Mamíferos são considerados mais evoluidos (foto Wikipedia) |
Para o pesquisador da UENF, a consciência é uma questão complexa e não foi definida claramente no manifesto. Segundo Arthur, existe grande confusão quanto aos significados das palavras consciência, mente e cognição. Na definição do professor, mente seria o conjunto de processos (memória, análise, raciocínio, emoção) que permitem a capacidade de responder de forma analítica a estímulos externos. Isso exige uma circuitaria nervosa complexa, permitindo o que se chama de “plasticidade comportamental” — ou seja, a habilidade do animal em responder a estímulos de forma analítica, sempre alterando e melhorando seu desempenho na conclusão da tarefa. É diferente de uma resposta automática, estereotipada e reflexa que é observada na grande maioria dos invertebrados. Cognição seria o ato ou processo de conhecer, a expressão dos processos mentais, como atenção e percepção. E consciência seria uma qualidade da mente, uma faculdade resultante desta. É a capacidade de autorreconhecimento, da percepção de si e do externo como coisas distintas, sendo a base da subjetividade e da individualidade, mas que não necessariamente está presente em seres com mente.
Arthur Giraldi: "Este é o tema mais complexo" |
Seguindo a linha de “eminentes neurocientistas como Antônio Damásio e Michael Gazzaniga”, Giraldi diz que a consciência é uma emergência da mente. Primeiro mente, depois consciência.
— Que a maioria dos animais tem mente, isso é fato. Já vi relatos de que aranhas têm capacidade de memória e aprendizado, ainda que rudimentares. Mas daí a concluir que eles tenham consciência, é outra história. Ter plasticidade comportamental não é suficiente para dar título de “ser consciente” — defende.
Arthur Giraldi diz ter algum grau de segurança para concordar que os mamíferos tenham alguma forma de consciência, pela presença do neocórtex, embora este dado tenha sido minimizado pelo manifesto, a seu ver sem maiores explicações. Quanto aos vertebrados não-mamíferos e alguns invertebrados, diz o pesquisador, eles têm mente, mas não é certo que tenham consciência.
— Parece-me que o manifesto é mais para levantar a possibilidade do que para comprovar alguma coisa. Os tais cientistas certamente sabem que essa comprovação ainda não é possível — afirma.
Thaís Peixoto
Gustavo Smiderle
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