quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Golfinhos que ajudam pescadores

Foto de Lilian Sander Hoffman
Golfinhos são animais extremamente dóceis e inteligentes, que adoram fazer piruetas na água para chamar a atenção. Essa é a imagem que a maioria das pessoas tem dos golfinhos, popularizada, em grande parte, pela série de TV Fliper, produzida nos Estados Unidos na década de 1960. Mas não é assim que todo mundo vê estes animais. Para os pescadores artesanais, por exemplo, a imagem do golfinho tanto pode ser positiva quanto negativa, dependendo do local onde se encontram.

No litoral sul do Brasil, os golfinhos da espécie Tursiops truncatus (Montagu, 1821), popularmente conhecidos por golfinhos nariz-de-garrafa (foto), são considerados verdadeiros aliados para os pescadores, enquanto no Rio de Janeiro a sua presença é vista como um obstáculo para a captura de peixes. Os dados estão na tese de doutorado da bióloga Camilah Antunes Zappes pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UENF.

A interação positiva entre pescadores e golfinhos existe principalmente em Barra de Imbé/Tramandaí (RS). Ali, existe a chamada “pesca cooperativa”, na qual os golfinhos auxiliam os pescadores encurralando os cardumes de tainha até a praia. Nestes locais, já é costume entre os pescadores observar o comportamento dos golfinhos e só iniciar a pesca quando eles fazem a chamada “batida de cabeça”, contribuindo assim para a conservação da espécie. Já em outros locais, como o Arquipélago das Cagarras (RJ), por exemplo, os golfinhos são vistos como ‘competidores”. Muitas vezes, eles ficam presos acidentalmente nas redes de espera, pois não percebem o artefato submerso, já que não existe a intenção dos pescadores em capturá-los.

A pesquisa, realizada no litoral brasileiro e uruguaio, também teve por objetivo descrever e interpretar o conhecimento dos pescadores artesanais em relação ao golfinho nariz-de-garrafa e obter informações sobre a ecologia da espécie. O trabalho foi orientado pela professora Ana Paula Madeira Di Beneditto, do Laboratório de Ciências Ambientais da UENF, com coorientação do professor Artur Andriolo, do Laboratório de Ecologia Comportamental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Se você quiser saber mais, leia o artigo sobre a pesca cooperativa no Rio Grande do Sul. Camilah também está à disposição através do email camilahaz@yahoo.com.br

Fúlvia D'Alessandri

Desafios da energia nuclear

Usina nuclear em Angra dos Reis (RJ)
Não é só o risco de acidentes trágicos que paira negativamente sobre a produção de energia nuclear — como o ocorrido em Fukushima em março deste ano. Uma questão prática, porém crucial para o equilíbrio ambiental, ainda não foi resolvida: onde colocar o lixo nuclear? Esta é uma das questões que o Grupo de Divulgação do PIBID-Física ‘A nova face da energia nuclear’ procura levar à sociedade.

— Até hoje não foi encontrada uma solução ambientalmente correta para despejar o lixo nuclear. Com isso, ele continua sendo depositado em grandes galpões, desertos ou até mesmo no fundo dos oceanos, sendo um risco ao ambiente — diz o aluno Thiago Serafim, que participa do Grupo ao lado dos colegas Vinícius Guimarães e Júlio César Faria, sob a coordenação da professora Marília Paixão Linhares, do Laboratório de Ciências Físicas da UENF (LCFIS).

O tema foi apresentado durante o Evento Unificado das Licenciaturas da UENF, ocorrido em 09/11, no Centro de Convenções, no âmbito da III Semana Acadêmica Unificada da UENF. Também foi abordado em uma oficina realizada recentemente pelo Grupo no Colégio João Pessoa, em Campos dos Goytacazes (RJ). Segundo Thiago, uma grande preocupação, no momento é que sejam reprimidos ou cancelados os estudos sobre o uso da energia nuclear, tendência reforçada com o desastre de Fukushima. Outra questão que também gera desconfiança em relação à energia nuclear é o fato de ela utilizar em sua produção o mesmo material necessário na fabricação de armas nucleares: o plutônio.

