domingo, 29 de julho de 2012

Nova Plataforma Lattes


A plataforma conta agora com abas em que a comunidade científica e tecnológica poderá registrar informações sobre inovação, educação e popularização da ciência e tecnologia e patentes e registros, que ganham um módulo específico.

A nova Plataforma Lattes foi lançada oficialmente, nesta segunda-feira (23), durante a Conferência "Ciência, Tecnologia e Inovação como protagonistas do Desenvolvimento Sustentável", proferida pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, na 64ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Luís (MA). A nova versão traz funcionalidades que introduzem possibilidades de analisar de forma sistemática as atividades de ciência e tecnologia.

A plataforma conta agora com abas em que a comunidade científica e tecnológica poderá registrar informações sobre inovação, educação e popularização da ciência e tecnologia e patentes e registros, que ganham um módulo específico. Para o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, as informações disponibilizadas neste sistema deixam de ser somente declaratórios e acrescentam o elemento de confiabilidade dos dados.

Para aqueles que vão informar suas inovações, será necessário indicar o CNPJ da empresa onde foi desenvolvido o projeto, entre outras informações. Após preencher os dados, um e-mail será encaminhado ao responsável pela empresa onde ocorreu a colaboração para certificação do projeto. Já na aba Patentes, o pesquisador poderá incluir o número da patente e os todos os dados serão recuperados na base de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Após isso, ao lado da patente indicada, aparecerá o símbolo de certificação deste instituto.

Segundo Glaucius Oliva, em razão da introdução destas mudanças, os critérios de avaliação de projetos do CNPq passam a considerar o mérito científico do projeto; a relevância, originalidade e repercussão da produção científica do proponente; a formação de recursos humanos; a contribuição científica, tecnológica e de inovação incluindo patentes; a inserção internacional da pesquisa; a contribuição em educação e popularização da ciência entre outros quesitos.

(Jornal da Ciência, 26/07/12)

quarta-feira, 25 de julho de 2012




Nutrição e câncer


Karla Silva Ferreira e
Luiz Fernando Miranda*


Muitos acreditam que o consumo de carne vermelha, vegetais com agrotóxicos e outros alimentos com potencial cancerígeno seria o suficiente para explicar o elevado índice de câncer no mundo.  Mas não é o que afirma a Organização Mundial da Saúde, ao explicar que o câncer é causado por fatores múltiplos, que podem estar associados ao envelhecimento, mutações genéticas, tabagismo, inatividade física, infecções, carcinógenos que não estão em alimentos (poluição, radiação etc), dieta e alcoolismo.Portanto, o cãncer é resultado de um somatório de fatores dinâmicos que todos nós vivenciamos.

Embora não existam estudos comprovando que alimentos curem o câncer, eles não deixam dúvida de que alimentos ricos principalmente em carotenoides, antocianinas, flavonoides, polifenóis, selênio, vitamina E, C, A e D, se consumidos sem excesso e regularmente, são eficientes na prevenção de tumores malignos (figura 1).

Entretanto, ainda que existam compostos saudáveis em alguns alimentos, às vezes ocorre justamente o contrário. Há estudos epidemiológicos que relacionam o consumo de determinados alimentos ao surgimento de alguns tipos de câncer, como é o caso dos embutidos.  Alimentos como bacon, presunto, linguiça e vegetais contaminados com agrotóxicos, ricos em compostos nitrosos, contribuem para a formação de nitrosaminas, que apresentam potencial carcinogênico.

A formação desta substância é aumentada quando se aquece alimentos curados (exemplo: presunto, bacon e salsicha). O consumo de carne em excesso não é saudável. Além disso, nas carnes queimadas, conforme é comum ocorrer em churrasco, também há formação de substâncias carcinogênicas.      Este é um exemplo, entre muitos, de que a nutrição, quando trabalhada de forma adequada, pode minimizar os efeitos danosos da má alimentação, evitando radicalismos e dietas insustentáveis.    




Figura  - Exemplos de fontes: vitamina E (sementes oleaginosas, óleos vegetais e fígado), Vitamina A (fígado, vegetais amarelos e verdes), Vitamina C (frutas em geral), Vitamina D (leite e derivados, peixes e fígado), selênio (castanhas, peixes, carnes, laticínios), polifenóis (azeite, chá verde, frutas em geral), flavonoides (soja), carotenoides (cenoura, manga, amora, tomate e derivados), antocianinas (amora, açaí, repolho roxo, ameixa, jabuticaba, uva e outros alimentos de cor roxa).

