A água própria para o consumo é “insípida, incolor e inodora”. Isto é o que todos nós aprendemos desde cedo na escola. Mas, na visão do professor João Almeida, do Laboratório de Fisiologia e Bioquímica de Micro-organismos (LFBM) da UENF, este é um conceito errado. Segundo o professor, mesmo a água que não possui sabor, cor ou cheiro pode conter bactérias que causam doenças.
Este é um dos temas apresentados no capítulo 34 do livro ‘Sustainable water management in the tropics and subtropics - and case studies in Brazil” – volume 3 (“Gestão sustentável da água nos trópicos e subtrópicos — e estudos de caso no Brasil”), publicado pela Universidade de Kassel, na Alemanha. O livro, em cada um de seus volumes, apresenta textos sobre o Brasil. O primeiro abordou o tema 'água e agricultura', o segundo, 'água e suas tecnologias' e o terceiro, 'água e ambiente'.
O capítulo 34, intitulado "Uso da água em comunidades carentes em áreas rurais do Estado do Rio de Janeiro", aborda a sustentabilidade do uso da água no Norte Fluminense e é fruto de projetos de extensão coordenados pelo professor João Almeida, com a participação das alunas Juliana Guzzo Fonseca e Aline Correia da Silva. Depois de muita pesquisa e coleta de dados, os pesquisadores chegaram à conclusão de que, antes de mais nada, é preciso disseminar um novo conceito a respeito da água:
— Se desde cedo as pessoas aprenderem o que é certo, isso irá contribuir para a diminuição de doenças causadas pela água contaminada. Infelizmente, a população acredita em conceitos errados, que são ensinados pelos livros didáticos, campanhas de saúde pública etc. É fundamental que, através da educação, estes conceitos sejam mudados — afirma João.
João Almeida |
—Basta colocar três gotas de água sanitária para cada litro de água e deixar durante 30 minutos, filtrando logo em seguida. Esta água poderá, então, ser consumida sem medo, porque estará livre de bactérias e de outros contaminantes, como os ovos de vermes, retidos pelo filtro — explica o pesquisador, lembrando que, durante as visitas feitas às comunidades, foi distribuída uma cartilha com algumas “receitas” bem simples para que todos saibam como deixar a água própria para o consumo.
Segundo João, o grande objetivo do projeto é trabalhar pela mudança dos conceitos "beba apenas água filtrada ou fervida" e "água boa para o consumo deve ser inodora, incolor e insípida" para "beba apenas água clorada e filtrada".
Na lista dos problemas, também está a contaminação da água dos lençóis freáticos, provocada, entre outros fatores, por vazamentos de postos de gasolina e indústrias químicas, bem como lixo despejado no solo. O livro pode ser conferido na íntegra aqui.
Rafaella Dutra
Parabéns pelo belíssimo trabalho João!
ResponderExcluirNadir
Que legal! Isso reforça cada vez mais a importância do aprendizado e da pesquisa no Brasil. Como é importante ter informações durante toda a nossa vida, seja ela acadêmica ou não. Ainda bem que podemos contar com os brilhantes ensinamentos do Prof. João Almeida. Parabéns pela pesquisa!
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