sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Coluna Infinitum



Planetas Anões

Adriana Oliveira Bernardes

Em artigo no qual abordei o tema 'planetas extrassolares' comecei dizendo que, para ser denominado um planeta, o astro deve orbitar uma estrela, ser esférico e ter massa dominante em sua órbita. A propósito, seria importante também darmos a definição de estrela. Fundamentalmente, uma estrela é um astro que realiza a fusão de hidrogênio produzindo hélio ou deutério.No primeiro caso temos uma estrela como a nossa, o Sol, e no segundo, uma anã marrom. Para termos uma idéia, uma anã marrom tem tamanho comparável ao do planeta Júpiter.

Com a descoberta do planeta-anão Éris, algumas divergências ocorreram na classificação dada aos planetas. Os astrônomos se perguntavam então: não seria Plutão um corpo semelhante a Éris e Sedna? Logo viram que sim. Conhecemos hoje cinco planetas anões, em ordem de distância ao Sol. São eles: Ceres, Plutão, Haumea, Makemake e Éris. Ceres, Plutão e Éris foram denominados planetas anões, a partir da reunião da União Astronômica Internacional em 2006. Os dois últimos foram descobertos depois.

Na mitologia grega, Ceres é a deusa da agricultura, filha de Saturno. Plutão é o deus do submundo, enquanto Éris é a deusa da discórdia — afinal de contas, foi por causa da descoberta deste planeta, que Plutão passou a ser denominado anão. Finalizando, Haumea é uma deusa da Indonésia e Makemake,  uma divindade da Ilha de Páscoa.

Bom, você deve estar se perguntando: e Sedna? Lembro bem o grande estardalhaço que houve quando este foi descoberto, mas dentro da nova classificação Sedna não pode nem ao menos ser denominado anão. Ele está dentro do grupo chamado de corpos menores, assim como os cometas. Resumindo, temos no Sistema Solar: planetas, planetas anões e corpos menores.

Vamos falar então um pouco de Plutão, afinal de contas foi ele quem perdeu o status de planeta com as novas denominações. Descoberto por Clyde Tombaugh em 1930, Plutão tinha características que não se assemelhavam às dos planetas. Sua órbita era elíptica e inclinada, diferente das órbitas dos demais, que são quase circulares. Sem contar que, em determinado período de sua órbita, ele fica mais próximo do Sol que Netuno, portanto ele não tem massa dominante em sua órbita.

Com exceção de Ceres, que se encontra no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, os outros fazem parte do cinturão de Kuiper. O cinturão de Kuiper é um cinturão de asteroides, que fica além de Plutão e é formado por grande quantidade de cometas e corpos menores. O cinturão recebeu este nome devido a Gerard Peter Kuiper.

A definição de plutoides também é importante. São corpos celestes transnetunianos, ou seja, localizam-se após a órbita de Netuno. São corpos semelhantes a Plutão, formados por gelo, poeira e rocha.

Imagens de Ceres e Plutão já foram obtidas pelo telescópio espacial Hubble, mas dos outros anões ainda não existe. Se você encontrar alguma na Internet é apenas uma concepção artística, não correspondendo ao astro real.

Sobre Plutão é interessante saber que a sonda New Horizons, lançada em 2006, o visitará em 2015. Para se ter uma idéia da distância deste planeta ao sol, ela vai demorar nove anos para chegar a Plutão, mesmo após ter se aproveitado de sua passagem por Júpiter para aumentar sua velocidade.

Sonda New Horizons, foto retirada do site http://www.apolo11.com/



A propósito, Plutão tem três satélites: Caronte, Nix e Hydra. A New Horizons, após realizar estudos em Plutão, continuará atravessando o cinturão de Kuiper.

É importante lembrar que a disposição dos corpos celestes no Sistema Solar está diretamente ligada à sua formação inicial. O choque dos planetas gasosos com os chamados planetesimais, que eram trilhões, os jogou para um local distante no Sistema Solar.

Uma coisa interessante é que, pesquisando os planetas extrassolares, foram observados planetas gasosos próximos à estrela, o que é incomum. Isto foge à explicação que temos hoje ao fato de termos inicialmente planetas rochosos e depois gasosos. Aguardamos que a ciência nos diga, em breve, por que isto acontece.

Neste site vocês poderão comparar tamanhos de planetas e estrelas e também verificar como são as órbitas e suas inclinações em relação ao plano da eclíptica:

http://www.astro.iag.usp.br/~gastao/PlanetasEstrelas/sistemasolar.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário