terça-feira, 19 de junho de 2012

Organização produtiva e desenvolvimento

Será que um bom nível de organização entre os produtores rurais pode efetivamente redundar em maior desenvolvimento econômico? Uma pesquisa feita pela UENF está mostrando que sim, pelo menos para os produtores de café da microrregião Sudoeste Serrana, no Espírito Santo. Intitulada “O perfil da organização produtiva nas regiões Serrana e Caparaó do Espírito Santo: uma abordagem Neo-Marshalliana”, a pesquisa embasou a dissertação de mestrado de Lucas Louzada pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UENF, defendida em março.

Na pesquisa, Lucas investiga o perfil da organização produtiva dos cafeicultores nas microrregiões Sudoeste Serrana e Caparaó, no Espírito Santo — principais regiões produtoras do café arábica, acumulando 75% da produção total do Estado. Na primeira, foram investigados os municípios de Domingo Martins, Venda Nova do Imigrante e Vargem Alta, onde se concentram muitos imigrantes e seus descendentes, provenientes da Itália, Alemanha e outros países europeus.

Já no Caparaó foram estudados os municípios de Alegre, Ibitirama e Iúna. Alegre já foi o coração da cafeicultura no Estado, mas hoje corre risco de esgotamento econômico da atividade. Ibitirama e Iúna continuam mantendo sua base econômica a partir da cafeicultura.

— Os resultados preliminares indicam que a microrregião Sudoeste Serrana tem conseguido obter maior desenvolvimento econômico que o território da microrregião do Caparaó em função de uma melhor organização produtiva — explica Lucas, que teve a orientação do professor Alcimar das Chagas Ribeiro, do Laboratório de Engenharia de produção (LEPROD) da UENF.

Em seu estudo, Lucas tomou por base a teoria proposta pelo economista inglês Alfred Marshall (1842-1924). Aspectos clássicos da teoria neo-marshalliana foram encontrados na microrregião Sudoeste Serrana, tais como: cooperação, senso de pertencimento à unidade de produção, flexibilidade produtiva e participação na tomada de decisões do território.

Lucas Louzada
Segundo Lucas, a economia local da microrregião Sudoeste Serrana é mais diversificada e flexibilizada que a da microrregião do Caparaó. As ações organizacionais em torno da promoção econômica na microrregião estão, segundo ele, em um nível mais elevado em termos de estágio que a microrregião do Caparaó. Além disso, foi possível perceber a atuação local dos governos em prol do território.

— Na microrregião do Caparaó, essas ações foram encontradas, porém em um nível mais baixo que na microrregião Sudoeste Serrana. A região se mostrou desfavorecida, houve grande ruído e reclamação por parte dos produtores e personalidades públicas. Várias vezes os produtores descreveram que existe muito descaso por parte dos governantes em promover ações que possam elevar os valores econômicos da microrregião do Caparaó. Porém foi observado que alguns atores vêm buscando formas de promover a elevação econômica do território em prol de ações coletivas, visando à promoção desta microrregião — afirma.

Se você quiser saber mais sobre a pesquisa, veja a dissertação completa aqui.

Fúlvia D'Alessandri

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