Pesquisa da UENF aponta baixo desenvolvimento estrutural no manguezal localizado no estuário do rio São João
Embora sejam protegidos por lei, os manguezais estão entre os ecossistemas mais ameaçados, devido à proximidade com áreas urbanas. O manguezal do estuário do Rio São João, entre Casimiro de Abreu e Cabo Frio (RJ), não foge à regra. Lançamentos de esgoto, aterros, desmatamento para introdução de pastagens e derramamento de óleo de barcos são alguns dos problemas que atingem o ecossistema, que foi alvo da pesquisa de mestrado da bióloga Gabriela Calegário pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UENF, defendida em março.
Orientada pela pesquisadora Elaine Bernini e coorientada pelo professor Marcos Sarmet Moreira de Barros Salomão, ambos do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) da UENF, a pesquisa teve por objetivo caracterizar a estrutura das florestas de mangue do estuário do rio São João, com o propósito de gerar bases para o seu manejo e conservação, assim como mecanismos para restauração de suas áreas degradadas.
— O manguezal do estuário do rio São João apresenta problemas semelhantes aos registrados em outras áreas de mangue no Estado do Rio, mas exibe melhor estado de conservação em relação aos manguezais do Norte Fluminense, como os dos rios Macaé, das Ostras e Guaxindiba — diz Gabriela.
Intitulada ‘Aspectos estruturais da vegetação do manguezal do Estuário do Rio São João, RJ”, a pesquisa registrou a ocorrência das seguintes espécies vegetais: Avicennia schaueriana Leechm ex Stapf e Moldenke, Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. f. e Rhizophora mangle. Além dessas, também foi observada a presença das espécies associadas Acrostichum aureum e Hibiscus pernambucensis.
Gabriela durante a pesquisa no manguezal |
— De uma maneira geral, o manguezal apresentou baixo desenvolvimento estrutural. A floresta do estuário superior apresentou melhor desenvolvimento estrutural em relação à floresta do estuário inferior, em termos de altura e área basal. Isso ocorre provavelmente devido aos menores valores de salinidade, já que a parte superior está mais afastada do mar — explica.
A pesquisa confirmou a hipótese de que está ocorrendo no manguezal o fenômeno chamado 'zonação' — variação das espécies ao longo do estuário, devido às mudanças nas condições ambientais. Segundo Gabriela, no estuário superior a maior densidade foi para a L. racemosa, enquanto no estuário inferior foi para a R. mangle.
— Apesar de estar protegida, a bacia do rio São João vem sofrendo impactos devido à ocupação humana e a superexploração dos recursos naturais. Às margens do rio é possível observar construções onde antes havia florestas de mangue. Além disso, por trás das faixas remanescentes de manguezal, as florestas foram desmatadas para dar lugar a pastagens de fazendas — diz a pesquisadora.
Segundo Gabriela, o estudo pode ajudar na elaboração de um plano de gerenciamento do manguezal, bem como auxiliar no seu manejo. Ela lembra que atualmente existe a iniciativa de criação da Reserva Extrativista da Foz do Rio São João, que se encontra em estágio avançado para implementação.
Saiba mais acessando o trabalho de Gabriela aqui.
Fúlvia D'Alessandri
Divulgando evento "Encontro fluminense sobre uso público em unidades de conservação de 23 a 25 de julho/2013 no Instiututo de Geociências da UFF. Submissão de trabalhos 11/03 a 03/05 /2013. Mais informações em www.rjusopublico.uff.br. abs. Renato Vallejo
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