Bárbara Zaganelli e seu orientador, o professor Marcelo Gantos |
Os telejornais do interior do Estado do Rio de Janeiro dedicam menos de 1% de sua programação às notícias de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). A constatação é da jornalista e professora Bárbara Zaganelli, em sua pesquisa intitulada “A CT&I nos Telejornais Regionais”, realizada durante o mestrado em Políticas Sociais pela UENF.
— Identificamos por meio de pesquisas qualitativas e quantitativas que os noticiários do meio-dia dos principais canais de TV regionais não ajudam a população a saber o que de fato acontece dentro das universidades e instituições de pesquisa e, muito menos, a promover uma compreensão pública dos estudos científicos desenvolvidos na esfera pública. Algo que deveria ocorrer, já que quem financia a pesquisa é a população e as emissoras são concessões públicas — diz Zaganelli.
A dissertação, defendida em abril deste ano, teve a orientação do professor Marcelo Gantos, do Laboratório de Estudo do Espaço Antrópico (LEEA) do Centro de Ciências do Homem (CCH). Segundo Gantos, a pesquisa aponta os principais entraves e desafios à divulgação científica no telejornalismo local e propõe ações para melhorar a compreensão pública da ciência e a formação de uma cultura científica na região.
Bárbara Zaganelli, que atuou por mais de dez anos como jornalista de televisão, explicou que a ideia da pesquisa surgiu de uma inquietação enquanto jornalista e pesquisadora.
— Na época que trabalhava como repórter de televisão, observava que muito pouco do que noticiava era sobre pesquisas científicas, apesar de haver pautas interessantes nas universidades. Depois que comecei a fazer alguns cursos e pesquisas na UENF, verifiquei que de fato não havia divulgação. Dessa alma de jornalista e pesquisadora surgiu o desejo de saber o motivo dessa escassez de noticias sobre a CT&I nos jornais e o que poderia ser feito para tentar resolver o problema — contou.
Para a jornalista, um dos grandes desafios da divulgação científica na TV regional é a falta de profissionais qualificados. Segundo ela, as matérias sobre CT&I muitas vezes saem com erros gramaticais e conceituais graves. Dentre os diversos fatores que contribuem para isto, ela cita a falta de recursos materiais e humanos — tanto por parte das TVs quanto das assessorias das instituições de pesquisa —, o fato de a ciência não ser uma prioridade na visão dos gestores de jornalismo, além de esse tipo de matéria requerer mais tempo de produção e captação se comparada, por exemplo, às matérias factuais.
— Com isso, quem recorre aos telejornais regionais como única fonte para obter informações sobre CT&I fica pobremente informado sobre o assunto. Esta questão precisa ser repensada, principalmente, em relação às rotinas de trabalho de jornalistas e pesquisadores — alerta.
Letícia Barroso
Fúlvia D'Alessandri
Legal!!!! A primeira monografia sobre jornalismo ambiental da Fafic foi feita por mim!!!! Fico feliz em ver mais pesquisas na área!!!!
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