Thiago considera impossível ignorar os riscos da energia nuclear, mas lembra que, como tudo na vida, existem os prós e os contras. Seu custo, por exemplo, é menor do que o da energia produzida em termoelétricas. Além disso, a produção de energia nuclear não necessita de agentes externos, como sol, vento ou grandes áreas de construção, como ocorre com as energias solar, eólica e hidroelétrica.

— Para manter o atual padrão de vida no mundo, é necessário achar novas fontes de energia. Nosso grupo tem por objetivo divulgar informações que possam ajudar as pessoas a opinar e decidir sobre questões que afetam suas vidas — afirma Thiago.


Rafaella Dutra, Lys de Miranda, Victor Mathias e Fúlvia D'Alessandri




'Não vejo o futuro sem energia nuclear'

Veja aqui a entrevista com David Cahen, chefe do Departamento de Energia Alternativa do Instituto Weizman de Israel, concedida ao Jornal O Estado de São Paulo.

Espaço para a divulgação científica


Espaço da Ciência (Foto: Éder Souza)
 A preservação das diversas espécies de animais é um dos objetivos dos biólogos. Mas o que fazer quando alguns deles são encontrados já sem vida? Uma visita ao Espaço da Ciência da UENF mostra que os animais podem ser úteis até depois de mortos. Ali, cerca de 200 animais empalhados — ou “taxidermizados”, como preferem os cientistas — ajudam a contar a própria história para estudantes, em sua maioria de ensino fundamental e médio.

— A maioria do acervo é composta por animais mortos devido a atropelamentos, ou ainda em virtude de maus tratos. O acervo exposto está autorizado pelo Ibama para exposição didática — diz o professor Ronaldo Novelli, do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) da UENF, que coordena o Espaço da Ciência. O local abriga ainda cerca de 500 animais conservados em formol, além de 2 mil animais marinhos coletados pelo próprio Novelli, que também é mergulhador.

Oito estagiários são os responsáveis por recepcionar os visitantes, que ficam sabendo tudo sobre a vida e os costumes dos animais, bem como sobre todo o processo de taxidermização. Eles também são os responsáveis pela reprodução dos filmes sobre a Natureza fluminense que são exibidos na sala de cinema da UENF.

— O objetivo do Espaço da Ciência é divulgar a ciência de forma lúdica e educativa. Futuramente, contaremos também com uma sala de cinema 3D — diz Novelli. Nos últimos dois anos — após mudança para o campus da UENF — o Espaço da Ciência já recebeu cerca de 5 mil visitantes, provenientes de várias escolas de ensino fundamental e médio de Campos e também de outras cidades do Norte e Noroeste Fluminense, como São Fidélis, Macaé e São João da Barra.

Reaberto em 2009, com o apoio da Reitoria da UENF e da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) — que investiu R$ 23 mil no projeto —, o Espaço da Ciência ocupa uma área de 300 m2 dentro do campus da UENF, próximo ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA). De 1999 a 2004, o Espaço funcionou fora da UENF, em uma área na Avenida Alberto Lamego. Na época, registrou a presença de mais de 50 mil visitantes. As visitas, que devem ter no máximo 70 alunos por escola, devem ser marcadas previamente pelo telefone (22) 2739-7275, às segundas e terças-feiras, das 8h às 18h.


Éder Souza
Fúlvia D'Alessandri
           

Qual o fôlego da agricultura familiar?

Assentados vendem seus produtos na Feirinha 
Agroecológica da UENF,  toda terça, pela manhã 
(foto Alexsandro Azevedo - ASCOM UENF)
O que gera mais benefícios: o grande agronegócio ou a agricultura familiar? A agrônoma Fernanda Fernandes resolveu pesquisar o assunto em sua monografia de final de curso na UENF. Eis alguns dados: a agricultura familiar gera em torno de 75% da ocupação no setor rural (12,3 milhões de pessoas) e 38% da produção agrícola brasileira (R$ 54,4 bilhões).

