Mosquito Aedes aegypti |
— O desenvolvimento de uma vacina passa por várias etapas e cada uma delas demora alguns anos. A vacina da Sanofi Pasteur encontra-se na fase 2b (de um total de quatro fases). É a que se encontra em estágio mais avançado de investigação — explica.
Segundo Marilvia, existe atualmente uma corrida pela vacina envolvendo diversos laboratórios em todo o mundo. Além do Sanofi-Pasteur, há uma vacina sendo desenvolvida pelo laboratório alemão Merck. No Brasil, há vacinas sendo pesquisadas no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz (Bio-Manguinhos) — em parceria com a GlaxoSmithKline, utilizando vírus mortos — e no Instituto Butantan, com vírus geneticamente modificados.
— Nos últimos anos, o Brasil tem participado ativamente da pesquisa em dengue. Temos várias iniciativas, como o Instituto Virtual da Dengue e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular - INCT-EM. Além disso, temos um programa de monitoramento de resistência a inseticidas que é modelo para vários países. Isso é resultado de um esforço dos governos nos diferentes níveis em incentivar a pesquisa na área — afirma a professora, enfatizando a importância da continuidade das políticas públicas para que se possa obter resultados efetivos.
No entanto, são muitas as dificuldades a serem superadas para se obter uma vacina segura. Uma delas, e talvez a mais importante, segundo Marílvia, é a questão dos sorotipos. Existem quatro sorotipos de dengue, chamados DENV 1, 2, 3 e 4. Se uma pessoa já adquiriu um deles, a infecção por outro sorotipo tende a ser mais agressiva e pode levar à morte. Isso significa que a população não pode ser imunizada apenas contra um sorotipo; é preciso imunizá-la simultaneamente contra os quatro sorotipos, ou seja, a vacina tem que ser tetravalente. Para Marílvia, as primeiras vacinas só devem ficar prontas a partir de 2015.
Na UENF, há vários grupos desenvolvendo pesquisas em dengue. Uma das linhas de pesquisa tenta isolar princípios vegetais com atividade inseticida e antiviral. Outra linha trabalha com fungos entomopatogênicos, ou seja, fungos que causam doença em insetos, e sua ação sobre o Aedes aegypti. Existe ainda uma linha de pesquisa que estuda o papel de bactérias simbiontes do intestino do inseto e sua ação sobre a infecção por dengue (o termo ‘simbionte’ significa um organismo que vive associado a outro, sendo que cada um deles proporciona ao outro alguma facilidade. Neste caso, o mosquito oferece abrigo e alimento e a bactéria produz algumas vitaminas e aminoácidos sem os quais o mosquito morreria).
— No LQFPP, há alguns anos estamos estudando a interação entre o vírus da dengue e o mosquito Aedes aegypti. Mapeamos as populações naturais do mosquito quanto à sua suscetibilidade ao vírus, entre outros estudos — explica a professora.
Veja mais informações aqui.
Thaís Peixoto
Fúlvia D'Alessandri
(In)eficácia de uma vacina (in)segura para DENGUE? Vale a pena assistir de novo
ResponderExcluirConforme a evidencia em artigos científicos pertinentes não restam dúvidas que a vacina tetravalente para DENGUE desenvolvida pela Sanofi Pasteur é altamente imunogênica (>80% dos vacinados) e moderadamente (in)segura (3-18% de efeitos adversos severos) para humanos. Também no resta dúvida da significância dos resultados preliminares do primeiro estudo clinico Fase IIb sobre a sua eficácia: Proteção moderada (promissora para uns, desanimadora para outros), porém parcial (proteção moderada de 30,2% contra 3 dos 4 isotipos virais circulando na Tailândia, o que per si é muito preocupante. A vacina no protegeu contra o DENV2, prevalente na região de estudo!) (Lancet, 11 de setembro de 2012; doi:10.1016/S0140-6736(12)61428-7). O que esse estudo deixa claro é a prova-de-conceito: é possível sim desenvolver uma formulação vacinal (moderadamente segura e eficaz contra 3 dos 4 isotipos alvos). Contudo, vale a pena assistir de novo, pois um ensaio clínico vacinal fase III de grande escala com 31000 participantes está sendo conduzido em 10 países da Ásia e Latino América. Como para qualquer protótipo vacinal, há necessidade de estudos replica em diferentes condições de experimentação visando uma extensa caracterização pré-clínica e clínica, em especial devido à natureza atenuada, quimérica e geneticamente modificada (OGMs), que demandam o cumprimento de regulamentações específicas adicionais tais como a avaliação do risco ambiental da liberação de OGMs (Transmissão pro vetores artrópodes, recombinação com virus circulantes, reversão da virulência e viscerotropism).