*Professora e doutorando do Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA) do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da UENF.

terça-feira, 24 de julho de 2012

II Simpósio Nacional de Jornalismo Científico

Evento discute envolvimento da sociedade nas políticas de Ciência & Tecnologia

Mesa reunindo Faperj, Fapemig e Fapesp, no I Simpósio de JC
O papel da mídia na participação da sociedade em questões de política científica e tecnológica será tema do II Simpósio Nacional de Jornalismo Científico, que se realizará em 28 e 29/11/12, no Centro de Convenções da UENF, em Campos dos Goytacazes (RJ). Promovido pela UENF com apoio financeiro da Faperj, o Simpósio terá mesas-redondas, palestras e apresentações de trabalhos. De acordo com o cronograma preliminar, as inscrições estarão abertas de 27/08 a 28/09/12.

A palestra de abertura, às 14h30 de 28/11, será ministrada pelo físico Ildeu de Castro Moreira, do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência da Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ildeu vai abordar o tema ‘Por que o cientista agora tem que se comunicar?’. O tema foi proposto em função da recente iniciativa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) de criar um espaço nos currículos dos pesquisadores publicados na internet (Plataforma Lattes) para registrar ações de divulgação da ciência.

O Simpósio deverá reunir em Campos (RJ) nomes importantes da área no mundo acadêmico e profissional. Além de Ildeu de Castro Moreira, já confirmaram presença Graça Caldas (Labjor/Unicamp), Cidoval Morais de Sousa (Universidade Estadual da Paraíba), Cilene Victor (diretora de Redação da revista Com Ciência Ambiental), Fabiola Imaculada de Oliveira (jornalista e escritora, agraciada em 2002 com o Prêmio José Reis de Divulgação Científica do CNPq), Glória Kreinz (presidente da Abradic / Associação Brasileira de Divulgação Científica), Lena Vânia Ribeiro Pinheiro (coordenadora do Canal Ciência / Ibict), Renata Dias (editora do Jornal da Ciência da SBPC / Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e Sofia Moutinho (jornalista da Revista Ciência Hoje). Profissionais que atuam na região de Campos também vão participar, como o jornalista Vitor Menezes (presidente da Associação de Imprensa Campista e professor do curso de Jornalismo da Faculdade de Filosofia de Campos/Uniflu).

Outras informações em breve no Portal da UENF: http://www.uenf.br

Gustavo Smiderle

quarta-feira, 18 de julho de 2012

De que é feito o universo? Matéria escura


Adriana Oliveira Bernardes
 adrianaobernardes@uol.com.br

Telescópio Planck: composição da matéria escura
Em artigo anterior, em que abordamos o tema constituição do universo, verificamos que a maior parte da massa do universo não é constituída por matéria visível aos telescópios. Apenas 4% do universo é formado por matéria bariônica, isto é, composta por prótons, nêutrons e elétrons, que constituem a matéria  observável.

Sabemos que os elétrons são léptons, partículas elementares, porém que os prótons e nêutrons são formados por quarks. Estes 4% representam os bilhões de galáxias existentes, planetas e todos os corpos que conhecemos. Os outros 96% não são visíveis para nossos telescópios.

A matéria escura foi descoberta por Fritz Zwicky (1898-1974), que trabalhava no observatório de Monte Palomar. Ele realizava a observação de aglomerados de galáxias e observou que a velocidade destas galáxias era maior do que era esperado e por isso deveria existir uma massa maior provocando este efeito.

Em 1980, a astrônoma Vera Cooper Rubin (1928-), realizou medidas com grande acurácia que mostravam que as estrelas em galáxias espirais orbitavam em torno do centro da galáxia com a mesma velocidade, independentemente de sua distância ao centro da galáxia. Isto só poderia ser explicado se existisse maior quantidade de massa/matéria (não visível), já que os cálculos eram feitos usando a Teoria da Gravitação de Newton com a massa das estrelas visíveis no Universo.

O movimento destas estrelas diferia de tudo que existia no universo e contrariava a 3ª Lei de Kepler, que diz que o período em que o astro rotaciona ao redor de sua estrela é proporcional à distância a que este se encontra da estrela. Ou seja, quanto mais distante de seu Sol, maior o tempo que um corpo demora para dar uma volta completa a seu redor.

