sexta-feira, 13 de abril de 2012

Carência de sono prejudica aprendizado


Hora de dormir. Um momento de descanso para muitos, mas de desespero para tantos outros. O que nem todo mundo sabe é que quem dorme pouco pode ter muita dificuldade em assimilar novos conhecimentos. Iniciado em 2009, o projeto “Melhor dormir para melhor aprender”, desenvolvido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Neuropsicologia Cognitiva (NEPENC) do Laboratório de Cognição e Linguagem (LCL) da UENF, tem se dedicado a divulgar para estudantes e professores, de forma simples e direta, conhecimentos a respeito da qualidade e da quantidade de sono necessárias e o papel que as diferentes fases do sono desempenham no processo de aprendizagem — tanto na seleção quanto na  fixação de novas informações.

— A carência de horas de sono leva ao déficit de memória, sonolência diurna, alterações de humor e queda da imunidade. Tudo isso provoca a diminuição da motivação e da concentração, essenciais para o aprendizado — explica a professora Sylvia Joffily, que coordena o NEPENC.

Segundo Sylvia, os professores podem ajudar os alunos conhecendo melhor os mecanismos geradores do sono e sua influência nos processos cognitivos responsáveis pela aprendizagem. E, além disso, podem compartilhar seus conhecimentos com os alunos e com seus familiares em reuniões de grupo.

— Este não é um problema exclusivo do Brasil, mas vem se agravando devido à situação socioeconômica do país, considerando que a aprendizagem depende da qualidade do sono e que este depende da qualidade de vida, a qual envolve fatores como alimentação, moradia, saneamento, segurança, educação e saúde — diz Sylvia.

Dentre os fatores que prejudicam o sono estão o excesso de luminosidade — em maior proporção nas cidades grandes —, o uso indiscriminado de aparelhos eletrônicos, o uso de drogas — dentre as quais se incluem drogas lícitas, como o álcool e a nicotina — além da vida pautada pela competição, característica do capitalismo desenfreado.

Medicamentos que induzem o sono, segundo Sylvia, só podem ser usados quando mudanças nos hábitos alimentares e de vida, além do acompanhamento psicológico, não resolverem o problema. Estes medicamentos atuam sobre os neurotransmissores moduladores do sono, tais como dopamina, serotonina, melatonina, entre outros. Quando utilizados sem a devida supervisão do médico especialista, estes medicamentos podem, além de viciar, causar adversos efeitos colaterais.

Ela dá algumas dicas para um sono melhor: dormir e acordar sempre nos mesmos horários; não ingerir bebidas alcoólicas antes de dormir; evitar bebidas estimulantes como café, chá-preto, guaraná em pó etc.; não fumar; dormir em local escuro, com cama e travesseiros confortáveis; alimentar-se com refeições leves pelo menos duas horas antes de dormir; submeter-se a práticas relaxantes, como a meditação, e só tomar remédios para dormir em ocasiões especiais e sob orientação médica.

Fúlvia D'Alessandri
Rafaella Dutra

Nenhum comentário:

Postar um comentário