Júlio Esteves |
interrupção da gravidez no caso de anencefalia, já que o bebê não tem como sobreviver. Por que o senhor é contra?
Júlio Esteves - Começo a resposta fazendo-lhe a seguinte pergunta: suponha que um médico lhe diga que você tem um problema tão sério no cérebro que não terá como sobreviver por mais de uma semana. Você acharia plausível que ele quisesse interromper logo a sua vida, alegando, por exemplo, que você só vai dar uma despesa inútil consumindo alimentos para manter uma vida sem perspectiva? Evidentemente, você não concordaria com isso. O problema na base desse argumento pragmático a que você aludiu, um argumento quase que “mercantilista”, está em condicionar o valor da vida humana ao tempo de sua sobrevivência, ao passo que a vida humana tem um valor incondicional, é algo que não tem preço, tem um valor absoluto, jamais relativo ao tempo de sua existência. Ou será que a vida de uma pessoa que sobrevive por 80 anos, pois, no fundo, todos somos “sobreviventes”, vale mais do que a vida de alguém que morre aos 10 anos ou a de alguém que vive por apenas algumas horas? E eu acho até engraçado quando algumas pessoas retrucam com um surrado clichê, segundo o qual eu estaria “sacralizando” a vida humana. Costumo responder a isso lembrando que a alternativa à sacralização da vida humana é a sua banalização. E eu desafio qualquer defensor do aborto a admitir que a sua própria vida seja coisa banal! É claro que mesmo um defensor do aborto julga que sua própria vida é sagrada e preciosa. Mas ele se arroga o direito de decidir em que condições outra vida humana pode ser considerada sagrada e digna de ser vivida!
Ciência UENF - Segundo consta, um dos motivos que levaram esta discussão ao STF foi o
elevado número de casos de mães que entram na Justiça para garantir o direito de abortar quando descobrem que o feto tem anencefalia. Como o senhor acha que o STF deveria ter se posicionado sobre essa questão?
Júlio Esteves - A pergunta acima foi colocada por você e respondida por mim do ponto de vista moral. Essa outra pergunta tem a ver com o aspecto jurídico e até político do problema. Para começo de conversa, tecnicamente falando, o Supremo esteve mais uma vez tomando uma decisão que caberia ao Congresso. Ocorre que os parlamentares, por conveniência política, lavam aos mãos e evitam discutir a questão do aborto em quaisquer de suas modalidades, porque sabem que a esmagadora maioria da população brasileira, em suma, seus eleitores, é terminantemente contrária a que se legalize a prática. Desse modo, grupelhos de esquerda tentam encontrar um “atalho” para fazer valer pontos de sua agenda política particular. Isso é muito ruim para a democracia, porque nos países em que se veio a legalizar o aborto, isso pelo menos foi o resultado de uma ampla, franca e democrática discussão entre todos os setores da sociedade. Aliás, a respeito do suposto “grande número de mulheres que recorreriam à justiça para abortar fetos anencéfalos”, você poderia me dizer onde estão as estatísticas oficiais a respeito? De minha parte, o que eu sei é que há um grande, na verdade, um enorme número de mães pobres e carentes que gostariam de poder recorrer à justiça contando com o apoio de ONGs e de grupos de esquerda para, por exemplo, garantir água encanada e esgotamento sanitário em suas casas, de modo a proporcionar uma vida digna a seus filhos, sem falar em escola, alimentação etc. E isso não é achismo de minha parte, não. Dados do próprio Governo Federal, obtidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mostram que apenas 59,1% das residências do país em 2009 eram atendidas pelo serviço de rede coletora ou por fossa séptica ligada à rede. Mas — isto é curioso — por alguma razão, esse tipo de problema não suscita o interesse dos ongueiros e dos grupelhos de esquerda. Na verdade, pare e pense: com tantos problemas sérios que os brasileiros pobres ainda enfrentam para viver dignamente, mesmo depois de praticamente dez anos de um governo supostamente preocupado com o social, você acha que a legalização da permissão para matar possa ser uma demanda urgente da maioria da população brasileira? Claro que não é! O aborto de um modo geral é um pleito da agenda particular de ongueiros e esquerdistas auto-declarados “progressistas”, um pleito totalmente descolado da realidade do povo brasileiro. Essa é também uma razão pela qual os políticos não se interessam por esse tema: se fosse do interesse de expressivas camadas da população, qual político não iria querer abraçar essa causa? Voltando ao aspecto jurídico da questão, a decisão do STF é insustentável: a Constituição brasileira garante e protege o direito à vida. Assim, o STF, que deveria ser o guardião da Carta Suprema, acabou por violá-la em nome de um suposto “direito achado nas ruas”. Além disso, como disse o ministro Lewandowski, com toda correção, o Supremo deu um passo decisivo para permitir o aborto de fetos com má-formação, o que aponta para a eugenia.
Ciência UENF – Então o senhor acredita que isto pode, no futuro, levar à oficialização do aborto em outros casos de anomalias fetais, oficializando práticas eugênicas?
Júlio Esteves - Evidente! Se o critério apresentado para justificar a interrupção da gravidez está baseado numa relação mercantilista entre “custo/ benefício”, onde se põe na balança o tempo e, principalmente, a qualidade de sobrevida do feto, de um lado, e o correspondente sofrimento da mulher, de outro lado, então abre-se o caminho para a permissão da prática em outras formas de anomalias fetais. Chamo a atenção para o fato de que foi exatamente tendo por base princípios de relação custo/benefício para a sociedade que os nazistas autorizaram e praticaram o aborto em tais circunstâncias, ou seja, exatamente a prática da eugenia. Mas, é claro, nossos abortistas não são nazistas, pois são movidos por sentimentos “cristãos”, pela compaixão para com o inútil sofrimento da gestante que traz em seu ventre um feto anencéfalo. Eu só me pergunto por que essa mesma compaixão não os leva a iniciar uma campanha por um programa nacional de fornecimento de ácido fólico, que comprovadamente evita a anencefalia em 50 % dos casos! Também me pergunto por que essas mesmas pessoas não se sensibilizam e não têm a mesma compaixão, por exemplo, para com o sofrimento de uma mãe que vê seu filho sem professor de matemática ou de português numa escola pública!
Ciência UENF – O senhor considera errado, portanto, delegar às mães o direito de interromper ou não a gravidez quando houver um laudo médico atestando a anencefalia fetal?
Júlio Esteves - Como afirmei acima, discordo completamente não só da decisão, mas do próprio procedimento adotado pelo STF, pois feriu prerrogativas do Legislativo. Mas essa pergunta toca numa premissa muito usada pelos abortistas, a saber, a do suposto direito da mãe decidir pela interrupção de uma gravidez, porque, afinal, ela teria direito ao seu próprio corpo. Começo observando que, pelas informações que obtive de especialistas, a anencefalia do feto não acarreta para a gestante nunhum risco físico que já não esteja envolvido numa gravidez normal. Aliás, se fosse o caso, não haveria necessidade de levar o problema ao STF: o aborto de fetos anencéfalos já estaria garantido e consagrado pela lei que permite a prática em casos de risco para a vida da gestante. Agora, deve-se observar que a premissa ético-jurídica que está na base da permissão do aborto em casos de risco para a gestante não é a do direito ao próprio corpo, mas justamente a da proteção da vida humana: interrompendo uma gravidez de risco, sacrifica-se uma vida incerta em prol de uma outra vida capaz de gerar mais vidas. Mas é verdade que cada qual tem direito ao próprio corpo, e também toda mulher e mãe tem direito ao seu, o que não é senão outra maneira de se referir ao direito à própria vida, que eu mesmo afirmei ser algo sagrado. Mas, evidentemente, esse direito tem limites! Suponha que eu esteja muito aborrecido com o casamento, com o não-pagamento da DE pela UENF, com a corrupção endêmica no Brasil etc., e declare para quem queira me ouvir que vou tirar minha própria vida, que considero sagrada, em grande estilo, por exemplo, alugando uma BMW para pilotar a 260 km por hora pela BR-101. E suponha que alguém me quissesse impedir dizendo que eu estaria colocando em risco a vida de pessoas que não têm nada a ver com isso. Seria justo que eu alegasse que tenho direito a fazer com o meu corpo o que bem entendesse? Evidentemente, o direito ao meu próprio corpo e à minha própria vida não me dá o direito de dispor sobre o corpo e a vida dos outros; na verdade, de acordo com algumas teorias morais, com as quais concordo, eu não tenho direito, moralmente falando, a dispor nem de meu próprio corpo e de minha própria vida, ou seja, não tenho direito de retirá-la a meu bel-prazer. Desse modo, os abortistas estão totalmente enganados quando supõem que o direito ao corpo por parte da mulher lhe dê o direito de dispor da vida de um feto a seu bel-prazer. Extrair prematuramente um feto, uma vida humana, não é o mesmo que extrair um dente ou excesso de gordura abdominal! Além disso, como fica o direito dos pais? Nessa discussão, parte-se sempre do princípio de que a parte masculina não está nem aí para a existência ou não da criança, e, portanto, nem precisa ser consultada ou nem tem direito a isso. Mas isso é puro preconceito feminista! E chamo a atenção para o fato de que a sociedade brasileira vive um momento de repúdio absoluto a toda e qualquer forma de preconceito, seja ele de raça, de preferência sexual ou de gênero.