Veja bem, nosso sistema solar é composto por oito planetas, de Mercúrio a Netuno, que orbitam o Sol. Ou seja, do primeiro ao último planeta a partir do Sol a velocidade da órbita diminui à medida que estes se afastam do Sol.

As estrelas descobertas orbitavam um ponto central e todas giravam ao redor deste ponto com a mesma velocidade independentemente da distância. Seria como se todos os planetas do nosso sistema solar demorassem o mesmo tempo para dar uma volta completa em torno do Sol. Sabemos que isto não é possível, já que, segundo Kepler, quanto maior a distância, maior o tempo para percorrer a órbita. O que fazia com que as estrelas realizassem aquele movimento? Cogitou-se que fosse algo que não pudesse ser visto, o que deu origem ao termo “matéria escura”.

O LHC, o acelerador de partículas do Cern (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares), tem como um de seus objetivos desvendar a constituição da matéria. Fazem isto, atualmente, colidindo feixes de prótons uns contra os outros. Os experimentos do LHC têm como propósito estudar qual é a natureza da matéria escura, entre outros inúmeros tópicos de pesquisa a altas energias.

Tanto a matéria escura quanto a energia escura, constituintes de 96% do universo, devem ser investigadas pelo efeito que provaram na matéria visível.

Atualmente, em relação à energia escura, esse trabalho vem sendo feito através da captação de radiação oriunda do Big Bang em forma de micro-ondas. Quanto à matéria escura, o telescópio espacial Planck, da ESA (Agência Espacial Européia), realizará pesquisa para compreensão do que ela é formada, fotografando a luz emitida durante o início do universo.

Em breve retornaremos com o tema: energia escura. Até lá!

Links sugeridos:

ESA (Agência Espacial Européia)

Cern (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares)

Sobre Vera Rubin

Sobre o LHC: Em português / Em inglês

Obs.: Os sites da wikipedia em inglês e português têm informações complementares: vale a pena olhar ambos.

Flashes de ciência


A 'mamãe carrapato' doa a vida pela prole


Imagem feita por técnico da UENF vira capa de revista científica internacional

Uma fotografia feita pelo técnico da UENF Maurício Falcão virou capa de uma das mais conceituadas revistas de parasitologia do mundo. Trata-se da australiana International Journal for Parasitology, periódico de grande impacto nesta área, que traz na capa de sua última edição a foto do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus. A fotografia ilustra artigo de um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que aponta o carrapato como responsável por significativas perdas nas atividades ligadas à criação de gado.

O estudo aborda o controle imunológico com vacinas como alternativa para substituir acaricidas químicos e é o primeiro a mostrar que a vacina VTDCE possui atividade antimicrobial. O grupo da UFRGS é liderado pelos professores Aoi Masuda, Itabajara Vaz Jr. e Carlos Termignoni e mantém uma intensa colaboração com a UENF nos estudos com carrapatos. Os pesquisadores da UFRGS e UENF fazem parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, o INCT-Entomologia Molecular.

Prazer em fotografar - Graduado em biologia pela UENF, Maurício possui grande interesse em fotografar plantas e animais, mais especificamente flores e pequenos artrópodes. Seu primeiro trabalho na área científica foi publicado em 2009, quando uma foto de sua autoria foi capa de Brazilian Journal of Plant Physiology, que na época tinha como editor chefe o professor Arnoldo Rocha Façanha, da UENF.

Maurício: 'Fotografia é um grande prazer'
- Ele viu a foto como papel de parede do meu computador e quando soube que era de minha autoria se interessou em publicá-la como capa da revista – conta Maurício.

Com a criação da Unidade de Experimentação Animal da UENF, em 2010, Maurício ganhou o apoio do professor Carlos Logullo, coordenador da Unidade, e começou a desenvolver a macrofotografia como registro de experimentos em laboratório. A parceria rendeu bons frutos, e a partir de então Maurício se profissionalizou e adquiriu equipamentos adequados que lhe permitiram um melhor resultado. Em 2011, concorreu ao I Prêmio Fotografia-Ciência & Arte, promovido pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico),  e teve uma de suas fotos selecionada para compor o Anuário Brasileiro de Fotografia Científica, através de um concurso realizado pelo CNPQ.

