andrezza.

Se quiser saber mais sobre a pesquisa, veja aqui a tese de Andreza.

Cilênio Tavares
Fúlvia D'Alessandri

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