Ciência UENF - É contra qualquer tipo de aborto? Inclusive quando há risco para a saúde da mãe ou quando a gravidez é decorrente de estupro?
Júlio Esteves - A questão da permissão do aborto em caso de risco de vida para a gestante já foi respondida acima. - Já a questão do aborto decorrente de estupro constitui um exemplo daquilo que em ética se chama de “casos-limite”, diante dos quais, sem dúvida, é humanamente difícil dar uma resposta, porque você tem o que se chama de “conflito de normas”. Por um lado, se toda vida humana é sagrada e preciosa, então mesmo nesses casos, a gestação deveria, moralmente falando, ser levada adiante. Afinal, abortar uma criança gerada nessas condições seria punir um inocente que nada fez para merecer isso. As pessoas esquecem muitas vezes que em casos de estupro há não apenas uma, mas duas vítimas. Por outro lado, de fato, não é fácil levar a termo uma gravidez gerada em tais circunstâncias, sendo essa uma das razões pelas quais a permissão do aborto nesses casos é garantida e consagrada pelo nosso ordenamento jurídico. Pois creio, embora não tenha certeza, que se leve em conta também o lado da criança: não há de ser fácil vir a tomar conhecimento de que se foi gerado em tais circunstâncias. Como quer que seja, percebo que há uma tendência a generalizar abusivamente o que vale para um caso reconhecidamente problemático e complexo, a gravidez seguida de estupro, para casos que são de contornos claros e bem delineados, por exemplo, quando um marido ou namorado força a parceira a ter relações sexuais. Há uma tendência por parte dos auto-proclamados “progressistas” a considerar essas situações como casos de estupro, por conseguinte, como admitindo o aborto legal. E aí nos vemos quão “progressistas” e “revolucionários” eles são. Do mesmo modo que eles preferem resolver a anencefalia focando na retirada do feto, ou seja, na consequência, ao invés de se baterem pela prevenção das causas do problema mediante uma campanha nacional pelo fornecimento de ácido fólico, eles também preferem se bater pela permissão do aborto quando a mulher é forçada pelo marido, ao invés de lutarem vigorosamente pela prevenção desse tipo de comportamento, por exemplo, exigindo que se institua uma lei que obrigue o homem a assumir o sustento da criança sob pena de ir para a prisão. Não, os “progressistas” preferem deixar tudo como está: o marido ou namorado poderá continuar fazendo tudo que seu instinto animalesco pedir, pois será permitido à mulher se descartar do traste, ou seja, da criança, tranquilamente, logo em seguida. E os abortistas ainda têm a coragem de chamar seus opositores de “reacionários” ou “conservadores”! Quem é o verdadeiro conservador?
Ciência UENF - O fato de muitas mulheres desejarem o aborto nesses casos não é revelador quanto ao caráter traumático da questão, do ponto de vista da gestante? Como evitar que a manutenção forçada de uma gravidez assim prejudique a saúde psicológica da mulher?
Júlio Esteves - Como eu perguntei acima, quantas “muitas mulheres” são mesmo? Mas, sim, essa situação deve ser mesmo muito prejudicial para a saúde psicológica da mulher, como o é certamente para a saúde psicológica de uma mãe ver seus filhos fora da escola ou brincando sobre o esgoto a céu aberto, como se vê ainda hoje na capital de Pernambuco, o Estado em que nasceu o ex-presidente Lula. De todo modo, se você for pensar dessa maneira, quantas outras tantas situações na vida são traumáticas e causadoras de sofrimento? Lembro do sofrimento psicológico de minha mãe cuidando de meu avô, que morreu de cancer. Bem mais próximo do problema em tela, pense no que devia ser o sofrimento de muitas mães, há uns dez anos atrás, ao tomarem conhecimento de que traziam no ventre uma criança portadora de síndrome de down! De acordo com o que foi aprovado no STF e com o princípio da compaixão para com o sofrimento da mãe, essas mulheres teriam podido abortar fetos com síndrome de down. E, no entanto, sabemos hoje, quantas alegrias essas crianças são capazes de nos proporcionar! Mas, aí vão dizer que isso é totalmente diferente dos anencéfalos; que, nesse caso, não vale a pena o sacrifício. Ao que eu respondo citando o famoso verso de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.
Fúlvia D’Alessandri
Uau... Que virulência! Me impressiona um filósofo usar falácias lógicas como a da "ladeira escorregadia", isto é, que o problema do aborto é abrir caminho para a eugenia. É o mesmo tipo de argumento canalha que diz que o problema com o casamento de pessoas do mesmo sexo é que serviria de precedente pra qualquer um casar com o que quisesse, inclusive seu cachorro! Parece que a preocupação principal do professor é expressar seu desdém pela agenda de grupos de esquerda...
ResponderExcluirpq vc não cala a boca quando não tem o que falar, vai fazer um curso de filosofia, para falar o que preste.
ExcluirEsta resposta vai para o Uenfiano Anonimo acima. O que voce chama de virulencia, eu chamo de discurso apaixonado e fundamentado em favor da vida humana. O problema e que voce esta acostumado com a pasmaceira que reina na Academia brasileira, onde defesas de mestrado e de doutorado sao verdadeiras encenacoes teatrais. Dai que voce estranhe mesmo uma argumentacao criticamente incisiva e questionadora. Com relacao ao desdem pela agenda da esquerda, por acaso, sou um ser humano e, coerentemente, desdenho e desprezo mesmo quem desrespeita e despreza o valor absoluto da vida humana, o que foi desde sempre uma caracteristica da esquerda. Vide a montanha de cadaveres produzidos por Stalin, Mao Tse tung, Pol Pot e os badalados irmaos Castro. Mas dei uma olhada no texto para saber o que poderia ter atingido a sua "sensibilidade", e depreendi que talvez tenha sido o uso da expressao "grupelho", algumas vezes usada com sentido pejorativo. Contudo, como ressalta claramente do contexto, eu a usei no sentido literal do dicionario mesmo, designando "grupo pequeno" ou "fracao insignificante", que e justamente o que eu queria dizer. Mas eu poderia dar uma de ofendido e alegar que, ao me acusar de ter usado uma forma de "argumento canalha", voce poderia estar estendendo a acusacao ao sujeito do argumento, nao e? Mas eu nao preciso disso. Eu sou sensivel e a bons argumentos. Mas isso os abortistas sao incapazes de produzir, limitando-se a lancar mao de surrados cliches, como o da "ladeira escorregadia".
ExcluirJulio Esteves
Professor que maravilha! O senhor está de parabéns quanto a defesa incondicional da vida humana. As pessoas estão fadadas a uma "perfeição" que nos leva aos maiores absurdos contra a dignidade humana. Quem tem o poder de dizer quem deve viver? Quem tem o poder de dizer quem é melhor? Quem tem o poder de escolher quem deve ser feliz? Alguém tem o direito de dizer que uma criança não estaria feliz ao lado de seus pais e de se sentir amada por eles, mesmo que tenham limitações? Enquanto o amor incodicional e por vezes inexplicável não prevalecer, realmente não temos a capacidade de aceitar de forma incondicional a vida com suas alegrias, mesmo que aparentemente pareçam "inúteis" aos olhos egoístas. Alguém tem o poder de responder por uma criança? Alguém pode dizer que ela não estaria feliz em conhecer seus pais e o mundo, mesmo que seja com limitações, limitações estas que não a faz inferior a mim nem a ningém por mais "perfeito" que se ache ser.
ResponderExcluirObrigado. Espero que essa entrevista seja apenas o comeco de um muito necessario amplo debate sobre questoes que, pela omissao ou falta de devida mobilizacao da maioria, estao sendo decididas por uma minoria de militantes profissionais e bastante barulhentos.
ExcluirJulio Esteves
Amélia,
ExcluirUma criança anencéfala não sobrevive e nem tem condições de sobreviver. As pessoas estão confundindo as coisas, a lei não é para aborto de crianças que apresentam deformação congênita de qualquer natureza. Muita gente está colocando isso propositalmente como sa a questão fosse abortar crianças com problemas de malformação, quando a questão é uma criança que não tem condições de se manter viva após o nascimento colocar em risco a vida da mãe. A vida é tão importante que não podemos arriscá-la, agora se a própria mãe achar que vale a pena correr esse risco, isso será respeitado, o que não pode é o estado ditar que alguém seja obrigado a morrer por outra pessoa, nem mesmo pelo próprio filho. Nem os mais fanáticos lideres religiosos obrigariam isso aos seus fiéis. Não vou discutir a matéria do professor acima, pelos equívocos que ele colocou, vê-se que não entende nada de embriologia e tão pouco de neurobiologia, mas respeito que seja contra sem agredir ninguém.