Apesar de ter o seu trabalho como fotógrafo reconhecido, Maurício não cria expectativas e afirma que as oportunidades ‘vão acontecendo naturalmente’, já que continua realizando estudos na área. Atualmente, Maurício é aluno especial de pós-graduação da UENF e pretende se candidatar a uma vaga no mestrado em Ciência Animal. . Mas não tem a pretensão de abandonar o seu atual cargo na Secretaria do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB).

- Antes de um compromisso profissional, a fotografia é para mim, um grande prazer – conclui.

Rebeca Picanço

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Por que falar de raça e racismo em Campos?

Luciane Soares da Silva*

Luciane Soares da Silva
Como defendia Max Weber, é da natureza científica dizer verdades que nem sempre agradam aos grupos sociais que as escutam. Temas como escravidão e racismo no Brasil ratificam a afirmação de Weber. O desconforto em tratar do tema em nosso país foi definido por Florestan Fernandes como “preconceito de ter preconceito”. E se em frente às câmeras a maioria das pessoas afirma que só existe “uma raça, a humana”, no cotidiano percebemos a reprodução de desigualdades com base na cor. Esta percepção sobre a cor foi explicada por  Oracy Nogueira (em oposição aos Estados Unidos) como “preconceito de marca”. Ou seja, aqui, o fenótipo é levado em conta mais do que a origem. O que isto nos diz? Que a tese de “escape do mulato” teria vigorado no Brasil. Por estas razões o tema permanece central para pesquisadores de todas as áreas de ciências humanas, mesmo que a biologia tenha provado que não existem “raças” no sentido defendido por cientistas como Nina Rodrigues, influenciado por Lombroso, a quem entusiasticamente dedica o livro ‘As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil’ em 1894. Esta obra, essencial para quem estuda raça no Brasil, advogava que, em função de sua inferioridade racial, os negros não teriam discernimento suficiente para compreensão de questões morais como “bem/mal” e que, portanto, não poderiam responder penalmente da mesma forma que os grupos arianos, racialmente mais evoluídos. Ainda em tempo: Nina Rodrigues era médico, “mulato” nas classificações do Brasil e ogã do terreiro do Gantois na Bahia.

Já se passaram 118 anos do lançamento deste livro e percebemos a permanência da seletividade do Estado no quesito “cor" dos presos e a manutenção de indicadores  sociais desfavoráveis em relação aos não-brancos, principalmente de renda e educação. A teoria de mestiçagem, raiz da fundação da nação brasileira, não forneceu a este grupo condições de gozar de uma igualdade que transcendesse o “meramente formal” perante os demais. Muitos que hoje são pesquisadores leram nos livros de história que colonizadores foram os  portugueses, alemães, italianos. O Brasil prestou belas homenagens ao centenário da Imigração Japonesa. Há sim, em nosso país uma valoração explicita quando aos grupos desejáveis para o progresso da nação.

Já no século XX, uma das saídas implementadas pelo Estado brasileiro seria promulgada na  Constituição de 1934, na qual acrescentava-se ao item de igualdade o seguinte termo: “todos são iguais perante a lei. Não haverá privilégios ou distinções, por motivo de nascimento, sexo, raça, profissões próprias ou dos pais, classe social, riqueza, crenças religiosas ou ideia política” Mas esta mesma Constituição definiu, em seu artigo 138, que é dever da União, dos Estados e das municipalidades a promoção de educação eugênica, que “envolve o controle e em alguns casos a eliminação de certos tipos biológicos a fim de se alcançar um ideal de homogeneidade física ou racial”.  O elogio à mestiçagem no campo cultural e sociológico com Gilberto Freyre, os modernistas, a construção do samba como signo máximo de nosso espírito “cordial” não alteraram as condições materiais de vida dos negros, mulatos, pardos, morenos, mestiços.

Campos dos Goytacazes tem sua história marcada pela presença das usinas e, portanto, da mão de obra escrava. Os descendentes destes escravos permanecem na cidade, em bairros periféricos, em empregos mal remunerados e sem o capital educacional necessário para competição no atual mercado, que exige uma qualificação não fornecida nos bancos escolares.  Pesquisar a atual dinâmica social da cidade com base na cor é essencial para entender as contradições de uma cidade que acredita no boom do petróleo como saída para a estagnação econômica. As entrevistas feitas em nossa pesquisa “Cidades do Petróleo, crescimento urbano e futuro do norte Fluminense” sobre mobilidade e qualificação profissional demonstram que a raça é, sim, uma variável importante para as formas de engajamento dos cidadãos no processo de qualificação. E nas expectativas de inserção no mercado de trabalho. 