Embora a agricultura familiar movimente 84,4% dos estabelecimentos agropecuários, eles juntos ocupam apenas 24,3% das terras agricultáveis do país. Os dados são do Censo Agropecuário de 2006.

O estudo também aponta ‘sérios desafios’ para o fortalecimento deste tipo de cultivo. Entre eles, uma ampla reforma agrária, políticas de preços e de crédito rural, melhoria das estradas e armazenamento dos produtos.

A monografia, que tem como título ‘Agricultura familiar e desenvolvimento sustentável’, foi orientada pelo professor Paulo Marcelo de Souza, do Laboratório de Engenharia Agrícola da UENF. Veja o que Fernanda diz sobre o tema, que tem forte componente político:

– A sustentabilidade será alcançada quando a sociedade escolher o fortalecimento e o desenvolvimento da agricultura familiar através de um programa de políticas públicas que visem à redução dos problemas sociais, associado a políticas agrícolas, industriais e agrárias de curto, médio e longo prazo.

Gustavo Smiderle

Famílias contemporâneas: quantas voltas o mundo dá!

O livro foi lançado em BH e em Campos
Tese de doutorado de Daniela Bogado Bastos de Oliveira, a segunda concluída no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UENF, em 28/04/11, acaba de ser publicada como livro. A obra, ‘Famílias contemporâneas: as voltas que o mundo dá e o reconhecimento jurídico da homoparentalidade’, sai pela editora Juruá.

O lançamento nacional ocorreu dia 14/11, em Belo Horizonte (MG), durante o VIII Congresso Brasileiro de Direito de Família, realizado pelo IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família).  Em Campos (RJ), o livro foi lançado na semana seguinte, em 21/11, no salão do júri do Fórum Teresa Gusmão de Andrade.

À luz da teoria de gênero, o livro aborda a questão das famílias homoparentais, formadas por homossexuais com filhos e apontadas como novo paradigma de família pós-convencional. Aborda ainda as sentenças e acórdãos relativos à adoção de filhos por casais homoafetivos.

Gustavo Smiderle

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Campos submersa


Há 10 mil anos, tudo era água entre o litoral atual e a Serra do Imbé

Se fosse possível entrar em uma espécie de “tunel do tempo” e regredir até 10 mil anos atrás, grande parte dos campistas precisaria de um barco para se locomover. E os sanjoanenses, coitados, assim como os quissamãenses, jamais encontrariam vestígios de suas cidades. Pode parecer estranho, mas — acredite — houve um tempo em que a água do mar encobria praticamente tudo que existe hoje entre a Serra do Imbé e o litoral da região.

Para entender essa história é preciso regredir ainda mais no tempo. Tudo começou há cerca de 200 milhões de anos, quando a separação dos continentes sul-americano e africano — que até então formavam o super-continente denominado “Pangea” — deu origem ao oceano Atlântico. Com a separação, as rochas da região se soergueram, formando as cadeias de montanhas que hoje existem paralelas ao litoral brasileiro.

“Nessa época, o mar chegava até as montanhas. Mas, aos poucos, as chuvas foram originando um sistema de drenagem. Os rios transportavam os materiais erodidos das serras e dos tabuleiros da região e os depositavam nas partes baixas do novo relevo. E assim foi sendo crianda a Bacia Sedimentar de Campos, que na parte marinha deu origem ao petróleo e, na parte continental, originou os depósitos de argila”, explica a geóloga Maria da Glória Alves, pesquisadora do Laboratório de Engenharia Civil (LECIV) da UENF.

Primeiro, formou-se uma estreita faixa de terra — denominada “Formação Barreiras” — proveniente dos sedimentos trazidos das partes altas do continente pelos rios e canais. Um destes rios era o Paraíba, cuja formação data de 1,8 milhões de anos atrás. Naquela época, a planície ainda não estava formada, e o Paraíba desaguava no mar muito antes do local onde viria a existir a cidade de Campos.

