Não é de hoje que a irradiação de alimentos deixa as pessoas apreensivas. Os alimentos que passam por este processo podem interferir na saúde dos consumidores? Como ele funciona? O professor Fábio da Costa Henry, do Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA) da UENF, que orienta uma pesquisa sobre o assunto, nos explica a técnica utilizada e acaba com os boatos que circulam por aí:
— O objetivo dessa tecnologia nada mais é do que preservar os alimentos para que durem mais. Com uma dose controlada de radiação, as bactérias presentes nos alimentos sofrem uma mutação em seu DNA e morrem. Com isso, aumenta o tempo de prateleira dos alimentos.
Foi o professor Fábio quem deu início às pesquisas com irradiação de alimentos na UENF, com a colaboração da professora Daniela Barros de Oliveira, que também atua no LTA. O foco de suas pesquisas é a irradiação em carnes e derivados. Segundo Fábio, as carnes contêm uma grande quantidade de água e gordura, o que contribui para a formação do ‘ranço oxidativo’, que além de causar a perda de qualidade do alimento pode comprometer a saúde do consumidor. Mas os professores estudam o uso de antioxidantes naturais, que minimizam o efeito negativo da irradiação em carnes e derivados.
O professor garante que o processo de irradiação não causa a perda de nutrientes. Ele observa que o processo é feito à temperatura ambiente, não alterando, assim, o valor nutricional do alimento.
— A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) criou uma legislação segundo a qual todos os alimentos que recebem a irradiação, antes de chegarem às prateleiras dos mercados, devem passar por uma análise microbiológica e, depois, uma análise sensorial, na qual são avaliadas as suas condições. Assim, não corremos o risco de comprar alimentos com alterações como gosto amargo ou até a perda de nutrientes — explica Fábio, lembrando que todo alimento irradiado ou que contenha ingredientes que passaram por esse processo deve ter uma identificação no rótulo.
Símbolo de produtos irradiados |
Segundo Fábio, no Estado do Rio de Janeiro só há dois lugares que possuem o equipamento necessário para realizar o processo de irradiação. Um fica no Centro Tecnológico do Exército (Ctex) e o outro na Coppe/UFRJ. As pesquisas também contam com a participação do aluno de doutorado Felipe Roberto Ferreira Amaral do Valle, do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal. O professor Fábio Henry também está envolvido em um Projeto de Extensão no qual serão ministrados cursos para açougueiros e manipuladores, ensinando-os a manipular e conservar melhor as carnes, respeitando as condições de higiene. Com isso, ele procura reduzir o risco de intoxicação alimentar, que muitas vezes é causada pela má conservação e manipulação dos alimentos.
Rafaella Dutra
Rafaella Dutra
Isso aí prof. Fábio. Veterinária na cabeça!!!
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