Pode ser uma verdade pouco agradável, pode ser que entre os entrevistados o tema da cor e do passado da cidade tenda a ser evitado. Mas o que nos qualifica como pesquisadores é de fato o exercício da dúvida; o que diferencia nosso trabalho é a demonstração de como certas formas de interação reproduzem desigualdade. Seria um grande retrocesso para a Universidade furtar-se a este debate no ano em que uma estudante universitária angolana, Zulmira de Sousa, é morta a tiros em uma tentativa de chacina, na cidade de São Paulo.

* Professora do Laboratório de Estudo da Sociedade Civil e do Estado (LESCE) do Centro de Ciências do Homem (CCH) da UENF.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Atualização em Ciências

Curso busca capacitar professores de ensino médio e fundamental para o uso de laboratórios didáticos

A UENF oferece de 30/07 a 03/08 o“Curso de capacitação de professores no uso do laboratório didático: como ensinar ciências por aulas práticas”. Voltado para professores do ensino fundamental e médio das áreas de ciências e biologia, o curso  está com inscrições abertas até 27/07 através do email uenfcurso@gmail.com. As inscrições são gratuitas.

No total, estão sendo oferecidas 55 vagas: 20 para o horário das 8h às 12h e 35 para o período entre as 14h e as 18h. Para a turma da manhã, as aulas serão realizadas no Laboratório Didático do Colégio Estadual Benta Pereira. Já a turma da tarde assistirá ás aulas no Laboratório Didático do Colégio Estadual Sylvio Bastos Tavares.

O objetivo do curso é promover a troca de experiências entre os professores, com relação a atividades práticas desenvolvidas em laboratório didático, além de proporcionar a sua atualização em temas relacionados ao ensino de ciências e biologia.

O curso será coordenado pelo professor Renato Augusto DaMatta, do Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT) do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB) da UENF. Participam ainda Gustavo Glória Viana (Professor do Sylvio Bastos Tavares), Manuella Viana (bolsista Pibid/UENF) e Raíssa Matos (bolsista de extensão da UENF).
Professor Renato DaMatta

O curso se insere no projeto de extensão ‘Cursos de capacitação, desenvolvimento de protocolos para atividades práticas e uso do laboratório de Biologia para professores de colégios estaduais de Campos dos Goytacazes’, coordenado pelo professor Renato DaMatta. Agrega também outro projeto, ligado ao Ministério da Educação (MEC), intitulado ‘Projeto de formação continuada de professores para o Norte Fluminense: programa articulado’, coordenado pela professora Silvia Alicia Martinez, do Centro de Ciências do Homem (CCH) da UENF e que envolve ainda as professoras Nadir S’Antanna (CBB) e Maria Eugênia Ferreira Totti (CCH).

Este é o quarto curso voltado para a capacitação de professores coordenado pelo professor Renato. Os outros foram: 'Atualização de estudos práticos e teóricos em Biologia Celular' (2009, projeto Faperj 2008), ‘Curso de capacitação de professores para utilização do laboratório no Colégio Benta Pereira: Aulas práticas como ferramenta de ensino de ciências’ (2010, projeto Faperj 2009) e ‘Curso de Educação Continuada: Atualização em Ciências, Ênfase em Biologia Celular e Ensino Inclusivo’ (2011, projeto FAPERJ 2009).

— Montamos laboratórios nestas escolas, mas eles não são usados e uma das razões é a falta de capacitação dos professores. Por isso vimos promovendo estes cursos — diz o professor Renato DaMatta.

Fúlvia D'Alessandri

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Aquaciência 2012 apresenta trabalhos da UENF

Professor Manuel Vazquez (Foto: Abreu Junior)
Sete trabalhos de pesquisa da UENF foram apresentados durante o V Congresso da Sociedade Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática (Aquaciência 2012), realizado de 01 a 05/07, em Palmas (TO). O evento contou com a participação dos professores Manuel Vazquez Vidal Junior e Dálcio Ricardo Andrade, do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA) da UENF.

