Pesquisa sobre a estrutura interna de reservatórios na Bacia de Campos utiliza dados sigilosos cedidos pela UOBC-Petrobras
Dentre os estudos necessários para a prospecção de petróleo, um dos mais importantes é o que caracteriza o conjunto de rochas que compõem os reservatórios. Dados de um importante campo de petróleo da Bacia de Campos foram cedidos sob sigilo pela UOBC-Petrobras para que a UENF desenvolvesse a pesquisa “Interpretação de reservatório turbidítico na Bacia de Campos usando inversão sísmica e perfis de poços”, defendida no último dia 04/07 pela então mestranda Maria Gabriela Pimentel Pantoja, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Reservatório e de Exploração da UENF.
Orientada pelo professor Antonio Abel González Carrasquilla e coorientada pelo professor Fernando Sérgio de Moraes, ambos do Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo da UENF (LENEP/UENF), a pesquisa utilizou softwares comerciais para interpretação de dados gentilmente cedidos pelas multinacionais Senergy (empresa escocesa, que desenvolve o software Interactive Petrophysics para interpretação de dados geofísicos de poço) e Fugro (holandesa, subsidiária da empresa francesa Compaigne Generale de Geophysique - CGG, que cedeu o software Jason para interpretação de dados sísmicos).
A pesquisa busca compreender melhor a estrutura interna de um reservatório turbidítico (depósito sedimentar, originado por correntes de turbidez submarinas) situado na Bacia de Campos. Para desenvolver a pesquisa, Gabriela também contou com uma bolsa de estudo financiada pela Petrobras, através de projeto coordenado pelo professor Fernando Moraes.
A Banca Examinadora teve a presença dos professores Marco Antônio Rodrigues de Ceia (LENEPUENF), Roseane Marchezi Misságia (LENEP/ UENF) e Klédson Tomaso Pereira Lima (Petrobras), além do orientador e do co-orientador da pesquisa.
— O objetivo da pesquisa foi delinear a distribuição de fácies (conjunto de rochas com determinadas características distintivas) e de porosidade de um reservatório turbidítico da Bacia de Campos, chamado Campo C — diz Gabriela.
Segundo ela, trata-se de um reservatório descoberto em 1984, localizado a cerca de 80 km da costa. Para tanto foram usadas informações provindas da geologia, dados de poços e da sísmica. Dentre outras coisas, buscou-se promover a estimativa de largura e espessura dos reservatórios e indicar as regiões de maior porosidade.
— Os reservatórios turbidíticos de águas profundas representam uma das mais importantes reservas mundiais. Esses sistemas de águas profundas se constituem, muitas vezes, de depósitos heterogêneos e complexos compostos por camadas de espessuras subsísmicas. Nestes casos, as ferramentas de análise e modelagem são levadas ao limite — afirma.
Segundo a pesquisadora, o conhecimento da geometria e da arquitetura dos reservatórios é fundamental no processo de caracterização. Isto porque a distribuição e o deslocamento de fluidos no interior das rochas são controlados pela forma (geometria) dos corpos sedimentares, bem como pelo arranjo (arquitetura) espacial destes corpos. No entanto, quanto mais complexos são estes reservatórios, mais difícil se torna caracterizá-los.
Com uma área aproximada de 100.000 km², a Bacia de Campos está localizada no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro e ao sul do Estado do Espírito Santo. A Bacia abriga cerca de 2 mil poços perfurados em mais de três décadas de exploração petrolífera.
Fulvia D'Alessandri
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