terça-feira, 29 de maio de 2012







De que é constituído o universo?
 As partículas elementares


Adriana Oliveira Bernardes
adrianaobernardes@uol.com.br

A maioria das pessoas que passam pelo ensino médio aprende que os corpos são formados por átomos, que por sua vez são formados por prótons, nêutrons e elétrons. Geralmente, termina-se este segmento de ensino sem saber que prótons e nêutrons também são formados por outras partículas: os quarks. Ou seja, prótons e nêutrons não são partículas elementares, pois são constituídos de outras partículas.

A física de partículas, inserida no que chamamos de física moderna, vem sendo introduzida aos poucos na educação básica. O fato acaba fazendo com que o conhecimento atual não seja de domínio da nova geração, que sofre bombardeio constante da mídia no que diz respeito a vários temas da área. Muitas informações divulgadas estão relacionadas ao funcionamento do maior acelerador de partículas já construído, o LHC (Large Hadrons Colider).

Radiação, partículas e teoria da relatividade são assuntos presentes na mídia nos dias de hoje e, por este motivo, devem fazer parte dos currículos, a fim de motivar o aprendizado do aluno.

Saindo de minha incursão pelo mundo do ensino, voltemos ao assunto que nos propomos a desenvolver: afinal de contas, de que é constituído o universo?

A matéria, tal qual a conhecemos — formada por prótons, nêutrons e elétrons —, representa 4% do total de massa do universo; os outros 96% são formados por matéria escura e energia escura.
Nesses 96%, 23% é matéria escura e 73%, energia escura. Tanto uma quanto a outra não são visíveis e não podem ser detectadas por telescópios.

Sabemos que elas existem devido aos efeitos que causam na matéria visível. Esses fenômenos nos levam a crer que ou as leis físicas devem ser modificadas ou realmente existe algo que nos escapa à compreensão — aquilo que vem sendo chamado de matéria e energia escura.

Uma discussão mais aprofundada do assunto será realizada em artigos futuros. O objetivo deste é tratar especificamente do que chamamos partículas elementares que constituem a matéria.

Uma partícula elementar é o menor elemento do qual é feito a matéria. Elétrons, quarks e fótons, que constituem a matéria, são elementares. Pelo menos, até hoje não se descobriu que são compostos de outras partículas.

Galáxia de Andrômeda: em rota de colisão com a Via Láctea,
 é formada, como todo universo visível, por matéria bariônica,
formada por prótons e elétrons.



Prótons e nêutrons, bem como partículas denominadas hádrons — vale a pena lembrar que o acelerador de partículas, o LHC, é chamado ‘grande colisor de hádrons’ — não são elementares, pois são formados por partículas chamadas quarks.

Existem seis tipos de quarks: top, botton, charm, up, down e strange. Os prótons são formados por dois quarks up e um quark down e o nêutron por dois quarks down e um up.

Cada um dos quarks possui sua antipartícula correspondente. Então temos até agora 12 partículas fundamentais. Porém, os quarks também possuem o que chamamos de cores. Isto está relacionado à sua unidade de carga hadrônica. São três cores diferentes. Se cada quark pode possuir três cores diferentes, já temos em nossa contagem,   um total de 36 partículas elementares.



Foto disponível em http://www.astro.iag.usp.br
O lépton também é uma partícula fundamental. Existem seis deles: elétron, neutrino do elétron, múon e neutrino do múon, tau e neutrino do tau. Cada um possui uma antipartícula correspondende, ou seja, igual, porém com carga contrária. Temos então 12 léptons. Somados aos 36, já chegamos a 48 partículas elementares.

Temos também as partículas de força, chamadas partículas mediadoras: fóton, bóson w, bóson z, glúons e grávitons (não foram detectados). Chegamos ao número 53. Também existem oito tipos de glúons, o que aumenta o número de partículas para 60.

A última partícula, também chamada ‘partícula de Deus’, o bóson de Higgs, ainda não foi detectado, porém trabalhos estão sendo realizados no LHC para detectá-lo e já existem evidências dele em experimentos.

Então, são 36 quarks, 12 léptons, 12 partículas mediadoras e o bóson de Higgs — um total de 61 partículas.

Com a descoberta do bóson de Higgs, estaria fechado o Modelo Padrão, explicando os 4% de matéria visível do universo.

Em breve prosseguiremos nesta viagem pelo interior da matéria. Até lá!


SUGESTÃO DE LEITURA:

Recomendo o texto de Maria Cristina Batoni Abdala, que é completo, descrevendo as partículas elementares e abordando o Modelo Padrão.

http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol6/Num1/charme.pdf

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