Parabéns!!! A neurobiologia não explica tudo... muitas vezes, se perde, até, em suas próprias explicações!
ResponderExcluirA Ciencia de um modo geral nao explica tudo. Mas isso ocorre nao em virtude de alguma deficiencia dela, mas da sua natureza. A ciencia se ocupa com o SER das coisas, e a etica se ocupa com o DEVER SER. Isso nao significa que conhecimentos cientificos nao sejam relevantes na determinacao do que se deve fazer em determinadas ocasioes.
ExcluirJulio Esteves
Gostei da resposta. Só uma mãe sabe de sua decisão. Depois de muito sofrer, decidi interromper minha gravidez de anencefalo que a ciência não sabe explicar pq. acontece.
ExcluirEmbora não seja grande fã do professor Júlio e de suas opiniões, tenho de concordar com suas colocações postas acima! Acredito que apesar de ser um sofrimento grande saber q o bebê que carrega no ventre não poderá sobreviver mais que algumas horas fora dele,para algumas mães o fato de poder dar um pouco de suas vidas para garantir mesmo que por poucos meses a vida de seu bb indefeso já seria suficiente para estinguir traumas. Outra questão importante: não sabemos o que sente o feto no utero d sua mãe durante a gestação, mesmo q anencéfalo não se sabe como as sensações são transmitidas e que tipo de sofrimentos causa ao feto.
ResponderExcluirObrigado por seu comentario. Voce pode nao ser grande fa meu, mas eu sou declaradamente fa dessa linha de argumentacao que voce desenvolveu em seu comentario. Um abraco,
ExcluirJulio Esteves
Parabéns Professor!!!!
ResponderExcluirNossa!!! O "GUIMARÃES Bordados" está muito nervoso!!! Será que é neurobiologista?
ResponderExcluirAcho que ele esta precisando de um neurobiologista...
ExcluirJulio
Não, acho que o Guimarães bordados quis fazer uma crítica quanto a falta de embasamento filosófico do Uenfiano, com um texto sem coerência da qual também venho destacar! Pela lógica do discurso do professor tenho certeza que ele não se prestaria e nem perderia seu tempo em "expressar seu desdém pela agenda de grupos de esquerda..", até porque os esquerdistas tão se achando muito superiores quanto a questões de extrema importância, que é a vida de milhares de crianças que infelizmente não podem se defender. A vida de um grupo político ou até mesmo religioso perde o sentido quando na realidade o que se prevalece são seus interesses ou ideais egoístas, tudo faz sentido quando se preza por um bem comum. Discursos que defendem a morte de crianças inocentes, são discursos vãos e irracionais. A ciência preza pelo racional e objetivo, no entanto não vejo racionalidade quando se oprime seu semelhante e não se busca a vida de sua própria espécie.
ExcluirCONVIDO TODOS A ASSISTIREM O FILME
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=CJaq7Qi_FYw
Este é um filme de Débora Diniz, produzido por Anis - Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero e pela produtora Imagens Livres - e contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, da International Women's Health Coalition e da Ford Foundation.
Se somos cientistas, que nossas decisões sejam baseadas em estudo. Até aqui vi apenas uma vulgata travestida de reflexão filosófica. Fascina aqueles que naturalmente aceitariam qualquer argumento, desde que, contrário ao aborto.
TODO DIREITO DE DECISÃO ÁS MULHERES,
Não defendendo a decisão do STF que foi questionado e por isso se posicionou, e certo de que existem outros argumentos mais interessantes em favor da posição do Prof. Julio. Vejo as argumentações do professor como ridículas e com muitas lacunas. A pior de todas foi a primeira resposta, onde o professor compara gastos financeiros para manter uma vida em estado terminal a custos biológicos e vitalícios para a mãe que mantém um bebe encéfalo. Segundo: será que apenas o uso de acido folico evita tal situação. e mais quantas "muitas mulheres"? por mim, que seja uma única. Acredito que precisamos pensar melhor e mais na vida de quem está por vir ou mesmo de quem AQUI ESTÁ.
ResponderExcluirVinicius
O Professor Júlio acaba de ganhar mais uma fã! Parabéns, professor! Ter a coragem e a imparcialidade para dizer tamanha verdade, em tempos onde impera a politicagem barata e o desrespeito ao bom debate, faz do senhor não só um cientista brilhante, mas um cidadão ético e digno (espécie em extinção).
ResponderExcluirNão que eu não respeite a opinião oposta, mas tenho me sentido profundamente desrespeitada por pseudofeministas que não respeitam a minha opinião. Cheguei a pensar que eu era a exceção em meio à unanimidade...
Me alegro em perceber que ainda existe vida que pensa fora do lugar comum (fora da caixinha, como dizem por aí...).
Espero que o senhor não se importe com as críticas/ataques... Eles só não existiriam se o que o senhor disse não tivesse a menor relevância.
Obrigado pelas suas palavras.
Excluir(Nao repare na falta de acentos,crases e cedilhas, mas e que estou escrevendo num teclado habilitado para o ingles).
Com relacao a se sentir uma excecao em meio a unanimidade de opiniao contraria a nossa, na verdade, como tentei passar na entrevista, nos somos a maioria, nos, que defendemos o valor incondicional e inegociavel da vida, inclusive a daqueles que parecem ter se esquecido disso e defendem o aborto. O problema e que essa maioria esta emudecida, ao passo que a minoria e barulhenta e politicamente organizada.
Agora, que tempos estranhos esses em que vivemos, nao e? Eu tenho de tentar convencer alguns seres humanos de que eles sao possuidores de uma caracteristica, a vida humana, que por si so os torna sujeitos de direitos (os assim chamados direitos humanos) e objetos do maior respeito, os quais, justamente por uma questao de justica, tem de ser estendidos e reconhecidos relativamente a todo e qualquer outro ser humano.
Sim, os ataques ao texto sao um sintoma de que eu disse algo relevante, algo que mexeu fundo com as "conviccoes" deles... Mas o que me incomoda em tais ataques e que nao passam do que se chama em logica de diferentes formas de argumento ad hominem: em lugar de atacarem os meus argumentos com outros argumentos, eles atacam o argumentador, tentando desqualificar-me das mais variadas maneiras. Isso e tipico de preguica ou indigencia intelectual. Estou a espera de ARGUMENTOS, e nao de xingamentos!
Julio Esteves
Pois é, Professor... atacar o argumentador é o que mais me chamou a atenção nas respostas. É a "morte do diálogo respeitoso e consciente".
ExcluirNão espero que as pessoas concordem em tudo comigo. Seria horrível viver num mundo onde todos pensassem igualmente, programados feito um computador.
O que realmente espero, especialmente num ambiente acadêmico, é ver as pessoas compartilhando idéias e contribuindo para a evolução do pensamento, com dignidade e respeito.
A VIDA DE CADA SER HUMANO É, SIM, SAGRADA! E NÃO O DIGO MOTIVADA POR NENHUM SENTIMENTO RELIGIOSO. SIMPLESMENTE GUIEI A MINHA VIDA INTEIRA TENTANDO "NÃO FAZER A OUTRO SER HUMANO O QUE NÃO GOSTARIA QUE FIZESSEM COMIGO".
TAMBÉM NÃO ESTOU JULGANDO PESSOAS QUE SÃO FAVORÁVEIS AO ABORTO, SEJA ELE POR QUAL MOTIVO FOR. APENAS EXPONHO O MEU PONTO DE VISTA.
Enfim, obrigada pela bela entrevista. Foi extremamente enriquecedora, a meu ver.
Um forte abraço!
Chamar essa figura de filósofo é descer o nível da discussão. Esse rapaz está mais para missionário, quase adre ou pastor, sei lá. Falar que a vida humana é sagrada só pode ser para agradar os religiosos. O que fala é besteira. Mas como a quase totalidade do nosso povo vive no mundo das sombras, um discurso como desse cara pode até fazer sucesso. E, caso não seja apenas um demagogo e acredita nas besteiras que fala, só tenho a lamentar os espaços que essa gente consegue para vomitar. Lamentável!
ResponderExcluirAvelino Ferreira, que não fez doutorado, por isso, não é doutor.
Ai, Avelino... que beleza de argumentação... Para não dizer o contrário.
ResponderExcluirCom um nível tão baixo e agressivo, não me surpreende o carguinho comissionado que ganhou da Prefeita Garotinha... Quem se mistura aos porcos, costuma comer farelo, não é mesmo?
