Vicente Mussi Dias é o responsável técnico da Clínica |
Ao catalogar em ordem cronológica mais de 1 mil referências bibliográficas, Vicente compilou relatos de doenças em cerca de 635 espécies de plantas hospedeiras, pertencentes a 402 gêneros em 130 famílias botânicas. Isto no período de 1870 a 2010, com base em 2,8 mil relatos de doenças de plantas no Estado do Rio. Os agentes de todas estas doenças são de espécies as mais variadas – na verdade, mais de 970, pertencentes a 370 gêneros. Foram listados cerca de 300 gêneros de fungos ou pseudofungos (Oomycota), 40 tipos de vírus ou viroides, 15 gêneros de bactérias ou fitoplasmas e dez gêneros de nematoides. Como fruto desse trabalho, será editado o livro “Índice de doenças de plantas do Estado do Rio de Janeiro”, em versões impressa e on-line, para disponibilizar as informações aos pesquisadores e demais interessados.
Os trabalhos desenvolvidos para a tese tiveram a supervisão do professor Silvaldo Felipe da Silveira (LEF/CCTA/UENF) em colaboração com o fitopatologista José Ricardo Liberato, do Department of Resources - Northern Territory Government – Darwin – Austrália, com apoio da UENF e Faperj.
Em esforço complementar, o pesquisador Vicente Mussi Dias levantou as análises das 1.835 amostras de plantas doentes encaminhadas, entre 1995 e 2009, à Clínica Fitossanitária da UENF. A clínica, uma espécie de consultório de plantas, atende principalmente a produtores do Norte e Noroeste Fluminense. O estudo concluiu que cerca de 54% das amostras vieram de lavouras de maracujá, abacaxi, coco, tomate, goiaba ou citros.
Os grandes vilões destas culturas foram os fungos, causadores das doenças em 41% dos casos. Causas abióticas (não relacionadas a organismos vivos) representam 15%, enquanto insetos foram os agentes em 14% das amostras. As bactérias foram responsáveis em 6%, e houve ainda outros causadores, como nematoides, algas, aves e roedores, além de amostras inadequadas para exame.
Amostras de cultura do fungo Fusarium solani (Foto Alexsandro Azevedo / ASCOM UENF) |
- Em muitas lavouras, a morte de plantas foi atribuída à incidência de fungos chamados Fusarium solani e Fusarium oxysporum, agentes causais da podridão do colo e raízes e da murcha vascular, respectivamente, associada à má qualidade do plantio e a problemas de manejo. Muitas plantas foram mortas a partir do florescimento devido à restrição do desenvolvimento das raízes por diversas causas, dentre as quais espelhamento de cova e afogamento do coleto – acrescenta Vicente Mussi Dias.
Tamara Locatelli, aluna e bolsista de extensão |
Consulte a íntegra da tese.
Gustavo Smiderle
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