O processo de evolução do Rio Paraíba divide as opiniões dos cientistas. Para o geólogo campista Alberto Ribeiro Lamego, os sedimentos trazidos pelo Paraíba foram formando uma faixa de terra perpendicular ao continente, criando dois golfos — o Golfo de Campos e o Golfo da Lagoa Feia. (Veja mapas). Segundo ele, há cerca de 10 mil anos, o Paraíba invadiu a baixada, indo desembocar na “laguna” de São Thomé. Geólogos modernos, no entanto, se contrapõem a esta teoria, por acreditarem que o rio não teria força suficiente para chegar tão longe, tendo que “brigar” com o mar. Para eles, foi preciso que o mar descesse para que o Paraíba pudesse, enfim, traçar sua trajetória.

Segundo Surguiu, por volta de 5.100 anos atrás, teria ocorrido o evento denominado “última transgressão marinha”. Até então, o mar ora subia, ora descia, mas depois deste evento, o mar nunca mais subiu. Com a descida do mar, formaram-se barras arenosas, criando no meio uma região protegida, de águas calmas, na qual o Paraíba ía depositando seus sedimentos. Sem o mar para brigar com ele, finalmente o Paraíba pôde seguir seu caminho. Movimentos tectônicos, ocorridos posteriormente, produziram um desvio de quase 90 graus em seu percurso, fazendo com que o rio passasse a desembocar em Atafona.

“Nos últimos 5 a 6 mil anos, formou-se a planície de inundação do Paraíba e, consequentemente, os depósitos de argila da região. A Lagoa Feia foi o que sobrou dessa história: ela é o resto do que não foi preenchido por sedimentos. Mas, no início, ela era cerca de 5 a 6 vezes maior do que é hoje. Tudo era água chegando até Campos”, diz Maria da Glória.

Fúlvia D'Alessandri
Fonte: Descomplicando a Ciência, pág. 86/87

quarta-feira, 30 de março de 2011

Pesquisas com animais: necessidade com responsabilidade

Clóvis de Paula Santos*

Você já parou para pensar como são produzidos os medicamentos ou equipamentos usados em hospitais ou clínicas no diagnóstico ou tratamento de inúmeras doenças? Se ainda não, é importante saber que, em alguma etapa do seu método de desenvolvimento, houve a utilização de animais, quer seja diretamente na pesquisa, ou para se avaliar a qualidade do produto a ser utilizado.

O uso de animais para fins científicos é uma prática adotada há séculos. Há registros que antecedem a Jesus Cristo, como o do filosófo grego Aristóteles (384 - 322 a.c.), que em seus estudos estabelecia semelhanças e diferenças funcionais e de conformação entre órgãos de animais e de seres humanos. Desde este momento inicial, com caráter mais descritivo, é notória a evolução das pesquisas utilizando animais. Hoje se reconhece que, sem isso, não teria sido possível chegarmos a todo o conhecimento dos mecanismos dos processos vitais, bem como ao aperfeiçoamento dos métodos de prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças existentes e daquelas que irão surgir — tanto na medicina humana quanto na veterinária.

Um bom exemplo do quanto este conhecimento nos ajuda em nosso dia a dia — sem que muitas vezes nos demos conta — são as doenças cardiovasculares, que afetam milhões de pessoas no mundo inteiro. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, este grupo de doenças — que inclui o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC) — está entre as principais causas de óbito.

Pois bem, muito provavelmente você já ouviu falar em eletrocardiograma, cateter, angiograma, desfribrilador etc. Estas são algumas das metodologias de diagnóstico para avaliar o estado de funcionamento do coração ou sua recuperação e foram desenvolvidos tendo-se como base estudos, sobretudo em cães.

Outro exemplo é o tratamento do câncer. Para se ter uma ideia, na década de 1930, para cada cinco vitimas da doença, menos de uma tinha sobrevida de cinco anos. Hoje em dia quase metade das pessoas diagnosticadas sobrevive mais de cinco anos e, em muitos casos, nunca mais a doença reaparece. As galinhas foram um dos primeiros modelos para se explicar como o câncer cresce e se espalha. O uso de quimioterapia, radiação e cirurgia, que são métodos de tratamento, foram desenvolvidos sobretudo em camundongos, ratos, cães, macacos, dentre outros animais. As vacinas ou medicamentos que utilizamos são também outro bom exemplo. Antes que possam ser comercializados, tais produtos devem obrigatoriamente ter sua qualidade testada em animais. Portanto, devemos reconhecer que os animais foram e continuam sendo muito importantes para o desenvolvimento científico na área de medicina.

