Todo mundo já ouviu falar no Pré-Sal — gigantesco reservatório de petróleo e gás natural situado no subsolo, abaixo do leito do mar, a uma profundidade de mais de 7 mil metros, entre o Sul e o Sudeste do país. As expectativas em torno do Pré-Sal são tão grandes que, confirmando-se a possibilidade de exploração total destas jazidas, o Brasil poderá se transformar, em algum tempo, num dos maiores produtores e exportadores de petróleo do mundo.
Mas como todo esse petróleo foi parar lá? Quem explica é o professor Abel Carrasquilla, do Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo (LENEP) da UENF. Tudo teria começado há cerca de 200 milhões de anos, quando ocorreu a separação do único continente que havia no planeta: a Pangeia. A separação formou dois megacontinentes: Laurásia e Gondwana. O primeiro se desdobraria mais tarde na América do Norte, Europa e Ásia. Já o segundo, na América do Sul, África, Austrália e Índia.
Entre a África e a América do Sul — onde hoje está situado o Atlântico Sul — formaram-se inicialmente mares rasos e áreas semi-pantanosas, nas quais proliferaram-se algas e micro-organismos chamados de fitoplâncton e zooplâncton. Tais micro-organismos se depositavam continuamente no leito marinho e, à medida que se juntavam com sedimentos como areia e sal, iam formando camadas de rochas impregnadas de matéria orgânica. Estas deram origem às rochas reservatório.
— Por sobre estas rochas, formaram-se ao longo de milhões de anos camadas de sedimentos salinos, provenientes da evaporação da água nos mares rasos. Nos períodos inter-glaciais, quando as calotas polares derretiam, os oceanos aumentavam fazendo com que estas camadas fossem soterradas por novas camadas de sedimentos. Os micro-organismos sedimentados e soterrados sob pressão e pouca oxigenação transformaram-se, em milhares de anos, no petróleo que conhecemos hoje — explica o professor.
Cientistas de todo o país, inclusive da UENF, participam de pesquisas financiadas pela Petrobras para permitir a exploração do Pré-Sal. Parte desse esforço pôde ser vista durante o curso sobre rochas carbonáticas (as rochas onde está depositado o petróleo do Pré-Sal) promovido pelo Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo (LENEP) da UENF. Ministrado pelo professor Johannes Reijmer (Universidades de Amsterdam e DUT-Universidade Tecnológica de Delft, ambas na Holanda), o curso foi realizado de 23 a 26/01/12.
Novos cursos estão previstos para este ano, no âmbito do projeto “Simulação numérica tridimensional de perfis resistivos em poço na determinação da invasão do filtrado do fluido de perfuração em reservatórios de petróleo da Bacia de Campos”, vinculado à Rede Temática Caracterização e Modelagem de Reservatórios (Carmod) da Petrobras. Em março (19 a 23) acontecerá o mini-curso “Carbonate systems from deposition to reservoir“, ministrado pelos professores Stefan Luthi e Giovanni Bertotti, ambos da DUT. E em junho será realizado o minicurso “Carbonatos continentais e diagênese de carbonatos”, a ser ministrado pelos professores Ana Alonso e Álvaro Rodriguez, ambos da Universidade Complutense de Madri, na Espanha.
Fúlvia D'Alessandri
Nenhum comentário:
Postar um comentário