Muita coragem de Avelino Ferreira... tem coragem de entrar em tais discussões acadêmicas? É melhor que continue vomitando suas ideias junto aos ignorantes da política campista que faz parte. Este é um espaço sério e com compromisso com a moralidade! Polpe-nos de argumentos baixos!!!
ResponderExcluirParabéns professor Júlio pela argumentação embasada.
NÃO DOUTOR ACIMA, POR ACASO PODE-SE ANALISAR SEU DISCURSO COMO UMA ESPÉCIE DE RECALCAMENTO?
ResponderExcluirESTUDE MAIS E TERÁ ESPAÇO PARA TAIS DEBATES.
PARABENIZO O ESPAÇO PARA A MATÉRIA DO ABORTO EM ANENCÉFALOS, REALMENTE NÃO PODEMOS LEGITIMÁ-LA APENAS PELOS PARÂMETROS CIENTÍFICOS QUE SE TORNOU UMA ESPÉCIE DE DISCURSO RELIGIOSO/VERDADES ABSOLUTAS, MAS PRINCIPALMENTE PELA BASE DA FILOSOFIA!
É impressionante ler a matérias e os comentários dos colegas e perceber o quanto eles são falhos a partir da interpretação de quem viveu essa realidade. Algum de vocês conversou com uma mulher que teve uma gravidez de anencéfalo. Discute-se o quanto a vida do bebê é importante, mas alguém já pode medir o efeito de todo esse processo para a vida da mãe. Hoje, 4 meses após dar a luz a um bebê anencéfalo, poucas pessoas se lembram, mas eu jamais esqueci o meu sofrimento e o pouco tempo que vivi com minha filha. Os efeitos ainda estão no corpo e permanecerão a vida inteira na alma. Aparentemente a gravidez não implicaria riscos a minha saúde, apesar de ter problemas sérios que foram superados a duras penas durante os oito meses de gestação. Não havia escolha. Eu deveria levar até o final, ou então correr todos os riscos de fazer um aborto clandestino. Se eu pudesse escolher, levaria até o final, pois, após 9 anos de casada, era a minha primeira filha. Não sei se terei outra oportunidade como essa, mas tinha que aproveitar os poucos momentos que a tinha comigo. Há certa altura da gestação ela começou a fazer os primeiros movimentos. Tentei dialogar, mas eram todos involuntários. Perdi noites de sono com ela se revirando em minha barriga sem parar. A médica confirmou que era involuntário. Cientificamente eu tinha um corpo dentro de mim sem NENHUM sentimento humano, como muitos julgam haver. Minha filha mudou minha vida, e a vida de outros que aqui estão. Ela nunca viveu de fato para ela, só para nós. Quase morri no parto. Ela faleceu ainda em minha barriga. Penso que poderia tomar o ácido fólico antes, mas não foi uma gravidez planejada. Penso que se pudesse escolher abortar não teria sofrido tanto, físico e psicologicamente. Não teria vivido os momentos de aflição, esperando-a falecer ou vir ao mundo e eu não ter a oportunidade de vê-la crescer. Vocês já imaginaram a espera do falecimento de seu filho? Então, meus queridos, não queiram ditar regras como se fosse muito fácil simplesmente segui-las.
ResponderExcluirConfesso que, a partir do tratamento recebido após o diagnóstico, aos três meses de gestação, percebi que a ciência pouco tem feito para reverter o quadro. Contentam-se com o simples argumento que não há nada para se fazer e que a ciência não consegue explicar as causas. Fico me perguntando por que.
Todos esses argumentos contra ou a favor enquanto um movimento político ou filosófico são pífios frente a realidade vivida pela mãe. Concordo que, cada um vive sua dor de uma forma muito particular, e ninguém a vive como a mãe e por isso, concordo que ela deve ter o direito de escolher. Todos vocês vão esquecer um dia esse debate, mas eu jamais esquecerei. Por isso, concordo que temos que salvar as vidas que já existem. Não é justo você impor a uma mulher uma gestação como essa simplesmente porque a sociedade falso-moralista quer.
Acho ainda mais absurdo compararmos esse fato com a eugenia. De fato será uma eugenia? Acordem. Abortos acontecem em clínicas clandestinas ou em qualquer buraco. Precisamos mudar mentalidades. Precisamos mudar a nossa relação com a vida humana, que se perde devido aos laços morais baseados em valores tão discriminatórios. Diante dessa mudança, tenho certeza que nenhuma mãe decidirá abortar um feto simplesmente porque ele não tem cérebro e pelo custo financeiro que ele terá. É muito reducionismo. A moralidade deve agir sob o direito de escolha e não o de coerção. Mas o Brasil está longe de saber administrar esse tipo de direito, pois outros indivíduos e instituições querem ser donos da liberdade.
Ainda acho também que esse debate gira em torno da posse do corpo feminino e da regulação das ações da mulher, que sempre foram objeto de poder em nossa sociedade.
Diante das teorias, a realidade ...
Obrigado por seu emocionante comentario!
ExcluirDurante a campanha para presidente em 2010, veio ao conhecimento da sociedade a proposta de legalizacao do aborto, por incrivel que pareca, no bojo de um projeto de plano nacional de direitos humanos encabecado pelo PT. Diante da repercussao negativa da proposta para sua candidatura, Dilma voltou atras e negou o que, contudo, todos sabemos ser verdade: indubitavelmente, e quase que uma ideia fixa de setores da esquerda a legalizacao ampla, geral e irrestrita da pratica do aborto no Brasil, a "vitoria" no caso dos anencefalos sendo apenas um pequeno passo nessa direcao (eles vao "comendo pelas beiradas"). Pois bem, naquela pantomima hipocrita que se seguiu, eu ouvi uma unica frase sincera sendo pronunciada, curiosamente, justamente pela candidata do PT, e que foi mais ou menos assim: "O aborto e uma coisa terrivel; nenhuma mulher quer passar por isso!" Na minha interpretacao, foi um momento de sinceridade total da MULHER Dilma, e nao da candidata e depois presidente eleita que veio a nomear para a secretaria da mulher uma senhora que se gaba de ter feito nao sei quantos abortos! Eu conheci mulheres que fizeram abortos motivados por gravidez acidental. Nenhuma delas jamais se recuperou psicologicamente disso que a propria Dilma, num ato de sinceridade, reconheceu ser uma coisa terrivel, e que eu pessoalmente considero ser uma das maiores violencias que uma mulher pode fazer contra si mesma. Portanto, minha cara, a partir da minha experiencia e mesmo sem ter tido ainda o prazer de conhece-la pessoalmente, arrisco dizer que, com todo o sofrimento por qual voce passou e do qual ainda afirma trazer marcas, voce se encontra numa situacao muito melhor do que a dessas conhecidas minhas, pois sua consciencia esta totalmente tranquila: voce cumpriu, ate o fim, com o seu dever de mae! Mas nao foi so dever, nao! Voce e uma daquelas pessoas que, segundo o verso de Fernando Pessoa, nao tem a alma pequena. Pincei essa frase de seu depoimento acima: "Se eu pudesse escolher, levaria até o final, pois, após 9 anos de casada, era a minha primeira filha. Não sei se terei outra oportunidade como essa, mas tinha que aproveitar os poucos momentos que a tinha comigo". Nao preciso acrescentar nada!
Agora, seu depoimento e de fato muito tocante. Ele so me faz ficar ainda mais revoltado com o uso e a exploracao moralmente indecente que os mencionados setores da esquerda fazem do sofrimento de mulheres nessa situacao, para irem emplacando aos poucos a sua agenda homicida (prefiro dar o verdadeiro nome que as coisas tem, e nao usar eufemismos, dourando a pilula amarga). Alias, voce mencionou o acido folico, nao e? Sabe por que eles nao se interessam por uma ampla distribuicao disso que pode ser um preventivo para o problema da anencefalia? Ora, porque eles precisam do problema, porque, se o problema termina ou diminui sensivelmente, nao se torna mais necessaria a "solucao" (final, como diria Hitler) que eles defendem. E mais ou menos o que acontece com o problema da pobreza no Brasil: se eles trabalhassem mesmo seriamente para erradica-la no pais, entao, nao haveria mais a necessidade de bolsas-esmola, e, com isso, eles perderiam os votos de cabresto ate entao garantidos!
Continuo no proximo comentario.
Continuacao.
ExcluirCom relacao a possibilidade da eugenia, nao e delirio persecutorio de minha parte, nao! Ela ja esta acontecendo, por exemplo, em paises como India e China, onde o aborto de meninas e francamente encorajado pelo Estado e pela sociedade, como se pode ver, por exemplo,neste link: http://www.acidezmental.xpg.com.br/a_china_que_voce_nao_ve_na_tv.html
Assim sendo, sabe qual e a unica medida cabivel para defender
as mulheres e o seu direito em paises assim? Nao isso que a esquerda brasileira propugna, mas justamente a proibicao do aborto, nao e mesmo! Mas poderiam dizer:"Deixa de ser paranoico, isso nao vai acontecer no Brasil"! Quem e que pode me garantir que nao? E quem e que pode garantir que outros criterios, ainda mais arbitrarios e subjetivos, nao possam ser usados no Brasil?
Olha, como disse a mulher e mae Dilma, o aborto e uma coisa terrivel, e a unica maneira de proteger as mulheres e os seus direitos e retirando completamente do horizonte a possibilidade dessa pratica. Quer ver so? Muitos abortistas alegam que nao adianta proibir, porque as mulheres vao continuar abortando clandestinamente, seja em clinicas bacanas da zona sul do Rio de Janeiro, para as que podem pagar, seja em acougues ou "em qualquer buraco", como disse voce, para a maioria das mulheres pobres. A solucao para os pobres seria entao a legalizacao da pratica a ser realizada nos hospitais ligados ao SUS. Governos de um modo geral, e governos populistas e demagogicos em particular, prometem mundos e fundos, so para terem votos, mesmo que nao possam cumprir o prometido, e a proposta do programa do PT e justamente a de que o SUS assuma os abortos legalizados. Ocorre que o SUS, apesar da CPMF e de toda a altissima carga tributaria, ja esta virtualmente falido, como e do conhecimento de todo e qualquer pobre que precise de seus servicos. Bom, se o SUS ja nao consegue dar conta da tarefa tradicional de salvar vidas, imegine o que vai acontecer se lhe for ainda atribuida a tarefa de abreviar sistematicamente vidas? Nao e dificil de prever. Mais uma vez, vai ficar tudo exatamente como esta: as ricas vao continuar indo para as suas clinicas chiques, e as pobres para os acougues, mas com a agravante de que os ultimos agora nao precisarao mais se esconder, porque legalizados. Pergunto mais uma vez: quem e o verdadeiro conservador nessa historia toda?
Aproveito para dirigir um convite tanto a voce quanto a todos os que estao participando desse debate eletronico: venham frequentar, seja oficialmente, seja como ouvintes, as aulas de um curso sobre questoes de Etica e de Bioetica que oferecerei no segundo semestre de 2012. Estendo gentilmente o convite tambem as pessoas que aqui me agrediram, desde que elas se disponham a participar de um verdadeiro debate de ideias.
Um abraco,
Julio Esteves
Cara anônima,
ExcluirImagino como deve ter sido o seu sofrimento! Eu sou mãe de uma menina que nasceu com muitas limitações (Nada que a impessa de sobreviver) e que nasceu após uma gravidez difícil e um parto muito ruim. Rodando o Brasil por estes centros de referência vi muitas situações que eu nem imaginava. Essas mães sofrem muito! Eu digo as mães por que muitas dessas crianças nem entendem o que está acontecendo e que eu finalmente compreendi o significado do ditado "Filho feio não tem pai" pois mãe eles têm. Quando se vai a um centro de tratamento para os diversos problemas e síndromes são raríssimas as crianças ali que não foram abandonadas por seus pais e a única pessoa que lhes resta é a mãe para abrirem mão de praticamente tudo por uma cura que não vai acontecer. Por isso, quem tem que decidir é sim a mulher por que seria o ideal que o pai decidisse junto e fosse responsável, mas isso não acontece. Só não vê quem não conhece.
Eu não estou arrependida de ter tido a minha filha (na verdade estou feliz e eu a amo muito), mas existem casos muito mais graves que o dela e a mãe que opta por cuidar de uma criança assim é uma heroína! Por isso, deveria ser uma opção! É um peso muito grande correr atrás de todo tipo de tratamento desesperado e também ver que as outras crianças falam e a sua não, que as outras andam e a sua não, as outras aprendem e a sua não, as outras enxergam e a sua não, as outras comem sozinha e a sua não. Alguém imagina como é ter um filho que vai depender de você o resto da vida dele e ter medo de morrer pois ninguém cuidará dele como você?
No caso de um anencéfalo deve ser terrível mesmo! Todo mundo quando nota uma gravida comenta e pergunta sobre o bebê e imagine responder que não vai sobreviver. Imagine passar toda a gestação de luto! É muita crueldade! Concordo com o professor Júlio quando diz que o aborto também é terrível (Eu espero sinceramente nunca passar por um), mas acredito que só quem está na situação tem o direito de decidir.
Esta entrevista publicada em um blog institucional muito me envergonha. Acho que os profissionais que cuidam do mesmo deveriam se instruir melhor e publicar postagens relativas a ciência enbasada em conhecimento científico publicado em periódicos.
ResponderExcluirA ideia de um blog institucional é popularizar a ciência, e não este tipo de entrevista carregada com viés político (vide os "grupelhos de esquerda" supracitados. A pior opção para popularizar o debate sobre anencefalia é de alguém sem o mínimo treinamento e conhecimento em biologia e medicina.
Deixo aqui o meu pedido, postem coisas relativas aos vários trabalhos publicados por pesquisadores sérios da UENF ao invés de textos pseudo-científicos como este.
Continuando assim em breve teremos matérias sobre o fim do mundo e homeopatia no tratamento de câncer.
"Wir fühlen, dass selbst, wenn alle möglichen wissenschaftlichen Fragen beantwortet sind, unsere Lebensprobleme noch gar nicht berührt sind." (Ludwig Wittgenstein, Tractatus Logico-Philosophicus, proposicao 6.52).
ExcluirTraducao minha: “Temos a sensacao de que, mesmo que estejam respondidas todas as possiveis questoes cientificas, os problemas da vida nao terao sido ainda absolutamente sequer tocados.”
Julio Esteves
Diante do relato acima, não há nada a acrescentar. Pelo direito de escolha!
ResponderExcluirBela resposta. Traduziu do alemão e não disse absolutamente nada relativo a crítica.
ResponderExcluirEste é o problema de filosofar em temas biológicos sem ter a devida profundidade no tema. Só para dar um exemplo do quão infantis são as palavras do professor e alguns comentários de seus apoiadores, sob o ponto de vista do feto anencéfalo, não há sofrimento algum, uma vez que qualquer conceito de dor e sofrimento passaria pelo sistema nervoso central, totalmente ausente no feto anencéfalo.
Mais uma vez reafirmo: o blog deveria focar nas várias pesquisas sérias que são desenvolvidas na universidade ao invés de propagar ideias que só encontram suporte em grupos religiosos e não suportam qualquer tipo de análise mais aprofundada.
Como voce parece nao ter compreendido que a citacao da passagem de Wittgenstein contem justamente uma resposta a sua critica, entao vou explicita-la para voce. O que Wittgenstein quer dizer e que os problemas existenciais, os problemas mais importantes e mais caros a humanidade, como, por exemplo, a pergunta pelo sentido da vida, pelo que devemos fazer e como conduzir nossa existencia, enfim, as perguntas por cujas respostas, como escreveu Immanuel Kant, o mais douto cientista trocaria todo seu saber, essas perguntas estao completamente fora do alcance da ciencia. E antes que voce pense que Wittgenstein fosse algum padre, alerto que, alem de grande filosofo, ele era engenheiro e arquiteto com solida formacao em conhecimentos cientificos de sua epoca.
ExcluirDesse modo, como se diz em ingles, "you are missing the point" em suas criticas com relacao a suposta falta de "embasamento cientifico" nas minhas reflexoes sobre a permissibilidade moral do aborto. Voce parece achar que a ciencia e capaz de dar conta de ABSOLUTAMENTE TUDO. Engracado, a pretensao de dar conta do absoluto sempre foi apanagio justamente da religiao, da qual voce, contudo, quer manter distancia... Nao, meu caro ou minha cara, a ciencia nao e capaz de responder aos problemas morais,e um exemplo dessa incapacidade pode ser mostrado no que voce apresentou acima. Mesmo partindo do suposto, que vou aceitar "for the sake of argument", de que os fetos anencefalos nao sintam dor, eu ainda pergunto: So what? E dai? O seu raciocinio parece ser o seguinte: como nao sao capazes de sentir dor ou sofrimento, nao ha nenhum problema moral, nao sera nenhum crime extrai-los prematuramente do ventre materno. Engracado, voce me acusou de falta de embasamento cientifico, o que e absurdo, ja que eu nao estava pretendendo me pronunciar sobre um problema cientifico na entrevista. Mas voce agora esta pretendendo se pronunciar sobre uma questao em etica, e eu o acuso agora de falta de embasamento em problemas eticos. Pois capacidade ou incapacidade de sentir dor nao sao criterios para se determinar se alguem e ou nao sujeito de direitos morais. Para nao me alongar demasiadamente, vou tentar ilustrar esse ponto mediante o seguinte exemplo. Certamente, e de seu conhecimento que apos a Segunda Guerra Mundial foi instituido na cidade de Nuremberg um tribunal para julgar crimes cometidos pelos nazistas, em especial os cometidos em campos de concentracao. Ora, suponha que um comandante de um desses campos tentasse se defender da acusacao de ter cometido um crime contra a humanidade alegando que a coisa era feita sem trauma e sofrimento para as vitimas, que ingenuamente pensavam que estavam indo para o chuveiro coletivo, que o gas que eles, nazistas, usavam (se nao me engano, o Zyklon B) matava tao instantaneamente que as vitimas nao sentiam dor. Parece que, de acordo com o seu "criterio de moralidade", os juizes teriam de absolver o comandante...
O mais chato dessa discussao eletronica e que eu fico dialogando com anonimos, com mentes sem nomes. Sinceramente, eu gostaria muito de poder conhecer as pessoas com quem estou junto em busca de respostas.
Julio Esteves
Devemos ter serenidade para lidar com assuntos tão peculiares. A vida humana por um acaso se tornou briga política? Quando uma sociedade retira a sacralidade da sua própria espécie, não conseguimos ter palavras para expressar tal decadência. Torno a repetir, a VIDA HUMANA NÃO É BRIGA POLÍTICA. É questão de amor, de ética. Porque as baleias, os pássaros silvestres valem mais que o homem? Não entendo isso. Porque se gasta milhões para preservar a natureza e existem pessoas querendo a morte de sua própria espécie? Isso é incoerência.
ResponderExcluirA vida humana é a vida humana. A serenidade, a paciência e o amor nos faz superar as dificuldades e vencer os sacrifícios. Um grande amor é capaz de superar tudo e vencer sempre!
Politicagem ou ideologias egoístas com a vida humana, usando pretextos de falta de uso científico na discussão? Não entendi. Uma discussão saudável e racional em um país democrático é feito de trocas e crescimento individual e coletivo, não de humilhações...
Até porque ainda não achei um artigo científico de altíssimo impacto que mostrasse em uma estatística que possa se dizer perfeita que bebês anencéfalos não são seres humanos ou que não tenham sentimentos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEstou postando um vídeo emocionante de um caso de anencefalia, onde os pais estão prontos a defender a vida de seus filhos...
ResponderExcluirO nome do anjinho é Vitória de Cristo, sobreviveu ao parto e vem dia-a-dia superando as expectativas, alegrando sua família e mostrando para todo o mundo que não importa quão difícil seja viver, entretanto, viver é magnífico.
http://www.youtube.com/watch?v=q98oHkzSa6U
Quão triste é achar que matar quem não nos parece perfeito ou merecedor da vida é coerente e certo.
Quão triste deve ser, não ser aceito por seus pais...ser morto por quem deveria te defender, deve ser lancinante ao coração...
Estou lembrando do caso de uma mamãe de família que sofreu um AVC durante seu mestrado na USP, o que ela fez? Desistiu? Quis se matar? Não teve o apoio de sua mãe e de sua família. E o que ela fez? Foi fazer seu doutorado, e hoje é doutora pela USP, não fala e não se mexe, apenas acreditou que valia a pena viver... Deficiência todos temos, e nem por isso devemos ser "abortados" pela vida, nem por quem não nos suporta, porque não cabe nem a mim nem a você dizer quem merece ou não viver.
Olá, Júlio!
ResponderExcluirFui sua aluna na graduação. Atualmente estudo a problemática da legalização do aborto no Brasil. E, desde já me assumo feminista. Sendo assim, gostaria de fazer algumas observações às suas colocações. Em primeiro lugar, a luta pela legalização do aborto nada tem a ver com o desmerecimento ou enfraquecimento de outras lutas igualmente legítimas, tais como as que você menciona em sua entrevista. Na verdade, em grande medida, acredito que sejam lutas relacionadas e acredito também que os mesmos “grupelhos” de esquerda que você critica são os que mais se mobilizam diante desses problemas. Ademais, como sua própria fala aponta, na maior parte dos países onde o aborto é legalizado, a legalização partiu da mobilização de diversos setores, muitas vezes de direita, e não apenas dos “grupelhos” de esquerda. Nesses mesmos países, muitos estudos mostram (apesar da precariedade dos dados sobre os abortos clandestinos) que não houve um crescimento vertiginoso da prática, como parece ser o temor de muitos. Na verdade, todos os “abortistas” que eu conheço também são favoráveis às políticas de planejamento familiar e de contracepção, mas, como é sabido, os métodos contraceptivos não são infalíveis. Quanto à atuação do STF, a despeito do grande debate suscitado nos meios acadêmicos sobre a judicialização da política, a ADPF é um instrumento constitucionalmente reconhecido e que autoriza, sim, o STF a decidir questões como a interrupção da gravidez de fetos anencéfalos, por meio da interpretação dos dispositivos legais à luz da Constituição. E Poder Judiciário não apenas pode, mas deve concretizar os direitos fundamentais (ainda que de uma minoria), mesmo que uma maioria parlamentar não deseje fazê-lo. Na linha de uma argumentação jurídica, a defesa que você faz de direitos “sagrados” é totalmente questionável, pois não existem direitos absolutos em nosso ordenamento jurídico (que, certamente, não é de esquerda), nem mesmo o direito à vida. E isso não significa banalizar por completo esse direito, mas apenas relativizá-lo em face de outros direitos fundamentais, como a saúde, a intimidade, a liberdade, e mesmo a vida (entendida como vida digna) da mulher. Aliás, é isso que já acontece na outra hipótese de aborto legal que nós temos no Brasil, qual seja, o aborto sentimental, quando a gravidez é fruto de estupro. Aliás, nesse momento, com todo o respeito que tenho ao debate intelectual, acredito que sua fala foi extremamente preconceituosa, pois os “abortistas” são, certamente, os primeiros interessados em combater o problema da violência doméstica. Não conheço um só “abortista” que queira “tapar o sol com a peneira” como você sugere. Além disso, não se trata de fazer uma generalização leviana, é uma constatação jurídica clara e objetiva: parceiros que forçam suas parceiras a terem relações sexuais cometem crime de estupro! A última parte da sua entrevista me lembrou a exposição do Ministro Cezar Peluso ao julgar improcedente a ADPF 54. Disse ele que o sofrimento é inerente à vida humana. Talvez realmente seja. Mas não é possível ser cego à percepção de que o sofrimento costuma ser muito mais “inerente” à vida das mulheres. E nós, sobretudo, que atuamos junto às ciências humanas, sabemos que essa não pode ser uma simples coincidência, ou uma imposição da natureza, ou dos Deuses...
Sana Gimenes (Aluna do PPGSP da UENF)
Oi, Sana, que surpresa ve-la por aqui! Obrigado por seu comentario, escrito em tom apaixonado, mas respeitoso, e buscando apresentar argumentos.
ExcluirBem, voce se assume como feminista, e eu me assumo como humanista (como foi observado corretamente no comentario que se seguiu ao seu). O humanismo e mais inclusivo que o feminismo, pois alem de reconhecer que a mulher tem direitos, ele tambem os reconhece relativamente aos homens e as criancas. Na verdade, ele reconhece os direitos da mulher exatamente na medida em que ela e um ser humano. O humanista nao admitira, por exemplo, que se cometa uma violencia fisica contra uma mulher pela mesma razao que nao admitira que se a cometa contra um homem. Contudo, as feministas parecem achar que isso e insuficiente; elas querem que sejam concedidas as mulheres determinados direitos diferenciados e prerrogativas em virtude da especificidade do “ser mulher”. Ora, por mais generalista que seja, o proprio humanismo abre espaco para a concessao de direitos diferenciados e prerrogativas a pessoas em situacoes de fragilidade, como, por exemplo, portadores de necessidades especiais, doentes em geral, idosos, criancas e mulheres gravidas. Ora, o feminismo parece resultar de uma mescla de principios de certo modo contraditorios e antagonicos. De um lado, temos o principio da fragilidade essencial da mulher, como esta ilustrado na sua alusao “ao sofrimento que costuma ser muito mais “inerente” à vida das mulheres”, no final do seu comentario. Mas, de outro lado, longe de ver a mulher como uma “pobre coitadinha”, o feminismo e antes de tudo uma posicao de forca, uma atitude de afirmacao do valor e do poder da mulher. Assim, dialeticamente, da fragilidade essencial da mulher gerar-se-ia uma forca essencial. Indubitavelmente, gracas exatamente ao movimento feminista, as mulheres tem provado o seu valor e capacidade nas mais variadas atividades, muitas delas antes “propriedade privada” dos homens. Com isso estou de acordo e a isso aplaudo. Mas nao posso concordar que disso se derivem determinados direitos e prerrogativas as mulheres, como, por exemplo, o direito de tirar a vida de outro ser humano, de um feto ou mesmo de um embriao. E como se o principio feminista da forca essencial da mulher tivesse se hipertrofiado e atingido o paroxismo de assimilar o “ser mulher” ao “ser deusa”, concebendo as mulheres como deusas dotadas do direito de decidir sobre a vida e a morte, sem respeitar limite algum, sem respeitar o direito de determinados “meros reles seres humanos”. Enquanto concepcao ou teoria moral, o feminismo e um equivoco e uma monstruosidade.
Continua no proximo comentario.
Quero aproveitar esse gancho para explicar o que entendo pela expressao “sacralidade da vida humana”, que foi erroneamente interpretada por alguns desatentos como traindo alguma referencia religiosa de minha parte e que tambem recebeu criticas de voce. Ora, eu nao afirmei e nem sequer deixei implicito em parte alguma da entrevista que considero a vida humana algo sagrado porque, por exemplo, sejamos todos filhos de Deus. Longe disso, eu defendo uma concepcao claramente laica e baseada no modo como cada um de nos, e, como eu disse, mesmo os abortistas, concebe a si mesmo. Com efeito, cada um de nos concebe a propria vida e o proprio corpo como algo sagrado no sentido de serem inviolaveis e intocaveis por terceiros, por exemplo, por torturadores a servico de uma ditadura. Todos nos nos sentimos profundamente agredidos quando nos tratam como meros objetos, como coisas que podem ser usadas e abusadas. Em suma, como mostrou Kant, cada um de nos representa a si mesmo e a propria existencia nao como um simples meio a disposicao de terceiros, mas como um fim em si mesmo, como algo dotado de um valor absoluto e unico e que deve ser respeitado. Em suma, o que entendo por “sacralidade da vida humana” e exatamente aquele conjunto de direitos que as feministas geralmente associam de preferencia a mulher, e que os humanistas nao veem nenhuma razao para nao reconhecer tambem no resto… da humanidade. Ainda sobre a questao da religiao, embora eu nao deva satisfacao a ninguem a esse respeito, declaro que sou agnostico. O agnostico e as vezes assimilado ao ateu, o que nao e correto, porque o ultimo supoe que possa saber algo que o agnostico sustenta ser impossivel, ou seja, saber que Deus nao existe. O agnosticismo resulta do reconhecimento das limitacoes necessarias do conhecimento humano relativamente a certas questoes cruciais. Mas embora o agnostico sustente que nao se pode saber se Deus existe ou nao, ha uma coisa que os agnosticos sabem com toda certeza: QUE NAO HA DEUSES OU DEUSAS ENTRE NOS. Desse modo, em conformidade com essa verdade indubitavel, o humanista agnostico recusa terminantemente que as mulheres tenham prerrogativas que so caberiam a deuses, se existissem, como a de dispor sobre a vida e a morte. Ainda a esse respeito, se estiver correto o que voce afirmou sobre a nao garantia absoluta de certos direitos fundamentais, como o direito a vida, pela Constituicao brasileira, entao estara confirmado o que venho suspeitando a partir da leitura do noticiario brasileiro: nos estamos vivendo numa especie de regime discricionario que flerta escancaradamente com praticas tipicas de estados ditatoriais, como o demonstram as reiteradas tentativas do que e eufemisticamente chamado de “controle social da midia”. (Seria o caso entao de eu pedir asilo politico e ficar por aqui?)
ExcluirContinua a seguir
Alguns comentarios a minha entrevista censuraram a referencia a atuacao politica do que chamei de “grupelhos de esquerda” no caso do aborto de anencefalos. Alguns acharam inadequada a introducao de consideracoes de ordem politico-partidaria nessa discussao. Essa opiniao e, a meu ver, fruto de ingenuidade. A permissibilidade do aborto no caso dos anencefalos e claramente somente uma primeira etapa, uma primeira “vitoria” na agenda politica dos grupos mencionados. Alias, o comentario de Sana tem tambem o merito de nao ser hipocrita: ela aponta de uma maneira suficientemente explicita que o objetivo a ser alcancado e o direito a “liberdade total da mulher”, ao aborto amplo, geral e irrestrito. Outros se sentiram ofendidos pela expressao “grupelhos de esquerda”. Ora, em primeiro lugar, e um fato que, pelo menos no Brasil, as reivindicacoes abortistas sao feitas por setores da esquerda, ao passo que a assim chamada “direita conservadora e reacionaria” ligada as igrejas se opoe a isso. Tradicionalmente, a direita de um matiz mais laico e legalista sempre defendeu certas medidas sociais duras, como a introducao da pena de morte, por exemplo, no que sao criticados pela esquerda. Contudo, curiosamente, eu ja ouvi da boca de abortistas supostamente “esclarecidos” que o Estado deve incentivar e ate executar o aborto em mulheres privadas de condicoes socio-economicas para criar uma crianca. Segundo eles, com essa medida de carater de saude publica, o Estado estaria evitando problemas futuros para a sociedade. Ora, no meu modo de ver, isso nao passa de defesa da “pena de morte preventiva”: e melhor matar logo o futuro pivete, antes que de dor de cabeca para a sociedade. Assim, direita e esquerda parecem as vezes ser irmaos siameses, tao semelhantes que sao. Por isso, minha cara Sana, nao me causa nenhuma surpresa a sua observacao segundo a qual setores da direita tambem defenderam o aborto em outros paises. Na verdade, na entrevista, eu proprio havia mencionado que o aborto fora praticado por um governo de extrema direita, mais exatamente, pelos alemaes nazistas. Nesse sentido, na reivindicao do respeito incondicional a vida humana, os humanistas se opoem igualmente aos totalitarios de esquerda e de direita. Com relacao a expressao “grupelhos”, que parece ter ofendido algumas sensibilidades, o contexto mostra claramente que a empreguei no sentido literal, e nao no sentido pejorativo, como ocorre algumas vezes. O que afirmei, e tambem e um fato, foi que a reivindicacao do direito ao aborto e feita por pequenos grupos formados e/ou liderados sobretudo por intelectuais da academia, sendo a esmagadoria maioria de orientacao de esquerda, a qual nao encontra eco e apelo entre as camadas majoritarias de nossa populacao, que, de resto, esta mais preocupada em como (sobre)viver. Isso posto, vou me permitir agora aqui um breve desabafo. Eu gostaria de saber se os defensores do aborto tem algum elogio, gentileza ou algo positivo em mente quando tacham seus opositores como “reacionarios”, “conservadores”, e ate “fanaticos religiosos” ou “carolas de igreja”!!!! Por mais que eu empregue todos os recursos da hermeneutica, nao consigo depreender nenhuma conotacao positiva no campo semantico dessas expressoes. Muito pelo contrario, elas todas contem elipticamente conotacoes as mais depreciativas. Parece que essas pessoas se julgam dotadas da prerrogativa de ofender quem ousa divergir delas e acham intoleravel quando somente pensam que estejam sendo ofendidas. Alias, e uma rematada tolice, fruto de preconceito irrefletido, insinuar que quem se opoe ao aborto so pode ser um “fanatico religioso” ou “carola de igreja”. A questao do valor incondicional da vida e algo que esta no interesse de TODOS os seres humanos, sejam eles cristaos, ateus, agnosticos, flamenguistas, vegetarianos, etc. Agora, eu me sinto muito mais confortavel ao ver que minha tese anti-abortista se coaduna com principios de uma doutrina como a crista, do que eu me sentiria se eu defendesse uma pratica tambem adotada pelos nazistas
ExcluirEncerrando.
kkkkkkkkkkkk
ExcluirArgumentação floreada juridicamente, mas não convence.
ALIÁS, VALE DIZER: ARGUMENTAR QUE A LIBERAÇÃO DO ABORTO NÃO AUMENTARIA O NÚMERO DE ABORTOS FAZ A GENTE CONCLUIR QUE LIBERAR HOMICÍDIO, OU ROUBO, OU ESTUPRO... NÃO FAZ DIFERENÇA! AFINAL, CRIMINALIZAR CONDUTAS NÃO MUDA NADA! PELO QUE VOCÊ DISSE, ACHO QUE ATÉ MELHORAM AS ESTATÍSTICAS! OU SEJA, A SOCIEDADE É O QUE É, INDEPENDE DE LEIS E VAMOS LIBERAR!
OU ESSA REGRA SÓ VALE PARA O QUE AS FEMINISTAS QUEREM LIBERAR?
Simplesmente perfeito! Estou vendo que a minha entrevista encorajou a se posicionarem as pessoas que ousam pensar diferente a respeito do que e falsamente passado como sendo a "opiniao majoritaria" sobre a liberacao do aborto. E isso ai: libera geral que tudo ficara em seu lugar! Vamos comecar uma campanha junto com as feministas pela legalizacao da corrupcao no Brasil! De acordo com as premissas delas,a pratica talvez ate diminua... Francamente...
