sexta-feira, 12 de julho de 2013

Combate à mastite

Pesquisadores da UENF ministram palestras para pequenos produtores rurais da região com o objetivo de deter o avanço da doença

Uma das principais doenças que acometem o gado leiteiro no Norte/Noroeste Fluminense é a mastite — inflamação das glândulas mamárias —, que pode gerar uma perda de até 40% da produção. Este é um dos problemas que um grupo de pesquisadores da UENF vem tentando solucionar através do projeto de extensão “Monitoramento da qualidade do leite proveniente de vacas de produtores familiares e assentados de nove localidades dos municípios de São João da Barra, Santa Maria Madalena e São Fidélis-RJ”.

Segundo o professor Márcio Manhães Folly, do Laboratório de Sanidade Animal (LSA) da UENF, os casos da doença são comuns e ocorrem em praticamente todas as pequenas propriedades. Por falta de assistência técnica, nem sempre são tomadas as medidas necessárias para evitar a proliferação da mastite, o que acarreta sérios prejuízos aos produtores.

A mastite é uma doença contagiosa e de fácil transmissão entre as vacas, podendo ocorrer em uma ou mais tetas na fase de lactação ou durante o período seco, fazendo com que o leite perca lactose, proteína e gordura. A doença pode se apresentar de forma clínica, na qual os sintomas são visíveis, e subclínica, na qual os sintomas não estão presentes, dificultando o diagnóstico.

— A mastite clínica pode ser diagnosticada através da observação dos primeiros jatos de leite e através de sinais clínicos dos animais afetados; já a subclínica precisa de testes especiais como o CMT (California Mastites Test). A dificuldade de ter esse diagnóstico pode resultar em uma queda de 40% na produção do leite de cada vaca, gerando um enorme prejuízo para o produtor – afirma Folly.

O programa de extensão pretende atender diretamente mais de 40 propriedades, concentrando-se em locais geograficamente desvalorizados na região do Norte Fluminense.

— Vamos levar o conhecimento acadêmico para o campo para tentar melhorar a qualidade da produção local – diz.

A palestra “Controle e profilaxia de mastite bovina e qualidade do leite” vem sendo apresentada a pequenos produtores rurais da região pelo professor Folly, a médica veterinária Hingrid Barbosa e as alunas de Medicina Veterinária Elaine da Silva e Thaísa Aguirre. Em agosto e setembro, as palestras serão dirigidas aos produtores rurais de Santa Maria Madalena e São Fidélis.

As palestras também têm a intenção de esclarecer as mudanças ocorridas na regulamentação do setor lácteo no Brasil. Em vigor desde dezembro de 2011, através do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Instrução Normativa nº 62 trouxe novidades na regulamentação do setor lácteo no Brasil. A medida é uma resposta às dificuldades ocorridas na implantação da Instrução Normativa de 2002 e, segundo Folly, apresenta uma proposta mais coerente à realidade da produção de leite do país, oferecendo melhores condições e tempo para que os produtores possam se adaptar às mudanças. A grande novidade na legislação está na criação de uma Comissão Técnica Consultiva que terá o papel de avaliar as ações voltadas para a melhoria da qualidade do leite.

Teste CMT
— A maioria dos produtores locais não conhece a nova norma e necessita de assistência técnica para se enquadrar nos padrões de qualidade — diz o professor.

Segundo Hingrid, a qualidade deve atender às exigências do consumidor. Em primeiro lugar, o leite para consumo não pode ser ácido ou conter outras substâncias como água e deve ter um número limitado de bactérias e células somáticas, que são as células de defesa do animal, evitando que nele se desenvolva alguma doença, como a mastite.

Contaminação pode ser evitada

O teste CMT pode mostrar se no rebanho há vacas acometidas pela mastite subclínica, ainda que não apresentem os sintomas. Desta forma, o leite destas vacas não é misturado com o das vacas sadias, evitando-se a contaminação de toda a produção.

— Quando o leite chega à cooperativa, passa por testes que medem a sua acidez. Se o teste indicar que o leite provém de uma vaca doente, o preço pode cair até cinco vezes para o produtor — observa o professor.

Medidas simples também podem evitar a doença, como lavar as tetas das vacas e secá-las com papel toalha ou higiênico, fazer uma imersão das tetas em solução iodada antes e depois de cada ordenha e não permitir que a vaca se deite no chão até duas horas após a ordenha.

— Isto porque durante este período o canal da teta fica aberto, sendo uma porta de entrada para microrganismos patogênicos. Para isso é só oferecer alimento ao animal —

Também é importante que o ordenhador lave as mãos antes e depois do trabalho. A mastite, uma vez diagnosticada, deve ser tratada com remédios específicos.

Rebeca Picanço
Fulvia D'Alessandri 

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