sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Mulheres e cidadania


Olympe de Gouges

As novas gerações talvez nem se deem conta do quanto as mulheres ampliaram seus espaços nas últimas décadas. Consideradas inferiores aos homens, durante muito tempo as mulheres sequer eram consideradas “cidadãs”, conforme explicou a professora Marinete dos Santos Silva em sua palestra “Mulheres e cidadania: uma reflexão”, ocorrida no âmbito do I Simpósio de Neurociências da UENF (21 a 23/11).

— No século XVIII, as mulheres não eram consideradas cidadãs e por isso não podiam intervir em assuntos políticos. Acreditava-se que as condições biológicas das mulheres as impediam de exercer funções que não fossem cuidar da casa e seguir a religião, o que mantinha a imagem de sóbrias e reservadas. Além disso, sofriam com a autoridade dos homens — disse Marinete.

A professora, que atua no Laboratório de Estudo da Sociedade Civil e do Estado (LESCE) do Centro de Ciências do Homem (CCH) da UENF, lembrou que, em 1791, a feminista revolucionária Olympe de Gouges escreveu a Declaração dos  Direitos das Mulheres e da Cidadã. Depois escreveu uma peça que não foi "bem vista" pelos jacobinos, e por tal "ousadia", foi guilhotinada em 1793.

Segundo Marinete, somente no início do século XIX as mulheres ganharam espaço no mercado de trabalho, para que pudessem ajudar nas despesas da casa. No entanto, ainda se discutia se elas podiam ou não ser consideradas cidadãs. Em 1869, o filósofo John Stuart Mill escreveu que as mulheres representavam metade da população e deveriam ter o direito de votar, uma vez que as políticas públicas também as afetavam. Stuart apoiava mudanças que permitiriam às mulheres trabalhar fora de casa, ganhando independência e estabilidade financeira.

— Só a partir do século XX começaram a aparecer os primeiros sinais de “vitória”. Mas até hoje as mulheres continuam ganhando menos em empresas privadas e não são bem vistas na política. As mulheres continuam sendo consideradas  donas de casa, mães e esposas  antes de serem vistas como profissionais e trabalhadoras — afirma Marinete.

Rafaella Dutra e Fúlvia D'Alessandri

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