Especialista em peixes ornamentais, Vazquez  ministrou o curso ‘A piscicultura ornamental como investimento’, ao lado do pesquisador Fabrício Pereira Rezende, da Embrapa Pesca e Aquicultura e mestre em Ciência Animal pela UENF. O professor  também participou da mesa-redonda ‘Cultivo de peixes ornamentais’, na qual apresentou a palestra ‘A pesquisa com peixes ornamentais dulcícolas pode alavancar a cadeira do aquarismo?

A mesa-redonda teve ainda a participação da professora Mônica Yumi Tsuzuki (UFSC), que falou das pesquisas com cultivo de peixes ornamentais marinhos; do pesquisador Felipe Weber Mendonça Santos (Ministério da Pesca e Aquicultura), que falou sobre as ações governamentais no âmbito das cadeias produtivas de peixes ornamentais; e dos empresários Alexandre Talarico e Cássio Ribeiro Ramos, donos da Empresa Azul (que atua no ramo de importação e exportação de peixes ornamentais). Eles abordaram as dificuldades da iniciativa privada.

Aquário da UENF na Exposição Agropecuária de Campos-RJ
Segundo Vazquez, as discussões giraram em torno da necessidade de regulamentação do setor, com leis claras e que distinguam a produção em cativeiro daquela proveniente da pesca extrativista. Atualmente, há leis que proíbem a circulação de determinadas espécies, com o objetivo de inibir o contrabando. No entanto, isto prejudica o cultivo comercial de peixes. Outra questão abordada foi a demora na liberação das licenças para o aquicultor, sobretudo quando ele deseja produzir espécies ameaçadas de extinção.

—  Isto vem prejudicando o setor e a própria conservação das espécies ameaçadas de extinção, já que, havendo animais de cultivo é reduzida a quase zero a pressão sobre os estoques naturais.

Veja entrevista com o professor Manuel Vazquez sobre o assunto.

Piscicultura ornamental: crescimento com novas tecnologias

Melanotaenia maçã
A maior parte dos peixes ornamentais comercializados nas lojas de todo o país provém da aquicultura nacional – apenas 10% deles ainda têm sua origem na pesca extrativista. Um mercado que movimenta cerca de U$ 1 bilhão no Brasil e, se depender de um grupo de pesquisadores da UENF, pode crescer ainda mais com a utilização de novas tecnologias. Nesta entrevista, o professor Manuel Vazquez Vidal Júnior, do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA) da UENF – que acaba de participar do V Congresso da Sociedade Brasileira de Aquicultura e Biologia Aquática (Aquaciência 2012), em Palmas (TO) – fala sobre o papel da pesquisa no crescimento da piscicultura ornamental.

Ciência UENF - De que forma a pesquisa pode alavancar a cadeia do aquarismo?

Manuel Vazquez - O aquarismo é mundialmente reconhecido pelo seu potencial educativo,  pela absorção rápida de tecnologias e equipamentos que aumentem a qualidade e estabilidade da água, mas também pela avidez por novas espécies e novos morfotipos de espécies tradicionais (variações de forma e cor, como o que vemos no guppy, betta, acará disco e kinguio, este ultimo mais conhecido como japonês no Rio de Janeiro). Neste primeiro aspecto, da avidez, a pesquisa científica, ao elucidar as biotécnicas da reprodução e da larvicultura de diversas espécies de peixes ornamentais, permite que espécies novas cheguem ao mercado, inclusive espécies em extinção. Também ao aumentar a eficiência da larvicultura, através dos estudos de ontogenia e nutrição, resulta em maior porcentagem de sobrevivência de cada prole, permitindo a seleção de exemplares  que, apesar de menos resistentes, expressam a informação genética que o mercado deseja.

Ciência UENF – Por que os peixes que passam pelo processo de melhoramento são menos resistentes e como a pesquisa científica pode ajudar?

Manuel Vazquez - Os peixes modificados pelo processo de melhoramento, via de regra, possuem formato que os torna menos eficientes na natação e, consequentemente, na captura do alimento, além de cores que facilitam sua localização pelos predadores. Portanto, só com  alterações na forma de cultivo, principalmente das fases iniciais de vida, pode-se garantir a sobrevivência destes animais de interesse ornamental. Ainda no campo das pesquisas que apoiam o aquarismo, as investigações no campo da nutrição, notadamente em digestibilidade e nutracêutica, resultam na fabricação de rações que poluem menos o ambiente (e o aquário), além da incorporação de substâncias naturais  (como betaglucanos, alicina, garlicina, propulina etc) que estimulam o sistema imune dos peixes, aumentando sua resistência a doenças.

