Abilio Weiand: registros de pesquisa em comunidade quilombola |
Era apenas o encerramento das atividades de uma disciplina optativa do curso de Pedagogia, mas o Auditório Multimídia do CCH/UENF abrigou, na noite desta terça, 13/03, um denso debate sobre os alcances e os limites da aplicação da lei que inclui no currículo oficial da rede de ensino a temática da história e cultura afro-brasileira (Lei 10.693/03). Sob a coordenação da professora Maria Clareth Gonçalves Reis, responsável pela disciplina 'Educação e relações étnico-raciais do curso de Pedagogia da UENF, o encontro reuniu o fotógrafo Abilio Maiworm Weiand (UFF), o professor Renato Emerson dos Santos (Uerj) e a professora Vera Lúcia Neri da Silva (Unisuam), além do presidente da Fundação Municipal Zumbi dos Palmares, de Campos (RJ), Jorge Luís dos Santos.
- O que me preocupa não é a lei, que constitui uma prescrição, mas o que acontece efetivamente nas escolas, nas salas de aula e nos corredres - afirmou Renato Emerson dos Santos, em cuja perspectiva o racismo no Brasil constitui um sistema de dominação afinado com o sistema capitalista.
O fotógrafo Abilio Weiand, que fez registros da comunidade quilombola de 'Chacrinha dos Pretos', na região de Belo Vale (MG), durante a pesquisa de mestrado de Maria Clareth, apresentou pressupostos do trabalho fotográfico aplicado à pesquisa em Ciências Sociais. Em sua visão, a expressão 'Ciências Sociais' abarca um conjunto relativamente amplo de especialidades, incluindo, por exemplo, Sociologia, Antropologia, Ciência Política, Pedagogia, Geografia e Psicologia. Abilio esboçou uma classificação das fotos para pesquisa social em 'fotos para descobrir' - referentes ao momento em que o pesquisador vai a campo coletar informações - e 'fotos para contar' - relativas à fase do processo em que a pesquisa está feita e é apresentada.
- Claro que esta classificação não se dá no momento em que os registros são feitos, mas posteriormente.
A professora Vera Lúcia Neri da Silva relatou a experiência de inserção de uma disciplina específica para abordar a temática proposta pela Lei 10.693/03 na Unisuam. A disciplina, intitulada 'Educação das relações étnico-raciais', tornou-se obrigatória para o curso de Pedagogia e optativa para os demais. Mas teve que enfrentar resistências para se estabelecer - não da direção da instituição, mas de outros professores.
Gustavo Smiderle
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