ExcluirJulio Esteves
Julio Esteves
Esta discussão deveria ser travada sem insultos; são dois pontos de vista defensáveis e passíveis de gerar convencimento. Parece que o prof. Julio está mais perto do ponto de vista mais sensato. A radicalização do direito à vida frente a outros direitos importantes vai na linha humanista que, por exemplo, protege o direito da criança e do adolescente da fúria eventual de maiorias desejosas de punição de delitos. Ou ainda na linha que obriga filhos a cuidar de pais idosos, a despeito do que isto causa de impactos a seus direitos individuais. Se isto é ‘de direita’ ou ‘de esquerda’ não importa.
ResponderExcluirProfessor Júlio,
ResponderExcluirSou mulher e defendo meus direitos com unhas e dentes. Espero ser tratada de forma igual aos outros seres humanos no que sou igual. Também espero ser tratada diferente no que sou diferente (para melhor ou pior, conforme o caso, certo?).
Dito isto, respeitosamente, venho expor o que penso sobre a maior parte das feministas (não posso generalizar): são "estudiosas" do feminismo, mas não exatamente praticantes (exceto no que interessa pessoalmente a elas). Isso acontece em outros casos, como os que dizem cristãos, por exemplo, mas para não "radicalizar", não seguem a doutrina toda pq está "ultrapassada em algumas coisas". Há ainda aqueles que se dizem comunistas, mas não conseguem dividir nem bolacha de água e sal com o próximo, não conseguem imaginar como viver sem a última roupa da moda!
Se ser feminista é lutar pelos direitos da mulher, não consigo imaginar um direito mais privilegiado do que gerar uma vida. Apesar disso, se a mulher não quer ter filhos, ela pode tomar anticoncepcional, fazer abstinência, cortar as trompas... sei lá! O que não faltam são opções, inclusive disponíveis através do SUS!!! Se a mulher não foi estuprada (caso em que eu, pessoalmente, entendo ser compreensível a mulher querer o aborto, já que a gravidez realmente não foi uma opção), ela admitiu o risco de conceber uma vida ao iniciar uma relação sexual sem se prevenir. Se assumiu o risco, deve também assumir as consequências (óbvio que o parceiro também). O que não pode é impor à um bebê/feto a responsabilidade por um ato consciente e livre!
Aí, nessa hora diriam que nem toda mulher tem acesso à informação, ou mesmo ao SUS... Ora! Se esse é o problema, que se lute por ampliar o atendimento e a informação e não pela pena de morte aos "intrometidos fetos que vêm ao mundo sem serem chamados"!
Enfim, como o senhor mesmo expôs acima, feministas não podem imaginar que são as únicas "detentoras do sofrimento". É preciso tomar muito cuidado com o exagero! Quando se ultrapassam os limites, podemos conseguir o efeito oposto: ao invés de continuarmos superando obstáculos que nos foram impostos por puro preconceito, vamos acabar sendo "as chatas da humanidade", reclamantes por natureza e sem causa... e aí sim veremos o que é exclusão social!
Olha, eu nao poderia acrescentar uma virgula ao que voce escreveu. Estou de pleno acordo com absolutamente tudo o que voce expos, mas achei particularmente digno de nota a observacao feita por voce sobre as feministas se tornarem "as chatas da humanidade". O movimento se constituiu em algo tao fanatico e sectario que nao seria permitido a mim ou a um outro homem qualquer expressar essa mesma opiniao, que, no entanto, parece-me corresponder a realidade. Talvez fosse conveniente voce postar este seu comentario no blog da entrevista da professora que pensa diferente de nos.
ExcluirJulio Esteves
Professor, não creio ser necessária a transferência de meu comentário para lá. Acho, inclusive, que a entrevista que ela concedeu foi em função da grande repercussão da sua e, portanto, ela(e todos os que vierem a comentar na entrevista dela) certamente está lendo todos os comentários aqui publicados.
ExcluirNENHUMA DAS PARTES IRÁ MUDAR DE OPINIÃO SÓ EM LER TAIS ARTIGOS E COMENTÁRIOS. PELO MENOS NÃO IMEDIATAMENTE. MAS AS IDÉIAS ESTÃO PLANTADAS E CERTAMENTE IRÃO FLORESCER EM ALGUM MOMENTO FUTURO.
ResponderExcluirESPERO QUE TODOS SAIBAM SE COLOCAR NO LUGAR DO PRÓXIMO (E ACREDITO QUE UM BEBÊ NA BARRIGA TAMBÉM É UM PRÓXIMO) PARA QUE A "LEI DA AÇÃO E REAÇÃO" NÃO CAIA SOBRE NOSSAS CABEÇAS.
NÃO CONHEÇO UMA SÓ MULHER QUE TENHA ABORTADO E NÃO TENHA SE ARREPENDIDO AMARGAMENTE.
Lamentável esse texto. Como ex-aluno, me sinto envergonhado em ver um texto como esse sendo divulgado como "ciência" pela própria UENF. Não há o que ser comentado. Os absurdos já foram ditos.
ResponderExcluirAtt,
Victor Cesar Torres de Mello Rangel
nota de esclarecimento.
ExcluirFui convidado a dar a entrevista para o blog da ciencia porque me posicionei diante de uma conclusao de carater MORAL e ETICO a que o professor de biologia havia chegado a partir da constatacao de carater CIENTIFICO segundo a qual o feto anencefalo nao teria capacidade de sentir dor. Como fiz acima em resposta ao comentario do "cientista", eu mostrei que quem pretende sustentar que o aborto de um anencefalo nao e um crime porque nao pode causar dor ao feto teria tambem de admitir, por exemplo, que, se os nazistas pudessem provar que matavam suas vitimas sem causar dor, teriam de ser absolvidos. Em suma, obviamente, matar produzindo dor e uma AGRAVANTE a um crime, mas matar sem causar dor e ainda assim um crime.
Agora, eu estou precebendo que essas manifestacoes de critica supostamente ao tema de uma entrevista dada a um blog da ciencia nao tem a ver propriamente com o tema, mas com o SUCESSO que ela alcancou na quantidade de acessos e de comentarios. Pois nao foi a primeira vez que um tema "nao-cientifico" apareceu no blog da ciencia... Cientistas, nao fiquem incomodados! O interesse na entrevista se deveu a duas coisas: 1) ao fato de que o debate publico sobre o aborto no Brasil esta sendo, literalmente, "abortado", ou seja, esta tendo seu nascimento negado por grupos que sabem que vao perder se o debate for conduzido democraticamente. Dai que as pessoas fiquem interessadas quando alguem tem a coragem de se manifestar contra isso. 2) Inegavelmente, como foi reconhecido por alguns comentarios, a entrevista tem tido todo esse sucesso tambem pela abordagem original que faco sobre o tema, por exemplo, com a introducao de um conceito de sacralidade em sentido laico.
De resto, sou agradecido ate mesmo aos cientistas, que com suas criticas aumentaram ainda mais o sucesso da entrevista. Mas, por favor, parem de tentar impor aos editores do blog regras sobre o que deve ou nao ser tema de entrevistas!!!
Julio Esteves
Discordo. Acho que temos que impor regras sobre o que deve ou nao ser tema de entrevistas sim! Afinal, o Blog é sobre Ciência, e tem por objetivo maior divulgar para a sociedade a produção científica da UENF. Portanto, é um blog para DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA!!! Acho o debate sobre a moral e a ética do aborto muito válido e importante, assim como sobre outros temas, mas está no fórum errado. Por que o Prof. Julio Esteves, agora que acredita que se tornou bastante popular, não sugere à ASCOM que seja criado um novo blog? Algo como "Blog da Filosofia", "Blog da Retórica Barata", "Blog da Moral, da Ética e dos Bons Costumes", ou qualquer outro nome mais apropriado? Fica aí a dica............
ExcluirAna Tereza Marques de Souza
ResponderExcluirParabéns professor Julio Esteves, pelas boas respostas as perguntas da entrevista. Assim como o senhor que é Filósofo e defensor da não legalização do aborto no Brasil temos também outras pessoas que vivem em sociedade e são graduadas e ocupam posições influente como os próprios ministros do STF: Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso que com argumentações plausíveis defenderam aos acefálicos, não com ideias fajutas mais com argumentações éticas e de Moral.
Infelizmente vivemos numa sociedade mesquinha onde se predomina, o achismo, e a corrupção, a não valorização da educação e do conhecimento, com isso somos obrigados a nos deparar com certos tipos de 'conversas' mas graças a ideólogos corajosos como o senhor que pensam contra esse sistema de anti-conhecimento que temos a oportunidade de continuarmos a viver como seres humanos responsáveis pela nossa própria subsistência.
Q beleza, Profº Julio !
ResponderExcluirSaudades dos debates na disciplina Bioética !
Pollyana Louzada
Impecável, é a única palavra que me vem à mente após ler este grandioso texto. Minhas mais altas parabenizações ao Professor Júlio! Incrível desdobramento da argumentação e uso de analogias.
ResponderExcluirSAPERE AUDE