Ciência UENF - Os criadores são receptivos às novas tecnologias?

Manuel Vazquez - Sim. Os criadores na sua maioria percebem as necessidades e anseios dos consumidores finais (aquaristas) e investem na tentativa de atender tais necessidades. É sempre bom lembrar que este é um mercado que movimenta mais de um bilhão de dólares apenas no Brasil. Isso apesar de o aquarismo ainda não ser uma atividade forte em nosso país, se comparado à Europa Ocidental, Japão, EUA e Oriente Médio.

Betta
Ciência UENF - Qual o panorama da produção de peixes ornamentais no Brasil?

Manuel Vazquez - Os peixes ornamentais são produzidos no Brasil por criadores rurais e urbanos. Atualmente estima-se que atuem neste ramo 4 mil criadores, sendo que, destes, 450 estão na região de Muriaé (MG) e 200 nas cidades circunvizinhas a Magé (RJ). Ambas as regiões são assistidas pela UENF e lá são realizados diversos experimentos. No Brasil temos  uma parte da produção de peixes ornamentais sendo originada da pesca extrativista no Centro Oeste e, principalmente, na Região Norte. Entretanto, mais de 90% dos exemplares comercializados nas lojas do Brasil são fruto da aquicultura (cultivo) nacional.

Ciência UENF – Quais são os principais entraves ao crescimento do setor no Brasil?

Manuel Vazquez - O mercado tem se mostrado dinâmico e com bom índice de crescimento. Comumente os técnicos que atuam neste segmento apontam a demora em incorporar novas espécies e variedades ao rol das cultivadas no Brasil como um gargalo que inibe a expansão do setor por não atender ao anseio do consumidor. Entretanto, o que verificamos é que, em menos de dois anos após uma variedade ser lançada em qualquer parte do mundo, ela já está sendo cultivada com baixo custo no Brasil. Concordo que o gargalo está na ponta da cadeia produtiva, mas na minha opinião é a baixa qualificação dos lojistas e balconistas. Estes, ao passarem informações imprecisas aos aquaristas iniciantes, levam a uma elevada taxa de insucesso e desistência do hobby.

Ciência UENF - Quais estudos a UENF vem realizando  e em que medida eles têm sido aplicados na área?

Manuel Vazquez - A UENF vem estudando a embriologia e a larvicultura de diversas espécies de peixes ornamentais, como as botias, labeos e os acarás disco e bandeira. Além disso, tem realizado ensaios de digestibilidade e proposto a utilização de imunoestimulantes nas rações. Estes resultados têm sido divulgados (como agora no Aquaciência) e parte deles já foi incorporada ao setor produtivo.


Ciência UENF - Você disse que uma parte dos peixes ornamentais comercializados ainda provém da pesca extrativista. Não existe nenhuma limitação, na legislação brasileira, em relação a esta atividade?

Manuel Vazquez - A Legislação atual limita as espécies que podem ser pescadas e impõe restrições quanto ao método de pesca, o número de pescadores e a quantidade de exemplares. Entretanto, o maior problema é que esta atividade é socialmente injusta. Os pescadores costumam receber menos de um centavo por um cardinal (ou neon verdadeiro). Este mesmo peixe é comercializado em Campos por quatro reais e no exterior por 5 dólares. Assim um pescador precisa imprimir elevado esforço de pesca para poder obter uma remuneração próxima de um salário mínimo e muitas vezes acaba transgredindo a lei para garantir seu sustento. Um trabalhador que atua na produção de peixes ornamentais ganha no mínimo um salário mínimo e participação nas vendas. Geralmente no polo de Muriaé isso significa de R$  900 a R$ 1.100 líquidos e, nos polos onde se trabalha com espécies de maior valor agregado, salários acima de R$ 1.400. Estes valores são para os funcionários menos especializados. Esta realidade, somada à degradação ambiental que a pesca pode causar, deixa os pesquisadores um pouco preocupados, mas nada se compara ao avanço das usinas hidroelétricas sobre as águas da Bacia Amazônica. Neste último caso, espécies recém descobertas já correm sério risco de extinção, como o acari zebra.

