sexta-feira, 23 de março de 2012

Insetos persistentes


'Bicho-lixeiro' é encontrado em abundância tanto em mata contínua quanto em fragmentos

Fragmentos pequenos de mata nativa podem ser tão importantes para a biodiversidade dos insetos quanto áreas de mata contínua. Em sua pesquisa de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UENF, o agrônomo e licenciado em Biologia Gilson Silva Filho constatou que insetos da família Chrysopidae existem em abundância tanto em áreas protegidas quanto em pequenos fragmentos localizados em áreas particulares. Também conhecidos como “bichos-lixeiros”, eles são muito utilizados no controle biológico de insetos-pragas de culturas agrícolas.

Na pesquisa — que teve a orientação do professor Gilberto Soares Albuquerque, do Laboratório de Entomologia e Fitopatologia (LEF) da UENF —, Gilson avaliou e comparou a diversidade, abundância e sazonalidade dos crisopídeos em duas unidades de preservação permanente da Mata Atlântica: a Reserva Biológica (ReBio) União e o Parque Estadual (PE) do Desengano, além de quatro fragmentos florestais situados no entorno dessas duas áreas.

— Os resultados sugerem que mesmo os fragmentos pequenos são importantes para a manutenção e preservação da diversidade deste inseto no bioma Mata Atlântica, sendo necessário que sejam preservados — explica.

Na pesquisa, ele usou dois métodos de amostragem: a rede entomológica e a armadilha atrativa. Em 13 meses, foram coletados 9.566 indivíduos, distribuídos em 32 morfoespécies, 18 das quais identificadas ao nível de espécie, pertencentes às tribos Leucochrysini e Chrysopini. A primeira foi a que apresentou uma maior diversidade.

Segundo Gilson, em sua fase larval, o crisopídeo se alimenta de insetos-pragas que atacam as plantas. No entanto, são poucas as informações sobre a sua presença na Mata Atlântica do Rio de Janeiro. No Brasil, os levantamentos existentes restringem-se principalmente à Floresta Amazônica e a agroecossistemas.

— Os insetos constituem o grupo de animais mais numeroso do planeta e grande parte deles está localizada nas florestas tropicais. Têm grande importância nos estudos de impacto ambiental e efeitos da fragmentação florestal. No entanto muitos destes insetos ainda não foram estudados, por serem pequenos, difíceis de serem encontrados e viverem nas copas das árvores — diz.

Veja a tese completa aqui.

Fúlvia D'Alessandri

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