Para evitar o uso de animais de maneira indiscriminada e sem critérios éticos, existem hoje regras a serem seguidas, mas nem sempre foi assim. Durante muito tempo, existiu a visão de que não deveríamos ter nenhuma preocupação moral a respeito do uso dos animais em experiências científicas. Contudo, esta concepção vendo sendo alterada principalmente a partir do século 18. Algo extremamente relevante em relação aos aspectos éticos da experimentação são os princípios propostos por dois cientistas, Russel e Burch, em 1959. Segundo eles, o caminho da investigação cientifica deve se basear em três “R”: Replacement (substituição), Reduction (redução) e Refinement (refinamento). Ou seja, sempre que for possível, deve haver a substituição de animais por sistemas não sensíveis, tais como cultura de tecidos ou uso de plantas. A redução do uso de animais poderia ser conseguida pelo uso de experimentos bem desenhados e métodos estatísticos apropriados. Os procedimentos experimentais poderiam ser melhorados pelo refinamento dos métodos usados, tais como o uso de procedimentos menos estressantes ou animais mais baixos na escala evolutiva.

Além de critérios éticos, o uso de animais na ciência esta sujeito a questões legislativas. A Inglaterra foi um dos países pioneiros a criar e aperfeiçoar as leis regulando o uso de animais. Hoje em dia grande parte dos países tem a preocupação de regulamentar o uso de animais criados para experimentação e possui legislação semelhante à inglesa.

Recentemente o Brasil pôde enfim ter uma lei federal estabelecendo procedimentos de conduta para o uso científico de animais. A lei 11.794, de 08 de outubro de 2008, também denominada Lei Arouca, em homenagem ao falecido deputado Sérgio Arouca, foi regulamentada em julho do ano passado através do decreto 6.899/09. Estão previstas nesta legislação a criação, composição e funcionamento de um órgão em nível federal ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, já funcionando, denominado Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea). A criação ou utilização de animais para pesquisa ficarão restritas, exclusivamente, às instituições credenciadas junto ao devido conselho, ficando o credenciamento dependente da criação prévia de uma Comissão de ética no uso de animais (Ceua). Além disto, estão sujeitas a penalidades como advertência, multa, suspensão, interdição temporária e definitiva aquelas instituições ou pessoas que transgredirem atividades reguladas nestas leis.

Muitas instituições há anos antecederam a regulação da Lei Arouca e já contam com os comitês de éticas institucionais. Na UENF a Ceua foi instituída em 2002. Nestes oito anos de funcionamento, 124 projetos foram submetidos e, deste total, 99 foram avaliados, 16 estão em avaliação e oito foram cancelados. Dos avaliados, cinco caducaram, um foi reprovado e os demais foram aprovados. Os projetos abrangem diversas áreas, como Anestesiologia, Bem-Estar Animal, Cirurgia: Transplante, Aperfeiçoamento de Metodologias, Comportamento Animal, Farmacologia, Imunologia/Diagnóstico, Morfologia/Anatomia, Parasitologia, Parasitologia/Bioquímica, Parasitologia/imunologia, Reprodução, Terapia Celular, Nutrição, Virologia, Biologia Molecular e Patologia Clínica.

Embora já com este tempo de funcionamento, a maioria (80%) destes processos vem tramitando de 2008 para cá. Recentemente, recebemos apoio da FAPERJ. Com isto será possível adquirir e mobiliar um espaço cedido pela Reitoria e contratar serviço para desenvolvimento de base de dados e interface para gestão de projetos sob deliberação da Ceua. Desta maneira acreditamos que a comissão estará melhor estruturada para um pleno funcionamento.

(Artigo publicado na Revista Nossa UENF, nº 02, agosto/setembro de 2010)

* Professor e pesquisador do Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT) da UENF e presidente da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da UENF.