Fúlvia D'Alessandri

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Livro aborda fabricação de rações

A ração é o alimento completo para os animais, pois aporta energia e todos os nutrientes em quantidades adequadas e proporções ótimas. Isso só é possível graças ao trabalho de pesquisadores e  profissionais que atuam na área de Zootecnia. Um pouco deste conhecimento está no livro ‘Fabricação de rações e suplementos para animais’, do professor Humberto Pena Couto, do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA) da UENF.

O livro, agora em sua 2ª edição, se propõe a auxiliar fabricantes de rações, alunos e profissionais formados em Zootecnia, trazendo informações básicas e informações objetivas para a tomada de decisões técnicas e gerenciais no que se refere à adoção de novas tecnologias na indústria de produção de rações. Pretende ainda ajudar na elaboração de normas de controle de qualidade visando à produtividade e segurança alimentar.

— Tudo isso dentro de uma visão ampla das interações que compõem o dinâmico e complexo campo da produção de rações — ressalta o professor.

A nova edição traz mais um capítulo, intitulado “Fabricação de rações de qualidade e segurança alimentar”. Segundo Humberto, o tema é de grande importância, uma vez que o controle de qualidade dos produtos de origem vegetal e animal utilizados na alimentação animal é atualmente um grande desafio para todos os profissionais que atuam nos diferentes segmentos na produção animal.

— O cumprimento das boas práticas de fabricação de rações e suplementos é um conjunto de normas e procedimentos que assegura ao fabricante o atendimento às especificações acordadas e o cumprimento da Legislação, garantindo ainda a segurança dos produtos para a saúde do animal, do homem, do trabalhador e do meio ambiente — diz.

 Segundo o professor, a 2ª edição traz o resultado de novas pesquisas na área de avaliação do valor nutricional de alimentos utilizados pela indústria na alimentação animal, como o milho e produtos de soja.

— Também estudamos como a qualidade de tais alimentos pode influenciar o desempenho zootécnico de aves e suínos, comprometendo negativamente o custo de produção, bem como avaliações de fatores como: presença de micotoxinas, grupo de compostos altamente tóxicos, que são produzidos por determinados fungos que infectam produtos e sub-produtos agrícolas tais como milho, amendoim, trigo, cevada, centeio, etc nestes alimentos e sua qualidade microbiológica —  afirma.

O livro pode ser obtido no site da editora Aprenda Fácil / Grupo CPT (www.afe.com.br) ou pelo telefone (31) 3899-7000 com o código: 1366 e o ISBN: 978-85-7601-263-4.

Letícia Barroso
Fúlvia D'Alessandri 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Novo pasto aumenta produção bovina

Professor Maldonado mostra a plantação do capim Mulato II
Após três anos de pesquisas, cientistas da UENF conseguiram verificar a adaptação de uma variedade de pasto capaz de aumentar significativamente a produção bovina de carne e leite. É o Mulato II, resultado de pesquisas desenvolvidas em parceria com o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT).

O capim Mulato II foi apresentado na última quinta-feira, 28/06, pelo professor Hernán Maldonado Vasquez, do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA) da UENF, coordenador da pesquisa na UENF.

— O capim mulato II é o segundo híbrido do gênero Brachiaria. Trata-se de um pasto melhorado geneticamente, que possui maior qualidade nutritiva, aumentando significativamente a produção de carne e leite. Além disso, o Mulato II possui uma grande capacidade de produção de forragem rica em proteína e com alta digestibilidade — disse Maldonado.

As pesquisas tiveram o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Segundo Maldonado, a grande vantagem dessa variedade de clima tropical é a sua boa adaptação à região Norte Fluminense e a solos ácidos, de média a baixa fertilidade.

— Seu enraizamento profundo lhe dá maior resistência para que enfrente longos períodos de seca. O Mulato II também é resistente a pragas e doenças, sendo recomendado principalmente para regiões onde há risco de ataque da cigarrinha-das-pastagens, um complexo de espécies de insetos sugadores, bem conhecidos dos pecuaristas, que se alimentam apenas de gramíneas.

Atuante na área de pastagem e forragicultura, o professor Maldonado está há mais de três anos desenvolvendo esta pesquisa e garante que o Mulato II é uma das alternativas para os produtores da região.

— Os pecuaristas precisam acompanhar a tecnologia para obter uma melhor produção por animal e por área. Convidamos os interessados a conhecer essa variedade no campo experimental da UENF (LZNA-CCTA) — afirma Maldonado.

Rebeca Picanço
Fúlvia D'Alessandri